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Um fundo multimercado chamou a atenção de investidores nesta sexta-feira (29) após forte queda nas cotas, considerada extrema mesmo para um produto já conhecido por sua alta volatilidade. O Versa Long Biased, principal fundo da gestora Versa, desabou 30% em um dia, atingindo desvalorização que já alcança 55% no ano.
O movimento vem na esteira da reação negativa do mercado ao pacote fiscal detalhado pelo governo na quinta-feira (28) que estressou o câmbio, os juros e a Bolsa. No caso desse fundo, no entanto, também contribuiu um fato ligado à maior posição de sua carteira: a EcoRodovias (ECOR3).
A ECOR3 despencou cerca de 20% na sessão de ontem, após a empresa vencer o leilão da concessão da Nova Raposo com um lance de R$ 2,19 bilhões, considerado agressivo pelos investidores, que passaram a temer um aumento da alavancagem em um ambiente provavelmente marcado por juros mais altos.
O fundo detinha, segundo informações referentes ao mês de junho disponíveis no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), 2.424.885 ações ECOR3, o equivalente a mais de 30% do patrimônio líquido do fundo. Os dados referentes às posições do Versa no mês de agosto serão liberadas apenas na segunda-feira (2). A reportagem tentou contato com a gestora para entender a composição atual do portfólio do fundo, mas não recebeu resposta até a publicação.
Segundo informações fornecidas pela Economatica, fundos que informavam deter o papel da ECOR3 na carteira até 31 de outubro fecharam com queda máxima de “apenas” 5,86% na sessão de quinta, caso do BNP Araucária FC FI.
Parte da diferença pode ser explicada por demais posições do fundo da Versa que também sofreram. Em julho, o fundo informou que detinha ações da Soma (atual AZZA3), da Guararapes (GUAR3), e da Vulcabrás (VULC3), ações que caíram até 18% nesta semana em meio ao movimento de aversão ao risco na Bolsa brasileira.
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O vaivém marca mais um fim de ano difícil para o multimercado da Versa, que é voltado para investidores arrojados. O produto encerrou 2023 com perdas de 5,8%, ante 13% do CDI, e desvalorizou 41% no ano anterior, contra 12,4% do índice de referência da classe. Em 2021, o desempenho também foi negativo: 37,2% de queda, contra 4,4% positivos do CDI.
O último ano fechado com ganhos pelo fundo foi 2020, quando o produto entregou 83,8% de retornos ao cotista, bem acima dos 2,8% do benchmark e um dos melhores resultados daquele ano. Naquela ocasião, o fundo surfou apostas em bolsa brasileira, compradas em real e vendidas em dólar – o chamado “kit Brasil” -, que hoje são sinônimo de perdas para os multimercados.