Foragidos há mais de um ano, fundadores da Braiscompany são presos na Argentina

Casal é acusado de dar golpe de R$ 1 bilhão com pirâmide de criptomoedas

Lucas Gabriel Marins

Reprodução/Braiscompany

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A Polícia Federal e a Interpol prenderam na quinta-feira (29), na Argentina, o casal Antonio Inacio da Silva Neto e Fabricia Farias Campos, acusados de aplicar golpe de R$ 1 bilhão por meio da pirâmide financeira de criptomoedas Braiscompany. A informação foi publicada pelo jornal Clarín.

Foragidos há mais de um ano, eles foram encontrados em um condomínio chamado Haras Santa María, na cidade de Escobar, com seus dois filhos pequenos. Antes de firmar residência no local, os criminosos moraram um tempo em cidades como La Plata, San Fernando e Buenos Aires.

Segundo o veículo argentino, as autoridades conseguiram encontrar o casal por causa de compras em mercados e idas à academia. Neto chegou a usar uma identidade falsa para tentar despistar os policiais. Um drone também foi utilizado para acompanhar a movimentação.

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Os foragidos, de acordo com informações repassadas por fontes ao jornal, planejavam fugir para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com o dinheiro de cerca de 20 mil vítimas do esquema fraudulento.

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (1º), o delegado Guilherme Torres, da Polícia Federal na Paraíba, disse que a Justiça vai pedir nos próximos dias a extradição do casal. A transferência para o Brasil deve durar cerca de três meses, segundo ele.

“A extradição deve ser pedida pela 4ª Vara Federal em Campina Grande (PB). Depois disso, o pedido passa pelo DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública (DRCI/Senajus), que é a autoridade central brasileira para a cooperação jurídica internacional”.

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Em nota, os advogados do casal disseram que até o presente momento não tiveram acesso aos detalhes relativos à prisão. “Enfatizamos nossa confiança no sistema judicial e acreditamos que, no curso do processo, todos os aspectos relacionados ao caso serão esclarecidos, com serenidade”.

Para o advogado Artêmio Picanço, especialista em blockchain e combate a golpes financeiros, a prisão do casal trouxe sensação de alívio e de justiça para as vítimas. “Reacendeu a esperança no ressarcimento do dinheiro”, disse o profissional, que colaborou com as autoridades ao entregar, no final de fevereiro, um dossiê sobre a localização dos criminosos.

Entenda o caso

Neto e Fabricia fundaram a Braiscompany em Campina Grande (PB), no ano de 2018. Eles captavam dinheiro das pessoas, sem autorização dos órgãos reguladores, com a promessa de pagar juros de 10% ao mês em cima do valor, algo atípico no mercado de renda variável. No final de 2022, o esquema deixou de pagar os investidores.

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Uma das vítimas do esquema foi o campeão mundial de box Acelino Popó Freitas. Em 2023, ele disse em entrevista para o programa Fantástico que perdeu cerca de R$ 1,2 milhão. Nesta manhã, o lutador comemorou nas redes sociais a prisão do casal. “Melhor presente de 2024”, escreveu.

Em 2023, a Braiscompany foi alvo de quatro operações da Polícia Federal. No mês passado, a Justiça Federal condenou Neto e Fabricia a cerca de 150 anos de prisão pela prática de crimes contra o sistema financeiro nacional e contra a economia popular.

A Braiscompany não foi o primeiro golpe praticado pelos dois. Neto e Fabricia eram líderes da D9 Club de Empreendedores, um conhecido esquema fraudulento que usava criptoativos como fachada para lesar vítimas. O cabeça da D9, conhecido como Danilo Dubaiano, fugiu para Dubai, virou cantor e vive uma vida de luxo.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney