FIP-IE da gestora Vinci conclui alocação dos R$ 420 milhões captados na Bolsa

Contratos de longo prazo trazem previsibilidade e blindam o fundo VIGT11 de efeitos macroeconômicos de curto-prazo

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Seis meses após follow-on que levantou R$ 420 milhões na Bolsa, o Vinci Energia finalizou a alocação dos recursos, diversificando o portfólio em sua carteira. O último dos ativos incluídos no fundo de infraestrutura da gestora (Vinci Energia FIP-IE) é a Linha de Transmissão Vineyards, no estado do Rio Grande do Sul.

De forma a assegurar a maior previsibilidade de rendimentos ao seu cotista, o fundo tem como política o investimento em ativos de geração e transmissão que 1) estejam 100% operacionais ou 2) estejam em estágio muito avançado de construção.

No primeiro cenário, porque os ativos já estão em operação e contam com contratos de longo-prazo, eles conferem uma elevada previsibilidade do seu fluxo de caixa futuro. No segundo cenário, porque os ativos ainda estão em fase de conclusão de construção, a principal incerteza se dá por conta da data de entrada em operação.

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Dessa forma, para assegurar uma geração de caixa mais estável, os gestores do fundo estruturam a aquisição destes ativos de forma que haja garantias extras que mitiguem os riscos. Na aquisição de Vineyards, por exemplo, foi emitida uma debênture conversível em ações, que permite ao fundo um fluxo de caixa anterior à entrada em operação, por meio de juros trimestrais, e a conversão em ações somente quando da entrada em operação integral.

Vineyards, hoje em operação parcial que a confere o recebimento de aproximadamente 70% de sua Receita Anual Permitida, tem conclusão esperada para o fim de 2021, quando as debentures deverão se converter em 80% do capital social da companhia.

Ainda neste semestre, foi concluída a aquisição das usinas eólicas potiguares Mangue Seco I, III e IV. O complexo, que representou um investimento de R$ 269 milhões, são os primeiros ativos de geração do fundo e, segundo os gestores, trazem retornos superiores às transmissoras atualmente em carteira.

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As geradoras eólicas, em operação desde 2011, têm amplo histórico de geração e contratos do Leilão de Energia de Reserva (LER), indexados à inflação, sem exposição aos preços de energia de curto-prazo (PLD) e com prazo até 2032, reforçando a qualidade do portfólio do Vinci Energia com alto grau de previsibilidade de geração de caixa. O fundo conta ainda com ativos de transmissão com contratos de 30 anos e indexados ao IPCA. São duas linhas de Transmissão no Nordeste – Arcoverde e Leste – e uma no Sul, a TPAE.

Informação aos investidores

Negociado na B3 desde novembro de 2019, quando fez seu IPO, sob o código VIGT11, o fundo vem acompanhando em bloco a queda dos FIP-IEs registradas neste ano, o que chama a atenção dos gestores, uma vez que não existe qualquer alteração no fundamento do produto que justifique essa oscilação.

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Assim, a queda no valor da cota pode estar fundamentada pela falta de um total entendimento sobre a dinâmica do produto e seus ativos, incluindo o processo de pagamento de Yield e respectivos retornos, ou mesmo do setor no qual o fundo se insere. O valor menor neste momento pode, inclusive, gerar boas oportunidades de compra, refletindo um yield atrativo para o nível de risco desse tipo de investimento.

Um assunto que vem sendo muito discutido nos jornais e que pode trazer insegurança ao investidor é a crise hídrica e o risco de um racionamento de energia. E de fato, este é um fenômeno que pode corroer a receita de muitos ativos do setor elétrico que eventualmente compõem a carteira de fundos e de empresas listadas. No entanto, este não é um risco ao qual o FIP da Vinci tenha exposição.

A receita de linhas de transmissão, subsetor que representa parcela relevante do Fundo, depende somente da disponibilidade das linhas para que seja integralmente recebida. Em 2020, por exemplo, a disponibilidade das linhas na carteira do fundo foi superior a 99%.

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Já no setor de geração, os principais efeitos da crise hídrica são 1) na geração de hidrelétricas e 2) no preço de energia de curto-prazo. Mangue Seco I, III e IV, recentemente incorporados ao portfólio do FIP, são geradoras com seus contratos oriundos do Leilão de Energia de Reserva (LER). Por serem geradoras eólicas, sua geração em nada é afetada pela crise hídrica. Além disso, por ter um contrato de venda de energia com prazo até 2032, o preço de venda da sua energia é pré-estabelecido (hoje em R$ 264,70 por MWh) e, qualquer diferença de geração por maior ou menor do montante vendido, é ajustado a preços pré-estabelecidos em contrato. O que isso significa na prática é que esses ativos não têm exposição aos preços de energia de curto-prazo, hoje em patamares elevadíssimos, característica muito rara no setor.

As cotas do fundo, hoje negociando em bolsa no patamar de R$ 80,00, apresenta um desconto de aproximadamente 16% em relação ao seu valor de cota patrimonial. Além disso, a indicação de distribuição de rendimentos do patamar de R$ 8-9 por cota no ano de 2021 representam um yield de 10-11% para o investidor que comprar neste valor de cota, valor muito superior a outros investimentos com estratégia de distribuição de rendimentos.

Regularidade

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Os Fundos de Infraestrutura não têm obrigatoriedade de pagar dividendos, podendo retornar o capital dos investidores apenas no vencimento do fundo. A decisão da Vinci desde o IPO, no entanto, foi efetuar pagamentos trimestrais aos cotistas, que tendem a crescer com o tempo. O fato de ter ativos com contratos de longo prazo na carteira e com previsibilidade da receita, permite o pagamento de rendimentos regulares aos cotistas.

Em 2020, foram distribuídos R$ 7,50 por cota, através de três amortizações no valor de R$ 2,50. Para o ano de 2021, a projeção é para a distribuição de entre R$ 8,00 e R$ 9,00 por cota, corroborada pelas duas amortizações feitas ao final de março e junho no valor de R$ 2,00. A estratégia de distribuição do fundo visa “oferecer periodicidade e linearidade nos valores amortizados ao investidor”, conforme explicaram os gestores da Vinci que destacam a necessidade de que o investidor saiba diferenciar retorno esperado de um ativo do rendimento do fundo.

No IPO, o FIP definiu para a compra de seus ativos o retorno mínimo da NTN-B de 10 anos mais 350 pontos, o que hoje se traduz em aproximadamente IPCA mais 7%. Como os ativos têm dívidas a servir, seu fluxo de dividendos é inferior a esse retorno de IPCA+7% no início de suas vidas e, conforme eles repagam essas dívidas, o fluxo passa a exceder o mesmo. O retorno do ativo nada mais é que a média temporal desse fluxo de dividendos ao longo da vida útil do ativo.

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FIPs x FIIs

Outro problema que tem dificultado a comunicação dos FIPs no geral é a comparação com os Fundos Imobiliários (FIIs), cujo pagamento é mensal e tem obrigatoriedade de transferir 95% do  resultado de seus ativos. Nos fundos de participação, entretanto, o pagamento é referente a apuração de resultado do exercício social anterior ou outro período determinado pelo Gestor, contando assim com a discricionaridade de cada gestor sobre este fluxo.

De uma forma geral, o pagamento das distribuições pelos veículos de investimento é refletido no decréscimo proporcional no valor da cota no dia subsequente ao seu anúncio na B3. O pagamento dos FIIs, mensal e na maioria das vezes centavos por cota, possui um impacto pequeno. Como exemplo, considerando uma cota de R$100,00 e um pagamento de R$ 0,40/ cota, a cotação de abertura na B3 no dia seguinte é de R$ 99,60. Este movimento, muitas vezes, é “camuflado” e imperceptível pelo alto volume de negociações dos papeis imobiliários na bolsa.

No entanto, para um FIP-IE com pagamento trimestral e valor maior distribuído, o impacto no dia subsequente costuma ser maior. Este efeito muitas vezes não é entendido pelo investidor como uma distribuição realizada, mas sim como puramente uma queda da cota do ativo. Por vezes, essa incompreensão acarreta um efeito manada, onde investidores desavisados decidem por vender suas cotas por uma tendência virtual de queda.

Uma outra grande diferença entre os FIPs e os FIIs é a tributação. O FIP-IE é isento de tributação para pessoas físicas nos rendimentos distribuídos e, também, no ganho de capital. Já para um FII, embora também haja isenção no rendimento para pessoa, há tributação de 20% sobre ganhos de capital na venda da cota.

Liquidez

Depois do follow-on do final do ano passado, o FIP IE da Vinci passou a ter maior liquidez na bolsa, tendo um volume médio de negociações entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão por dia. Neste ano, o VIGT11 chegou em alguns momentos a ser o fundo de maior liquidez relativa na bolsa – volume financeiro dividido pelo valor de mercado (Market cap). Além disso, é hoje o fundo com a maior base de cotistas, perto de 9.700.

O FIP IE da Vinci tem um capital autorizado de R$ 3 bilhões e, segundo informaram os gestores, está atento a oportunidades que surjam para incrementar a carteira. A proposta é que seja feito algo casado, ou seja, uma nova captação de recursos na bolsa já com ativos mapeados para adquirir. No IPO e no primeiro follow on do VIGT11 já foram captados R$ 824 milhões.

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