FIIs têm até 99% da carteira exposta ao IPCA; veja opções para se proteger da inflação

Fundos que investem em títulos indexados ao índice de inflação são opções para quem busca proteção contra a elevação dos preços

Wellington Carvalho

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A inflação oficial do Brasil, medida pelo índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou variação positiva de 0,26% em setembro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora o resultado tenha ficado abaixo do esperado (0,34%), quem busca proteção contra a elevação dos preços pode encontrar nos fundos imobiliários.

Os FIIs de recebíveis – ou de ‘papel”, como também são conhecidos – investem em títulos de renda fixa atrelados a índices de inflação ou à taxa do CDI e são opções para proteger a carteira das variações dos indicadores.

Levantamento do InfoMoney listou os FIIs de “papel” mais expostos ao indicador do IBGE atualmente, ou seja, os fundos que contam com a maior concentração de títulos indexados ao IPCA.

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Considerando apenas os 109 fundos que compõem o Ifix (índice que reúne os fundos imobiliários mais negociados na Bolsa), o Valora IP (VGIP11) está no topo da lista. De acordo com dados da própria carteira, 99,2% dos títulos do portfólio são indexados ao índice. Confira abaixo lista completa:

Ticker Fundo Participação de CRIs no patrimônio (%) Participação de títulos indexados ao IPCA na carteira de CRIs (%) Remuneração média dos CRIs do fundo (em IPCA + taxa)
VGIP11 Valora IP 100 99,2 8,08% ao ano
ARRI11 Átrio Reit Recebíveis 94,48 93,8 10,85% ao ano
KNIP11 Kinea IP 102,3 93,7 7,8% ao ano
MCCI11 Mauá Capital 84 91 7,4% ao ano
VCJR11 Vectis Juros Real 101,2 90,2 9,7% ao ano
HCTR11 Hectare 82 90 10,7% ao ano
KCRE11 Kinea Creditas 107,3 87,2 8,3% ao ano
CVBI11 VBI CRI 77 85,8 8,5% ao ano
URPR11 Urca Prime Renda Títulos e Val. Mob. 84,1 12,9% ao ano
VRTA11 Fator Veritá 89 83,3 7,9% ao ano

Fonte: relatórios gerenciais dos fundos. Obs: CRIs = certificados de recebíveis imobiliários.

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O que esperar do IPCA daqui para frente?

O resultado do IPCA em setembro corrobora com a tese de que a inflação do País continua em uma trajetória de queda, avalia Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

“Os últimos dados vêm mostrando que a inflação brasileira segue mais controlada comparada aos últimos meses”, pontua. “Além disso, o boletim Focus continua mostrando estabilidade das expectativas de inflação, principalmente, para períodos mais longos”, completa o Sung, destacando o relatório mensal do Banco Central.

De acordo com o documento divulgado nesta segunda-feira (9), a estimativa para o IPCA em 2024 passou de 3,83% para 3,86%; para 2025, a projeção se manteve em 3,50%.

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Na avaliação de Sung, os impactos da guerra entre Israel e o grupo Hamas sobre a economia brasileira vai depender da evolução do conflito e da sua extensão.

“Caso haja um escalonamento e uma regionalização da guerra, os preços do petróleo poderão ficar em um patamar mais elevado por um período maior, podendo impactar os preços dos combustíveis no Brasil e, consequentemente, a inflação”, prevê.

Ele lembra que, até o final do ano, teremos mais duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central. A expectativa do economista é de cortes de 0,50 ponto, levando a Selic de 12,75% para 11,75% ao ano no final de 2023.

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Como funcionam os FIIs de “papel”?

Entre os títulos de renda fixa que podem compor o portfólio de um fundo de “papel” está o certificado de recebíveis imobiliários (CRI), instrumento usado por empresas do setor para captar recursos no mercado.

Na prática, essas companhias “empacotam” receitas futuras que têm para receber – como aluguéis ou parcelas pela venda de apartamentos, por exemplo – em um título (o CRI), que é vendido aos investidores, como os fundos imobiliários.

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Em geral, o CRI embute um rendimento prefixado (a taxa média da tabela acima) e a correção por um indicador, que normalmente é a taxa do CDI ou o IPCA.

Desta forma, quanto mais elevado estiver o indicador, maior será a receita do fundo atrelada ao indexador e, consequentemente, mais dividendos a carteira poderá distribuir entre os cotistas.

Seguindo a mesma dinâmica, em caso de redução do índice que corrige os CRIs do portfólio, a tendência é de queda na receita das carteiras.

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O movimento foi observado, por exemplo, em 2022, quando o IPCA apurou deflação entre julho e setembro. Naquele período, fundos expostos ao indicador perderam atratividade e reduziram em até 88% o volume de dividendos.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.