Fim dos escritórios? Valor justo das lajes corporativas dos FIIs é elevado em até 15%

A variação reforça ainda a tese dos analistas que apontam um descolamento entre os preços reais dos imóveis e o valor da cota negociada na Bolsa

Wellington Carvalho

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O comportamento das cotas dos FIIs de escritório na Bolsa ainda reflete uma desconfiança no setor – um dos mais prejudicados pelas restrições impostas pela pandemia da Covid-19. A valorização dos imóveis desses fundos, porém, afasta ainda mais o discurso de quem acredita que o home office decretou o fim do trabalho presencial. Dois fundos imobiliários reforçaram a tese nos últimos dias.

A reavaliação anual do portfólio do FII The One (ONEF11) apontou elevação de 15,10% no valor justo do imóvel do fundo, sinaliza fato relevante divulgado pela carteira nesta quinta-feira (15).

O fundo é dono do edifício The One, localizado no eixo entre as avenidas Juscelino Kubitschek e Faria Lima, em São Paulo (SP), região considerada nobre para o segmento de escritórios.

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O espaço possui 10 andares e tem uma área bruta locável (ABL) de 2.254 metros quadrados. O local – que está totalmente ocupado – ainda conta com alto padrão construtivo e certificação de boas práticas ambientais.

Com a reavaliação anual, o patrimônio líquido do ONEF11 sobe de R$ 159 milhões para R$ 183 milhões, aponta o comunicado do fundo ao mercado.

A variação reforça ainda mais a tese dos analistas que apontam um descolamento entre os preços reais dos imóveis do fundo e o valor da cota negociada na Bolsa. De acordo com o Itaú BBA, os FIIs de escritório atualmente são negociados, em média, por 69% do valor patrimonial – ou seja, um desconto de 31%.

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Em relatório recente, a instituição financeira manifestou visão positiva sobre os fundos imobiliários do segmento, especialmente em relação à possibilidade de ganho de capital.

“Em nossa opinião, fundos de lajes corporativas continuam sendo oportunidades de ganho de capital, seja pelo desconto em relação aos valores patrimoniais, pela comparação com o custo de reposição [valor necessário para construir um imóvel semelhante] ou pelo desconto frente as transações que aconteceram recentemente”, apontava o documento.

O relatório do Itaú BBA destacava preferência pelos imóveis localizados na cidade de São Paulo, preferencialmente nas regiões consideradas premium, como a Faria Lima – que mostram resiliência e apresentam patamares de ocupação altos, além da possibilidade de aumento no preço médio pedido.

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Para reforçar ainda mais a tese, no início do mês, a Colliers Technical Services, empresa de consultoria imobiliária, havia realizado a reavaliação anual do portfólio do CSHG Prime Offices ([ativo=HGPO11]), cujo valor justo dos imóveis do FII de escritório foi elevado em 11,96%.

A carteira do fundo é composta pelos edifícios Metropolitan e Platinum, também localizados próximos à Avenida Faria Lima. Os espaços somam uma ABL de 12.613 metros quadrados e a vacância atual dos imóveis está na casa dos 5%.

De acordo com a Cushman & Wakefield, a vacância do mercado de escritórios de alto padrão de São Paulo caiu 0,52 ponto percentual em novembro, ficando em 21,54% – bem abaixo da verificado, por exemplo, na Faria Lima, na casa dos 4%.

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Em relação aos aluguéis pedidos, as regiões da cidade que possuem os valores mais altos por metro quadrado são o Itaim (R$ 270,00), JK (R$ 186,54) e Faria Lima (R$ 181,69).

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.