75% dos FIIs são negociados abaixo do valor patrimonial mesmo após 11 semanas de alta

CARE11, TORD11 e XPPR11 são atualmente os fundos imobiliários mais descontados, aponta levantamento

Wellington Carvalho

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O Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados da Bolsa – ostenta atualmente uma sequência de 11 semanas seguidas de ganhos, mas engana-se quem acha que o desempenho dos últimos meses foi capaz de sobrevalorizar as cotações.

Dos 108 fundos imobiliários que compõem o indicador, 81 ainda são negociados abaixo do valor patrimonial, de acordo com dados da Economatica, plataforma de informações financeiras.

O número representa 75% dos fundos do Ifix, percentual acima do índice de 70% registrado em levantamento semelhante realizado em junho, antes do início da recuperação dos fundos imobiliários.

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O estudo toma como base o P/VPA (preço sobre valor patrimonial) dos fundos. Quanto mais próximo de 1, mais perto a carteira está do valor considerado justo. Acima deste nível há um ágio na cotação e, abaixo, o papel é negociado com desconto.

De acordo com os dados da Economatica, o Brazilian Graveyard And Death Care (CARE11) é atualmente o mais descontado, sendo negociado a 49% do valor patrimonial. O fundo de cemitério é seguido do Tordesilhas EI (TORD11) e do XP Properties (XPPR11). Confira a lista dos dez mais descontados.

Fundo Ticker P/VPA Retorno com dividendos – 12m (%) Retorno em 2022 (%)
Brazilian Graveyard CARE11 0,49 0,00 43,68
Tordesilhas EI TORD11 0,57 10,77 -8,55
XP Properties XPPR11 0,60 7,72 -27,43
Rec Renda Imobiliária RECT11 0,64 9,10 -10,94
RBR Properties RBRP11 0,69 7,26 -20,81
BTG Pactual Corporate Office BRCR11 0,69 7,84 2,64
Rio Bravo Renda Corporativa RCRB11 0,71 6,06 5,49
Santander Renda de Aluguéis SARE11 0,77 9,86 16,04
JS Real Estate Multigestão JSRE11 0,78 7,62 13,76
Xp Industrial XPIN11 0,78 8,08 -4,61

Fonte: Economatica – 03/10/2022

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Especialistas em fundos imobiliários, como Marcelo Fayh, da plataforma L&S, lembram que um P/VPA baixo não significa necessariamente uma boa oportunidade de investimento. Ele sugere atenção com outras características do fundo – portfólio, distribuição de dividendos e gestão – e recomenda ao investidor entender os motivos do desconto de um FII.

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O aumento no número de FIIs negociados abaixo do valor patrimonial – mesmo após 11 semanas seguidas de alta do mercado – pode ser explicado pela perda de atratividade dos FIIs de “papel” – que investem em títulos de renda fixa atrelados a índices de inflação e à taxa do CDI (certificado de depósito interbancário).

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Diante da forte elevação da inflação nos últimos anos, essa classe de ativos entregou dividendos turbinados no período e a busca pelo alto rendimento fez com que as cotas desses fundos se valorizassem.

Com a deflação registrada em julho e agosto, porém, o cenário mudou e a possibilidade de corte nos dividendos reduziu a atratividade dos fundos de “papel”, que hoje negociam, em média, a 97% do valor patrimonial – 1 ponto percentual a menos do que o índice de dois meses antes.

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Enquanto isso, os FIIs de “tijolo” – que investem em lajes corporativas, agências bancárias, galpões logísticos e shoppings – registraram forte alta nas últimas semanas, mas ainda seguem descontados, conforme aponta os dados compilados pelo Itaú BBA, que considera o P/VPA médio dos segmentos. Escritório, por exemplo, segue negociando a 79% do valor patrimonial.

Fonte: Itaú BBA – Relatório Fundos Imobiliários – Semanal – (26/Set – 30/Set)

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.