Impacto da deflação nos FIIs de ‘papel’ deve ser menor do que o observado em 2022, prevê XP

O efeito será temporário, mais rápido e em menor intensidade do que o provocado pela deflação do terceiro trimestre do ano passado, projeta a corretora

Wellington Carvalho

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,08% em junho, de acordo com dados divulgados, nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diante do resultado negativo, muitos investidores questionam como ficam os dividendos dos fundos imobiliários de “papel”.

Essa classe de FII investe em títulos de renda fixa atrelados a índices de inflação ou à taxa do CDI (certificado de depósito interbancário). Quanto mais elevado o indicador, maior a receita do fundo e, consequentemente, o dividendo que pode ser distribuído aos cotistas.

Em caso de queda dos indexadores, o movimento ocorre de forma inversa, ou seja, redução da receita da carteira e possivelmente dos rendimentos repassados aos investidores – como ocorreu, por exemplo, em 2022.

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No ano passado, o IPCA ficou negativo ao longo de todo o terceiro trimestre e fundos de “papel” tiveram de reduzir o repasse de dividendos em até 88%.

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Desta vez, o impacto da deflação do IPCA deve ser bem menor, segundo relatório da XP assinado por Maria Fernanda Violatti, Rodrigo Sgavioli e Eduardo Bacelar.

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“O efeito negativo sobre a marcação dos títulos dos fundos de papel será temporário, mais rápido e em menor intensidade do que o visto em 2022”, destaca o documento. “Assim como vimos no ano passado, o pagamento dos dividendos destes fundos não deverá ser afetado de forma significativa [por um longo prazo]”, completa o texto.

Ainda segundo os analistas da XP, as projeções indicam que há possibilidade de uma leve deflação no mês de julho, porém, em agosto o IPCA já volte a variar no campo positivo.

“[O cenário] reforça a nossa sugestão de manutenção da alocação em fundos imobiliários de recebíveis como uma parcela importante de diversificação da carteira”, reforça o relatório da corretora.

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O documento também destaca que gestores dos FIIs de “papel” costumam fortalecer suas reservas de lucro em caixa, dentro do limite permitido, para que o pagamento de dividendos aos seus investidores não seja prejudicado em períodos de adversidade.

A análise está em linha, por exemplo, com a estratégia do Suno Recebíveis Imobiliários (SNCI11), que destacou o tema no relatório gerencial divulgado nesta terça-feira (11).

“Devido a esta dinâmica, o time de gestão espera a diminuição no resultado devido aos dados do IPCA divulgados nos meses de março, abril e maio de 2023”, confirma o documento. “Ressaltamos, no entanto, que parte dessa redução poderá ser mitigada com o accrual (resultado acumulado) represado em alguns dos papéis”, destaca o relatório.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.