IPCA tem deflação de 0,08% em junho e inflação chega a 3,16% em 12 meses

O consenso Refinitiv de analistas estimava deflação de 0,10% no mês e variação de +3,17% na comparação anual

Roberto de Lira

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, teve deflação de 0,08% em junho ante maio, 0,31 ponto percentual abaixo dos +0,23% do mês anterior, informou nesta terça-feira (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2023, a alta acumulada do IPCA está em 2,87%. Já nos últimos 12 meses, o índice é de 3,16%. Em junho de 2022, a variação da inflação havia sido de 0,67%.

A variação negativa foi menos intensa que a esperada pelos analistas de mercado. O consenso Refinitiv estimava deflação de 0,10% no mês e variação de +3,17% na comparação anual.

Segundo o IBGE, Alimentação e bebidas (-0,66%) e Transportes (-0,41%) foram os grupos que mais contribuíram para o resultado do mês, com impacto de -0,14 p.p. e -0,08 p.p no índice geral, respectivamente.

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Também registraram quedas os Artigos de residência (-0,42%) e Comunicação (-0,14%).

No lado das altas, o maior impacto (0,10 p.p.) e a maior variação (0,69%) em junho vieram do grupo Habitação. Os demais grupos ficaram entre o 0,06% de Educação e o 0,36% de Despesas pessoais.

“Alimentação e bebidas e Transportes são os grupos mais pesados dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA. Assim, a queda nos preços desses dois grupos foi o que mais contribuiu para esse resultado de deflação no mês de junho”, explicou em nota André Almeida, analista da pesquisa.

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Alimentos e bebidas

O grupo Alimentação e bebidas foi influenciado, principalmente, pelo recuo nos preços da alimentação no domicílio (-1,07%). Destacam-se ainda as quedas do óleo de soja (-8,96%), das frutas (-3,38%), do leite longa vida (-2,68%) e das carnes (-2,10%).

Já a alimentação fora do domicílio (0,46%) desacelerou em relação ao mês anterior (0,58%), em virtude das altas menos intensas do lanche (0,68%) e da refeição (0,35%).

“Nos últimos meses, os preços dos grãos, como a soja, caíram. Isso impactou diretamente o preço do óleo de soja e indiretamente os preços das carnes e do leite, por exemplo. Essas commodities são insumos para a ração animal, e um preço mais baixo contribui para reduzir os custos de produção. No caso do leite, há também uma maior oferta no mercado”, disse Almeida.

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Transportes e Habitação

Em Transportes, a queda de 0,41% foi motivada pelo recuo nos preços dos automóveis novos (-2,76%) e dos automóveis usados (-0,93%). Destaca-se, ainda, o resultado de combustíveis (-1,85%), com as quedas do óleo diesel (-6,68%), do etanol (-5,11%), do gás veicular (-2,77%) e da gasolina (-1,14%).

No lado das altas, as passagens aéreas subiram 10,96%, após queda de 17,73% em maio.

“Todos os combustíveis pesquisados apresentaram queda. Além disso, a gasolina, é o subitem de maior peso individual no IPCA, com 4,84%. A queda na gasolina esse mês teve um impacto de -0,06 p.p.”, destacou o analista.

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Sobre a redução nos preços dos automóveis, o analista disse que subitem automóvel novo foi o de maior impacto individual no mês, com -0,09 p.p. “Essa redução nos preços está relacionada ao programa de descontos para compra de veículos novos, lançado em 6 de junho pelo governo federal. Isso pode ter relação também com a queda dos preços dos automóveis usados.”

Já para a alta do grupo Habitação (0,69%), a maior contribuição (0,06 p.p.) veio da energia elétrica residencial (1,43%), seguida pela taxa de água e esgoto (1,69%). Em ambos os casos, houve reajustes aplicados em algumas áreas de abrangência da pesquisa.

Por outro lado, houve queda nos preços de gás encanado (-0,04%), devido a reduções tarifárias, e do gás de botijão (-3,82%).

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Saúde

Destaca-se, ainda, o resultado do grupo Saúde e cuidados pessoais (0,11%), influenciado pela alta nos preços dos planos de saúde (0,38%), decorrente de reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Regiões

Em relação aos índices regionais, apenas cinco áreas apresentaram alta em junho. A maior variação foi em Belo Horizonte (0,31%), em função da energia elétrica residencial (13,66%). Já a menor variação foi registrada em Goiânia (-0,97%), influenciada pelas quedas de 5,40% na gasolina e de 4,83% na energia elétrica residencial.

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve queda de 0,10% em junho. Em maio, o índice havia registrado aumento de 0,36%. No ano, o INPC acumula alta de 2,69% e, nos últimos 12 meses, de 3,00%, abaixo dos 3,74% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2022, a taxa foi de 0,62%.

Os produtos alimentícios caíram 0,66% em junho e os não alimentícios subiram 0,08%, desacelerando em relação ao resultado de 0,43% observado em maio. Regionalmente, doze áreas registraram queda em junho, com o menor resultado em Goiânia (-0,86%), e o maior, em Recife (0,38%)