Fiagros já somam R$ 11 bilhões, mas têm espaço para crescer e manter dividendos elevados, dizem gestores

Fundos do agronegócio possuem isenção de Imposto de Renda e foram destaque no programa Liga de FIIs dessa semana

Ana Paula Ribeiro

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Os Fiagros (fundo de investimento em cadeias produtivas do agronegócio) vão continuar com crescimento forte e pagando um nível de dividendos atrativo e acima da taxa do CDI, principal referência de rendimento da renda fixa. A razão é que é um produto ainda novo, o que justifica a expansão acelerada – e é originado em um setor que tem “gordura para queimar”, podendo pagar spreads melhores ao investidor.

“Os Fiagros ainda vão apresentar dividendos altos. Mesmo que os juros caiam, o que não deve ocorrer agora, o agronegócio tem um spread um pouco maior que outros produtos do mercado fiannceiro porque não é um produto tão maduro, tem mais gordura”, diz Paulo Mesquita Prado, gestor do núcleo de agronegócio da Riza Asset.

Na visão do gestor, mesmo que ocorra uma queda da taxa Selic e, consequentemente, do CDI, os Fiagros ainda serão um bom pagador de dividendos quando comparados a outros papéis.

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Prado e Gustavo Almeida, head de Originação de Fiagro na XP Asset, participaram da Liga de FIIs, programa produzido pelo InfoMoney, com apresentação de Maria Fernanda Violatti, analista da XP, e Thiago Otuki, economista do Clube FII.

Os Fiagros foram criados em março de 2021 e as primeiras carteiras começaram a ser distribuídas no segundo semestre daquele ano. Atualmente, o estoque dessa categoria de fundos é de pouco mais de R$ 11 bilhões. Assim como os FIIs, há também a isenção do Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos para as pessoas físicas.

Em abril, os Fiagros do tipo FII pagaram um retorno com dividendos (dividend yield) de 1,38% em março, o que equivale a 177% do CDI, considerando os dias úteis. Em março, o dividend yield havia sido de 1,28%.

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Almeida, da XP Asset, lembra que há uma discussão sobre o início do processo de queda da Selic, mas que mesmo que ocorra a flexibilização da política monetária, as taxas ainda ficarão na casa dos dois dígitos. A taxa básica de juros foi mantida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em 13,75% ao ano nesta quarta-feira (3).

“Há uma possibilidade de queda do CDI e isso afeta o Fiagro. O que fazemos é acompanhar a curva [de juros] e trazer o componente IPCA para a carteira e um nível de prefixado maior. Ainda assim, o que se fala é de uma Selic de 12% ao final do ano. Ainda é alta. Há uma perspectiva muita positiva [para o Fiagro]”, conta.

A boa perspectiva para os Fiagro está também atrelada ao peso do setor do agronegócio na economia brasileira, que respondem por uma fatia em torno de 30% do PIB.

Almeida reforça ainda que é um segmento ligado à exportação e diversificado (culturas de soja, café, milho, proteínas), o que faz com que o setor sofra menos em momentos de desaceleração da economia doméstica.

Fiagro de “tijolo”

Prado destaca que a maior parte dos Fiagro existentes são do tipo papel, ou seja, investem predominantemente em certificados de recebíveis imobiliários (CRAs) de empresas ligadas à cadeia do agronegócio. No entanto, espera que ocorra um maior surgimento de Fiagros que invistam diretamente na aquisição de terras e imóveis do setor.

Por outro lado, o investidor terá que se acostumar com um ciclo de valorização do patrimônio diferente. Almeida, da XP, lembra que o aluguel de terras rende menos que os imóveis urbanos, mas há um maior potencial de valorização desse bem. “Ele dá uma renda menor e uma valorização maior no longo prazo”, diz.

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney