ETFs conquistam o investidor de varejo

O produto, mais barato do que fundos de investimentos, tem se tornado a porta de entrada para o investidor pessoa física na bolsa

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Os números do mercado de ETFs no Brasil – fundos de investimentos que replicam um índice de referência e são negociados na Bolsa – nos últimos anos são expressivos em qualquer critério analisado. O boletim de julho da B3 revela a existência de 538 mil investidores únicos em ETFs, fundos cujo patrimônio chega a R$ 39 bilhões.

Hoje, são 83 ETFs disponíveis na B3, incluindo alguns temáticos – a nova tendência – ligado a criptoativos, carbono zero ou biotecnologia. O avanço deste mercado, relativamente recente no Brasil, ocorreu de forma mais acentuada nos últimos quatro anos.

Os dados do boletim de julho da B3 mostram que, em 2019, esta indústria atingiu um patrimônio de R$ 30 bilhões, avanço de 150% sobre ano anterior. O PL saltou, no ano passado, para R$ 50 bilhões. Na mesma base de comparação, a B3 tinha, em 2019, 111 mil pessoas físicas e jurídicas investindo em ETFs, número que foi a 242 mil em 2020 e que fechou o ano passado com um salto ainda maior, de 108%, a 505 mil.

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“Os investidores estão percebendo, principalmente os de varejo, que ingressar na bolsa via ETF é eficiente, do ponto de vista da diversificação, e também a um baixo custo”, comenta Jurandir Sell Macedo, professor de Finanças Pessoais da Federal de Santa Catarina (UFSC).

O especialista se refere às taxas de administração, cobradas dos ETFs, que não chegam a 0,5%, bem inferior às praticadas pela indústria de fundos de investimentos que pode chegar a 1% ou 2%, além de em alguns casos terem taxas de performance sobre o retorno que excede o benchmark.

“É importante lembrar que um investidor para ter uma carteira diversificada de ações, reduzindo o risco, teria que comprar volume enorme de papeis, o que no ETF não é necessário”, explica Macedo, acrescentando que o amadurecimento do investidor brasileiro, com a maior presença na bolsa e iniciativas de educação financeira, faz com que entenda o valor de acessar o mercado de ações via ETF.

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Acesso ao mercado internacional

Cristiano Castro, diretor da BlackRock, gestora de ativos financeiros que em parceria com a B3 vem trazendo para o Brasil dezenas de BDRs de ETFs – recibos de ETFs listados no exterior – reforça a visão de que o custo muito baixo torna o produto atrativo para o varejo.

“O maior ETF da bolsa, o BOVA11, cobra 0,10% de taxa, muito inferior a qualquer fundo de ações. Além disso, pessoas começaram a olhar quem gera alfa e bate os respectivos benchmarks, o que é também prova do amadurecimento do investidor”, comenta Castro, acrescentando que se menos da metade dos fundos de ações em janela de 3 anos a 5 anos batem o Ibovespa, faz todo sentido comprar o índice, via ETF, de forma barata.

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Outro fator que tem acelerado o crescimento do mercado de ETFs e de BDRs de ETFs na bolsa, lembra o executivo da BlackRock, é a maior facilidade de acesso. Desde 2020, a CVM autorizou, mediante algumas adaptações, que o BDR de ETF possa ser ofertado ao investidor de varejo, e não apenas ao qualificado.

“Desde então, a gente vem elevando muito a oferta de produtos mais simples, que replicam o índice S&P, por exemplo, a outros temáticos, ligados a Cyber Security, canais ou estratégias de ESG, por exemplo.”

Os números disponíveis no site etf.com.vc  reforçam a mensagem de um mercado cada vez mais diversificado em termos de oferta e também de interesse do investidor do varejo.

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Liquidez, crescimento e educação financeira

Em julho deste ano, dos R$ 38,6 bi de patrimônio dos ETFs, R$ 25 bilhões estava em ETFs de Renda Variável Local, seguido por R$ 8,38 bi de ETF de RV Internacional que replicam índices com empresas estrangeiras e cerca de R$ 4,9 bi de ETF de Renda Fixa local.

“Os números vão subir gradualmente. É uma tendência irreversível. Os ETFs foram um boom fora do Brasil. É dado que em algum momento esse boom vai ocorrer mais contundentemente no Brasil. Essa onda também vai chegar no Brasil. Ela já vem se materializando. É só uma questão de tempo”, afirma Fabiano Cintra, Sócio da XP e responsável pela parceria com gestoras.

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O sócio da XP também destaca a oportunidade de acesso ao mercado internacional. “Investir só em empresas do Brasil te dá uma exposição limitada. Com esses produtos, é possível investir em Big Techs dos Estados Unidos, da China ou da Europa, por exemplo. Assim como energia renovável e outros segmentos”,

Dados disponibilizados pela B3 mostram que o IVVB11 tinha em julho um patrimônio de R$ 3 bilhões, perdendo apenas para o maior ETF da Bolsa, o BOVA11, que replica o Ibovespa e tem perto de R$ 13 bilhões de patrimônio.

Chama a atenção que em termos de investidores enquanto o BOVA11 tem 118 mil cotistas, o IVVB11 mesmo com um PL menor tem perto de 164 mil cotistas.

Já a participação no volume de ETFs em custódia é marcada pelo investidor institucional respondendo por 72,3% das alocações, seguido pelas pessoas físicas, com 22,4%. Instituições financeiras representam 3% e os não residentes algo perto de 1,5%.

Outro dado que mostra um mercado cada vez mais dinâmico é o maior número de negociações, o que garante liquidez ao ativo. Em 2020, foram realizados 83 milhões de negociações com ETFs, número que saltou a 115 milhões no ano passado. Este ano, até julho, foram registradas 54 milhões de negociações do ativo.

Para Cintra, o crescimento será ainda mais sustentável com a educação financeira dos investidores. “É um papel de diversos agentes, como gestoras, distribuidores, da B3, Anbima. É um trabalho da indústria. Temos 1% dos investimentos fora do Brasil, enquanto o Chile, por exemplo, tem mais de 30%. Então, tem muito espaço para crescer e a responsabilidade de educar é de todos, mostrando os benefícios e riscos dos ativos internacionais.”

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