ETF x fundo passivo: conheça as principais diferenças antes de investir

Apesar de muito similares, produtos que acompanham grandes índices do mercado têm diferenças na forma de investimento, na tributação e nos custos envolvidos

Mariana Zonta d'Ávila

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Ao buscar uma diversificação do portfólio, além dos fundos que buscam bater o mercado, a gestão passiva também ganha cada vez mais espaço entre os investidores brasileiros, por se tratar de uma alternativa menos custosa, com boa liquidez, e mais simples, ao não exigir uma análise aprofundada dos papéis individualmente.

Com produtos que replicam benchmarks tanto de renda variável quanto de renda fixa, seja por meio de ETFs (fundos de índice) ou de fundos indexados, o investidor tem a possibilidade de estar exposto a uma cesta composta por diversos ativos, com baixo valor inicial.

Com um mercado em expansão no Brasil, da ordem de R$ 33 bilhões, até outubro, os ETFs representam hoje na B3 um leque de 20 produtos, na renda variável, que somam R$ 28,7 bilhões de patrimônio líquido, e oito, na renda fixa, com R$ 4,3 bilhões.

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O volume conjunto dos ETFs representa um aumento de 180,5% desde 2018, e de 15,6%, ante dezembro de 2019.

Recentemente, a indústria viu ainda o lançamento do primeiro ETF de fundos imobiliários, o “Trend ETF Ifix”, que replica o Ifix, índice que acompanha a trajetória dos principais FIIs negociados na Bolsa.

Já no caso dos fundos passivos, somente na classe da renda fixa o volume soma cerca de R$ 201 bilhões, e R$ 13,8 bilhões na renda variável, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

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Apesar de similares, os fundos indexados tradicionais e os ETFs têm algumas diferenças que precisam ser levadas em consideração antes de o investidor fazer a aplicação. O InfoMoney conversou com planejadores financeiros e assessores de investimento para comparar os produtos. Confira:

Exchange Traded Funds (ETFs)

Os ETFs têm as carteiras compostas por uma cesta de ativos que reflete diversos índices de referência, locais e globais, tanto de renda variável, como de renda fixa.

Diferentemente de um fundo de investimento tradicional, os ETFs são negociados em Bolsa. Isso significa que, para comprar e vender o ativo, o investidor precisa ir a mercado, com a intermediação de uma corretora, do mesmo modo que faz para negociar uma ação.

Entre as vantagens dos ETFs, Márcio Wolter, consultor de valores mobiliários e planejador financeiro certificado CFP, cita a isenção de IOF, no caso de resgate em até 30 dias após o investimento, bem como a tributação.

Isso porque, independentemente do prazo aplicado, é cobrada uma alíquota de IR de 15% no regate, sobre os rendimentos. A única variação é no caso do ETF de fundos imobiliários, cuja alíquota é de 20% sobre o ganho de capital.

É importante frisar que, enquanto nos ETFs de renda fixa o IR é retido na fonte, nos de renda variável, o investidor precisa calcular o lucro obtido com os produtos e pagar um DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais).

“Essa é uma das desvantagens, porque vai exigir um trabalho por parte do investidor, e se ele não for fazer sozinho, pode envolver ainda o custo de um contador”, diz Eduardo Akira, sócio no escritório Vero Investimentos.

Com precificação em tempo real e negociado via home broker, os ETFs têm liquidação em D+2, isto é, o dinheiro cai na conta do investidor dois dias após a solicitação do resgate.

Entretanto, diferentemente dos papéis de empresas negociados na Bolsa, os ETFs não contam com a isenção de IR, para vendas de até R$ 20 mil no mesmo mês.

Outro custo que recai sobre os fundos de índice diz respeito à taxa de administração, que varia de 0,059% a 0,69% para produtos de renda variável, e de 0,20% a 0,30% para aqueles de renda fixa.

Francisco Levy, planejador financeiro certificado CFP, destaca que, quanto mais aderente ao benchmark, melhor é o ETF, uma vez que são as despesas envolvidas que fazem o desempenho descolar do índice. “Quanto mais eficiente a gestão, menor o custo e mais ele tende a estar colado no índice”, afirma.

Leia mais:
Como investir em ETFs: Um guia sobre fundos de índices e como funcionam

Além disso, o investidor precisa prestar atenção às taxas de corretagem e custódia que incidem sobre os ETFs, e que não são cobradas em um fundo de investimento tradicional. “Se colocar um valor muito baixo [no ETF], dependendo desses custos, pode influenciar na rentabilidade líquida final”, argumenta Levy.

Hoje, boa parte dos ETFs negociados na B3 permitem uma aplicação mínima abaixo de R$ 100. Para facilitar o acesso ao produto, a B3 reduziu em setembro o lote padrão de negociação no mercado secundário dos ETFs, de dez para apenas uma unidade.

Fundos passivos

Assim como os ETFs, os fundos passivos, ou indexados, têm como objetivo replicar o desempenho do respectivo benchmark.

Porém, enquanto o ETF é negociado em Bolsa, com precificação em tempo real, o fundo é comprado via plataforma das instituições financeiras, com divulgação diária da cota.

Essa característica faz com que o fundo seja menos transparente em comparação ao ETF, diz Akira, acrescentando que as gestoras são obrigadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a divulgar suas posições, mas com atraso de até três meses em relação à posição atual.

Com relação à tributação, outra diferença: esta segue a tabela regressiva de Imposto de Renda nos fundos indexados de renda fixa, que varia de 22,5% para o mínimo de 15%, dependendo do prazo de investimento. Para os fundos de renda variável, contudo, a alíquota é de 15%.

Uma vantagem a favor dos fundos de ações, segundo Wolter, é a retenção do IR na fonte, não exigindo que o investidor recolha o imposto por conta própria, como nos ETFs de renda variável.

O planejador financeiro chama atenção ainda para a cobrança semestral de come-cotas, nos fundos de renda fixa, e da taxa de administração que, assim como no ETF, costuma ser baixa.

Com relação aos prazos de resgate, eles variam de acordo com o produto, podendo ser desde liquidação D+0, como D+5, por exemplo. Os valores mínimos para aplicação nos produtos também são baixos, na casa dos R$ 100.

E a quantidade de fundos passivos, destaca Akira, ainda é bem superior à de ETFs, o que permite ao investidor acesso a diferentes estratégias como ouro, dólar, tesouro americano, inflação, ESG, entre outras.

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