“Estamos em uma liquidação que acontece poucas vezes na vida”, diz diretor da Franklin Templeton

Entre os setores mais atraentes, Frederico Sampaio, diretor de investimentos em renda variável da gestora no Brasil, cita o bancário e o de utilities

Mariana Zonta d'Ávila

SÃO PAULO – Enquanto alguns investidores têm optado por ficar de fora da renda variável, esperando a turbulência gerada pelas preocupações com o coronavírus baixar, outros têm visto as quedas como uma oportunidade para encher o carrinho.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

É o caso da Franklin Templeton Brasil. Frederico Sampaio, diretor de investimentos em renda variável, diz que a gestora tem aproveitado a baixa da Bolsa para aumentar a fatia de ações no portfólio. No ano, o Ibovespa já acumula queda de 41%. “É uma liquidação que acontece poucas vezes na vida”, afirmou hoje, durante teleconferência realizada pelo escritório de agentes autônomos InvestSmart.

Segundo Sampaio, a casa tem preferido reduzir a exposição em empresas mais alavancadas, isto é, com maior endividamento, privilegiando companhias com caixa, que tendem a sofrer menos em um cenário pessimista. Ao mesmo tempo, a gestora tem adicionado “pimentinhas” na carteira, escolhendo nomes que caíram demais e que seriam líderes de mercado em uma eventual melhora do ambiente de risco.

“O dólar indo para R$ 5 e uma empresa que tem receita em dólar caindo 30% é uma loucura. Quando o mercado estabilizar, vamos ver esse negócio galopando e o percentual de variação vai ser de outro patamar”, afirmou.

Entre os setores mais atraentes, Sampaio citou o bancário, que deve ter bom desempenho, desde que não tenha problema de balanço financeiro – o que não é o seu cenário –, bem como o de utilities, que “está de graça”.

O gestor disse que não estava posicionado em Petrobras e que gosta de empresas que tenham uma demanda resiliente e pouco sensível ao consumo recorrente. “Se você pega uma empresa como JBS, que é de carne, proteína, vai voar”, diz.

Apesar de o cenário no curto prazo ainda estar incerto, Sampaio defende que, para o investidor de médio e longo prazo, o momento é de oportunidade para ganhar dinheiro. “A não ser que a empresa tenha problemas de solvência, hoje o nível de capitalização das companhias está mais saudável do que já foi no passado. As coisas jogam a nosso favor, mas o comportamento do mercado hoje é de pânico.”

Marcus Gonçalves, diretor e CEO da Franklin Templeton Brasil, que também participou da teleconferência, destacou a visão positiva da gestora, que possui mais de US$ 700 bilhões em ativos sob gestão no mundo, incluindo Brasil. Ele avaliou que, entre os emergentes, o país é um dos melhores para atravessar a crise. “O Brasil tem de tudo para não ter problema de risco de crédito soberano e deve sair dessa crise fortalecido”, afirmou.

Moedas

Na carteira de moedas, a gestora também tem seguido o movimento de “fly to quality” dos mercados, privilegiando ativos mais seguros, como o dólar.

No portfólio global, a gestora aumentou a posição em franco suíço e iene, montando ainda posições em divisas de países nórdicos, como Noruega e Suécia, sempre contra o euro.

A visão da casa, explica Gonçalves, é de que o coronavírus tem feito a Itália se sentir cada vez menos europeia e de que, passada a crise, essa impressão deve gerar impactos políticos.

“O euro, como ideia, está passando por um teste de fogo. Por isso, não temos grandes posições. Nos fundos em que podemos, temos posição short [apostando na queda] em euro”, diz.

Seja sócio das melhores empresas da Bolsa: abra uma conta na Clear com taxa ZERO para corretagem de ações