“ESG não é critério de desempate”: confira como Fabio Alperowitch, da Fama, escolhe empresas para investir

Gestor e seu sócio, Mauricio Levi, começaram com US$ 10 mil de um grupo de amigos ainda na faculdade. Hoje, a Fama tem R$ 2,8 bi sob gestão

Clara Sodré

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Começar no mercado acionário em uma época em que os dados disponíveis na internet eram restritos já não seria uma tarefa fácil. Pior ainda, se o tempo dedicado à análise e ao acompanhamento das operações era apenas os finais de semana. Foi assim que a Fama nasceu, quando dois universitários, após um ano de operações bem-sucedidas, resolveram empreender no universo de gestão independente.

Fabio Alperowitch, sócio-fundador da Fama Investimentos, uma das pioneiras da gestão independente no Brasil, foi o convidado dessa semana do podcast Outliers. O gestor conta como ele e seu sócio, Mauricio Levi, ainda na faculdade, levantaram US$ 10 mil com um grupo de 20 amigos para montar a gestora, que hoje possui uma carteira de R$ 2,8 bilhões.

A filosofia de gestão da Fama, bem como o processo de investimento, estão intimamente relacionados às limitações da época. Alperowitch conta que a falta de tempo para acompanhar as cotações diariamente levou os gestores a procurar, desde o início, empresas com bons fundamentos e potencial de crescimento no longo prazo.

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Um diferencial da gestão da Fama são os princípios ESG, enraizados na seleção dos investimentos. Considerados uma espécie de filtro de qualidade, os pilares social, ambiental e de governança auxiliam no mapeamento de boas empresas, segundo Alperowitch, o que tem um impacto relevante no longo prazo não apenas para o negócio em si, mas para toda a sociedade.

Uma transição do capitalismo

Para Alperowitch, o mundo está vivendo um momento de transição extremamente importante. O foco de investimentos, que antes estava voltado apenas para os aspectos econômicos, começa a ter sua abrangência ampliada. Os impactos externos do negócio – ao meio ambiente, fornecedores, clientes, colaboradores – são colocados em pauta na avaliação.

Sendo uma das poucas gestoras signatárias do código de sustentabilidade do PRI (Princípios para o Investimento Responsável, em tradução livre) e habilitada com a Certificação B, o gestor conta que a Fama tem compromissos, tanto na gestão de recursos e seleção de negócios sustentáveis, quanto no engajamento com a temática.

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Alperowitch afirma que quando o assunto é ESG, é necessário ter um olhar cirúrgico. As práticas das empresas precisam ser olhadas no detalhe, para que toda sua atuação seja analisada no processo de seleção. Para o gestor, o importante é estar perto da realidade da companhia.

Greenwashing: mentira ou ilusão?

Para o gestor, empresas que praticam greenwashing tentam parecer o que não são. E para ele, os fatores históricos precisam ser levados em consideração. Até pouco tempo atrás, parecer sustentável nem mesmo era um diferencial. Hoje, não adianta apenas parecer – a atuação da empresa, nas entrelinhas, também é levada em consideração quando os aspectos de análise de gestão realmente incorporam fatores ESG.

“ESG não é um critério de desempate”, diz Alperowitch

Segundo o gestor, ter ótimas políticas de ESG não é um critério de desempate na seleção de ativos. De acordo com Alperowitch, outros aspectos precisam ser levados em consideração como risco de execução, valuation e liquidez. Em resumo, as questões de governança, ética e cultura corporativa são fatores decisivos para a alocação ou não em uma empresa.

O gestor conta, que existem algumas limitações de alocação e comenta que entre as empresas que não entram no portfólio da Fama estão as estatais. Além das questões de governança, para o gestor, não faz sentido encarar a instabilidade da gestão a cada quatro anos, em função do calendário eleitoral.

Além das estatais, setores regulados, como empresas elétricas, também não costumam entrar no portfólio. Por fim, commodities são outra temática que não costuma ter apelo.

O podcast Outliers é apresentado por Samuel Ponsoni, gestor de fundos da família Selection na XP, e Carol Oliveira, coordenadora de análise de fundos da XP.

A entrevista completa e os episódios anteriores podem ser conferidos por SpotifyDeezerSpreakerApple e demais agregadores de podcasts. Além disso, o podcast também está disponível no formato de vídeo no canal da XP no Youtube.