Emprestar dinheiro ao governo? Saiba o que são títulos públicos

Iinvestidor compra parte da dívida de um governo em troca de um retorno com data de resgate pré-estabelecida

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SÃO PAULO – Você já pediu dinheiro emprestado? Com certeza já! Seja para os pais quando criança, para um amigo ou para uma instituição financeira, todo mundo precisa ou precisará do capital de outra pessoa algum dia.

Mas não se preocupe, porque até mesmo governos pedem dinheiro emprestado. E é aí que entram os títulos públicos – maneira no qual os governos captam recursos para financiar a dívida pública e outras atividades, como educação, saúde e infraestrutura.

Essas obrigações de dívida, como também são conhecidos, são como notas promissórias, ou seja, quando o investidor compra um título, é como se ele estivesse emprestando dinheiro para o governo. Mas como ninguém iria desembolsar seu “rico dinheirinho” de graça, o governo (emissor) deve pagar um valor adicional ao investidor pelo direito de usar esse dinheiro.

O acordo entre o emissor e o investidor também estabelece uma data para o reembolso do dinheiro (prazo de resgate). O tempo para receber o pagamento pelo título comprado muda de acordo com as necessidades de financiamento do governo, variando de prazos menores, como um ano, até títulos com vencimento em mais de 30 anos.

Mercado primário e secundário: qual a diferença?

Mesmo com prazos longos apresentados para o vencimento de alguns títulos, isso não significa dizer que o investidor é obrigado a manter posição até o final, podendo vender o título no meio do caminho a outro investidor.

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Então, assim como acontece com as ações, o mercado primário de títulos públicos compreende o lançamento de novos papéis, ou seja, quando a venda é feita diretamente pelo governo, que usa os recursos para se financiar. E uma vez lançados, os títulos podem ser negociados no mercado secundário, onde ocorre a troca de propriedade do papel. Nesse caso, o vendedor é o investidor que se desfaz dos títulos para reaver o dinheiro. É importante ressaltar, porém, que a liquidez – ou a facilidade para vender estes títulos no mercado secundário – não é, em geral, tão grande como no mercado de ações. 

Rentabilidade

Os títulos se dividem, basicamente, em duas classes quanto ao tipo de rentabilidade: pré-fixados e pós-fixados. No primeiro caso, o título tem sua taxa de retorno definida no momento da emissão primária, ou seja, o investidor já sabe qual será o retorno, desde que ele mantenha o papel até o seu vencimento.

Já no caso dos pós-fixados, não existe forma de saber antecipadamente qual será o retorno, uma vez que ele depende de fatores que ocorrem após o momento da aplicação. Esses papéis têm seu rendimento atrelado a algum indicador de mercado e alguns ainda pagam um adicional em relação ao referencial. Um exemplo fica com os títulos atrelados à inflação, cujo retorno varia de acordo com o desempenho de um índice específico de inflação.

Relação preço x rendimento

Uma propriedade fundamental de um título pré-fixado é a relação inversa entre seu preço e o rendimento exigido, isso que dizer que, quando a taxa de juro sobe, o valor do título cai ou vice-versa.

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Vamos supor que o investidor comprou um papel pré-fixado a 8% ao ano, no valor de R$ 100 mil e com vencimento para 1 ano. No final do período, considerando que os juros sejam pagos no vencimento, resgatará R$ 108 mil. Imagine então, que as chances do governo não honrar a dívida tenha aumentado durante este período, digamos após dois meses. Neste caso, o governo não consegue mais encontrar compradores para novos títulos a 8%, mas sim a 12%, refletindo o maior perfil de risco.

Neste cenário, vamos imaginar que o investidor que comprou o título que pagava 8% decida vendê-lo antes do vencimento. O que acontece é que o aumento da taxa no mercado não modificará os termos previamente acertados do título original. Isso quer dizer, portanto, que o governo vai continuar pagando R$ 8 mil àquele que ficar com o título até seu vencimento.

No entanto, apesar disso, o mercado só aceita comprar esse papel agora por um rendimento de R$ 12 mil (12%). Como o governo só honrará R$ 8 mil de juro, quem terá que arcar com a diferença de R$ 4 mil a mais pela venda do título é o primeiro comprador do título. Ou seja, o valor do título irá cair, com esta perda (no caso cerca de 4%), sendo refletida no preço.

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Como investir?

Aqui no Brasil, a maneira mais simples de investir em títulos públicos é o Tesouro Direto – uma ferramenta que permite ao investidor adquirir diferentes títulos da dívida pública diretamente do Tesouro Nacional por meio da internet. Criado em 2002, o programa é exclusivo para pessoas físicas, tendo por objetivo atrair o pequeno poupador.

Ficou interessado? Clique aqui e veja passo-a-passo como investir nessa modalidade, usando a ferramenta do Tesouro.