Em meio ao aumento das pressões inflacionárias, investidores de mercados emergentes ficam mais seletivos

Gestores buscam maneiras de pegar carona na forte recuperação da economia americana

Bloomberg

(Getty Images)

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(Bloomberg) — Investidores de mercados emergentes estão mais seletivos, já que o rali do ano passado sente o peso das crescentes expectativas de inflação.

A exposição ao crescimento da economia dos Estados Unidos e o impacto dos preços mais altos das commodities são alguns dos critérios usados por gestoras de ativos como JPMorgan Asset Management e State Street. México, África do Sul e Taiwan estão entre os mercados preferidos, enquanto investidores reduzem apostas de alta em ativos de países em desenvolvimento, segundo pesquisas recentes.

“Ainda há um escopo significativo para gerar retornos dentro de mercados emergentes, desde que os investidores sejam capazes de diferenciar”, disse Tai Hui, estrategista-chefe para mercado asiático da JPMorgan Asset Management, em Hong Kong.

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O entusiasmo dos investidores em relação aos ativos de mercados emergentes esfriou este ano, em meio ao impacto das ondas de Covid-19 em países como Índia e Brasil, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA aumentam com as pressões dos preços. O índice MSCI Emerging Markets acumula perdas de quase 10% desde a máxima em meados de fevereiro, e o índice Bloomberg Barclays EM Local Currency Government Bond mostra queda de 1,6% em relação ao pico de janeiro.

Exposição aos EUA

Com a forte recuperação da maior economia do mundo prestes a impulsionar o crescimento global este ano, investidores buscam maneiras de pegar carona nessa tendência.

Com isso, ações do México, Taiwan e Coreia do Sul se tornam atraentes diante dos fortes laços desses países com os EUA, disse Shaniel Ramjee, gestor sênior de investimentos da Pictet Asset Management, em Londres, que ajuda a administrar US$ 252 bilhões.

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O índice acionário de referência do México acumula alta de 12% desde janeiro, muito acima do ganho de 1% do indicador MSCI de ações de países em desenvolvimento. As bolsas da Coreia do Sul e de Taiwan também mostram desempenho positivo, apesar da onda vendedora de ações taiwanesas na semana passada em meio à preocupação com um surto de Covid-19 e alto preço dos papéis de tecnologia.

Ganhos das commodities

A conexão com os preços das commodities também favorece o peso mexicano, disse Emily Weis, macro estrategista da State Street em Boston. Uma combinação de medidas de estímulo, distribuição de vacinas e escassez de produtos tem valorizado matérias-primas como cobre, madeira e minério de ferro, que bateram recorde ou atingiram os maiores níveis dos últimos anos.

O melhor cenário para os preços das matérias-primas “ainda é um fator positivo para moedas de commodities de mercados emergentes, devido à grande porcentagem das exportações”, disse Weis.

O rublo russo e o rand sul-africano também devem se beneficiar com a recuperação das commodities, de acordo com Ramjee, da Pictet. O rand é a moeda com melhor desempenho de mercados emergentes no acumulado do ano, graças em parte às exportações de metais da África do Sul como platina e minério de ferro, enquanto o rublo se beneficia com a exposição da Rússia ao petróleo.

Mas talvez em nenhum outro país a força das commodities seja mais evidente do que no Brasil, onde as exportações de soja e minério de ferro têm ajudado o real.

Outros países não têm tanta sorte. Moedas da Colômbia, Argentina, Peru e Turquia – países com alguns dos maiores aumentos em casos de Covid-19 – estão entre os que mostram os piores desempenhos em mercados emergentes este ano.

Aumento dos yields

Alguns investidores têm optado por títulos denominados em moeda local, que podem estar mais protegidos da política monetária americana.

“Os mercados locais estão ficando mais atraentes”, disse Shamaila Khan, responsável por dívida de mercados emergentes da AllianceBernstein, em Nova York, destacando os títulos em moeda local da África do Sul, Rússia e México entre os preferidos. “Seletivamente, estamos encontrando valor.”