Em meio a coronavírus, gestores têm maior posição em caixa desde atentado de 11 de setembro, diz BofA

Levantamento do BofA mostra que, em ações, mercado americano virou a região preferida, após cinco meses perdendo a liderança para os emergentes

Mariana Zonta d'Ávila

(Feverpitched/Getty Images)

SÃO PAULO – Em um cenário de maior aversão a risco, com a escalada da disseminação do coronavírus, gestores de fundos de investimento têm optado por aumentar suas posições mais líquidas do portfólio.

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E, seguindo a expressão “cash is king”, os níveis de caixa alcançaram seu maior nível desde o atentado de 11 de setembro, em 2001, subindo de 5,1%, em março, para 5,9%, em abril – acima da média dos últimos dez anos, de 4,6%. É o que mostra a pesquisa “Global Fund Manager”, elaborada pelo Bank of America com gestores de recursos e feita entre os dias 1 e 7 deste mês.

Diante de grandes incertezas e impactos ainda imensuráveis da crise nas economias, o apetite ao risco de investidores também registra seu menor patamar desde setembro de 2011, com 44% optando por não aumentar a parcela mais arrojada da carteira.

Em ações, as posições foram significativamente reduzidas, com 27% dos gestores afirmando estar com posição “underweight” (abaixo da média do mercado) – a menor alocação em 11 anos. A posição “overweight” (acima da média) no mercado acionário americano, contudo, subiu para 15%, tornando a região a preferida, após cinco meses perdendo a liderança para os emergentes.

Nos portfólios, o movimento tem sido o de saída de ativos cíclicos para a entrada em aplicações mais defensivas, mostra o levantamento.

Na parte comprada, a busca tem sido pela bolsa americana, nos setores de saúde, utilities e tecnologia, bem como bonds (títulos do governo). Na parte vendida (aposta na queda), investidores citam ações no geral, em especial nos segmentos de energia, materials, industriais, bancos e em papéis na zona do euro.

De olho em investimentos mais líquidos, investidores têm aumentado suas posições em instrumentos passivos, caso dos fundos de índice (ETFs), com uma média de 22% dos ativos sob gestão alocados nos produtos, segundo o BofA.

Ainda de acordo com a pesquisa, nos próximos 12 meses, 14% dos entrevistados pretendem mudar a exposição aos ETFs, com 26% cogitando aumentar a fatia e 11%, reduzi-la.

Recessão em 2020 e lenta recuperação

Com um maior pessimismo do mercado, atingindo seu pico neste mês de acordo com o banco americano, 93% dos entrevistados veem uma recessão em 2020, a maior parcela desde março de 2009.

A saída da crise também não deve ser rápida, aponta a pesquisa, com pouco mais da metade dos entrevistados vendo uma recuperação mais lenta, em trajetória em “U”.

Entre as maiores preocupações no horizonte, 57% destacam uma segunda onda de contaminações de coronavírus, enquanto 30% citam um evento de crédito sistemático.

Divulgada mensalmente, a pesquisa do BofA consultou na edição de abril 207 gestores, com um total de US$ 597 bilhões em recursos sob gestão.

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