Cansou de Eletrobras? Um ano após privatização, é possível vender as ações compradas com FGTS

Quem destinou parte do fundo de garantia para ações da elétrica precisou aguardar uma carência de 12 meses, prazo que terminou na quarta-feira (14)

Mariana Segala

Eletrobras (Foto: Getty Images)

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Há um ano, terminava a oferta de ações que resultou na privatização da Eletrobras (ELET3;ELET6), maior companhia do setor elétrico na América Latina. Cerca de 370 mil trabalhadores usaram recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para investir na companhia – e a partir de agora podem se desfazer dos papéis, se quiserem.

Seguindo as regras da operação, que movimentou um total de R$ 33,7 bilhões na época, quem destinou parte do FGTS para comprar as ações – por meio de fundos mútuos de privatização (FMPs) – precisou aguardar uma carência de 12 meses antes de poder fazer resgates. O prazo terminou na quarta-feira (14).

Por isso, só agora é possível solicitar o resgate dos recursos, que retornam para a conta do FGTS (e não para o bolso do trabalhador) em D+5 – ou seja, cinco dias após a solicitação.

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Desde dezembro, seis meses depois da oferta de privatização, já era possível transferir os valores investidos na Eletrobras para outros FMPs – como os que aplicam em Vale (VALE3), Petrobras (PETR4) ou em carteiras livres. Mas não era permitido resgatar os recursos dos fundos de ações.

Muitos investidores, aliás, optaram por esse caminho. Os 15 FMPs de Eletrobras registravam quase 372 mil cotistas em junho do ano passado. Ao fim de maio passado, o número já havia recuado para pouco mais de 330 mil, conforme levantamento da plataforma Economatica.

Desde a oferta da Eletrobras, os trabalhadores retiraram pouco mais de R$ 1 bilhão, o que equivale a cerca de 18% dos R$ 5,9 bilhões que os FMPs somavam inicialmente, segundo a Economatica.

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Tais recursos ou foram transferidos para outros FMPs ou foram sacados do FGTS nas situações previstas em lei, como demissão, aposentadoria, compra de imóvel ou diagnóstico de doenças graves, por exemplo (esse tipo de resgate foi permitido mesmo dentro do prazo de carência do investimento).

O fluxo de resgates, no entanto, sugere que a maior parte de fato migrou para outros fundos de privatização. O mês com maior saída de recursos de Eletrobras (R$ 407 milhões) foi dezembro de 2022, exatamente quando as transferências entre FMPs foram permitidas.

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Na época, bancos e corretoras criaram fundos de privatização mais sofisticados do que os do tipo “monoção”, que, como o nome indica, aplicam todo o patrimônio em ações de uma mesma companhia. No lugar disso, lançaram FMPs de “carteira livre”, que podem fazer investimentos em ações variadas.

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Os primeiros fundos de “carteira livre” lançados no mercado completaram seis meses em maio, e tiveram retornos positivos nesse período – diferentemente do que aconteceu com as ações da Eletrobras.

O primeiro ano da Eletrobras como corporation foi marcado por uma série de ruídos e por uma tendência de preços mais baixos da energia que penalizaram as suas ações.

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Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o posto, em janeiro, o processo de privatização da elétrica vem sendo colocado em questão e estão em curso iniciativas que buscam ampliar o poder de decisão da União na empresa.

A consequência foi a desvalorização dos papéis da Eletrobras na Bolsa – e perdas para os trabalhadores. Os 15 FMPs acumulam perdas entre -3,42% e -9,88% desde que foram lançados. O desempenho mediano é de -6,44% nesse período de um ano.

Não significa, no entanto, que se desfazer dos papéis é a melhor alternativa. Especialistas reforçam que um ano é um período relativamente curto para avaliar o desempenho de uma ação, já que a renda variável é considerada um investimento de longo prazo.

Fora isso, há analistas com boas perspectivas para a ex-estatal. Nesta sexta-feira (16), o UBS BB, por exemplo, reafirmou recomendação de compra para as ações PNA da Eletrobras (ELET6), com um preço-alvo menor (de R$ 58, no lugar dos R$ 70 anteriores), mas ainda com um potencial de valorização de 30% em relação às cotações atuais.

O banco segue apostando na perspectiva de aumento dos lucros por meio de ganhos de eficiência e no turnaround pós-privatização.

Para realizar o resgate dos FMPs de Eletrobras, retornando os recursos para a conta do FGTS, o trabalhador formaliza o seu pedido junto à instituição que administra o fundo escolhido para a aplicação.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney