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Dividendos sintéticos, genômica, cleantech: Global X aposta em novos BDRs de ETFs para atrair brasileiros

Em entrevista ao InfoMoney, gestora antecipou os BDRs de ETFs que estreiam na B3 neste mês, focados em teses ainda raras no mercado brasileiro

Katherine Rivas

Rohan Keshav Reddy, diretor Global de Research da Global X

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Com recessão, eleições, inflação elevada ou sem nada disso, a Global X, gestora de Nova York, está focada em atingir US$ 5 bilhões de patrimônio no Brasil por meio de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de ETFs globais (fundos de índices) nos próximos cinco anos.

Concorrente da BlackRock, a Global X tem presença no Brasil há apenas seis meses – desde o seu desembarque em abril – mas já conta com 22 BDRs de ETFs listados na B3. No dia 25 de outubro, pelo menos mais sete deverão ficar disponíveis, conforme antecipou a gestora em primeira mão ao InfoMoney.

Os BDRs são recibos de ativos negociados em bolsas estrangeiras e listados no mercado local. No caso de BDRs de ETFs, trata-se de papéis que “espelham” fundos de índices negociados no mercado americano.

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Segundo Andres Castro, portfólio manager da equipe de investimentos da Global X ETFs Brasil, e Rohan Keshav Reddy, diretor Global de Research da Global X, os novos lançamentos vão contemplar temas inovadores ainda pouco presentes na Bolsa brasileira, como genômica, blockchain e cleantechs (inovação sustentável).

Eles destacam que o Global X Genomics & Biotechnology ETF (BGNO39) busca investir em empresas envolvidas em sequenciamento genômico, edição de genes, biotecnologia, terapia genética e genômica computacional. Já o Global X Blockchain ETF (BKCH39) vai investir em empresas de mineração e transação de ativos digitais, além de software e hardware para blockchain – um mercado que, calculam, pode crescer mais de dez vezes e superar US$ 67 bilhões até 2026.

Já o Global X CleanTech ETF (BCTE39) deve direcionar os seus aportes para empresas que podem se beneficiar com a adoção de inovações tecnológicas sustentáveis e limpas, aliadas a um cenário de descarbonização.

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As novidades de outubro também incluem dois ETFs que geram renda mensal no mercado de origem (Estados Unidos), a partir de operações com opções de compra (call) das ações incluídas nos índices S&P 500 e Russell 2000 – o que no mercado é conhecido como dividendos sintéticos. “Quando as calls são vendidas, o prêmio recebido é distribuído aos cotistas”, destaca Castro.

No Brasil, por regulação, os ETFs ainda não distribuem rendimentos, como dividendos. Os valores recebidos são reinvestidos no patrimônio do próprio ETF. Já o investidor dos BDRs de ETFs, por ser lastreado em um ETF no exterior, receberá a renda dos dividendos.

Além destas teses, a Global X deve lançar um ETF que investe em empresas focadas no mercado formado pela geração millennial dos EUA (nascidos de 1980 a 2000) e um relacionado a companhias beneficiadas pela Internet das Coisas (IoT), telecomunicações, 5G e fibra óptica.

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Todos os BDRs de ETFs estarão disponíveis para o investidor pessoa física. Confira a lista abaixo:

ETF original Ticker do BDR de ETF na B3 Ticker do ETF nos EUA 
Global X Genomics & Biotechnology ETF BGNO39 GNOM
Global X Blockchain ETF BKCH39 BKCH
Global X CleanTech ETF BCTE39 CTEC
Global X Internet of Things ETF BSNS39 SNSR
Global X Millennial Consumer ETF BMIL39 MILN
Global X S&P 500 Covered Call ETF BXYL39 XYLD
Global X Russell 2000 Covered Call ETF BRYL39 RYLD

Fonte: Global X

De acordo com a Global X, esta será a última leva de BDRs de ETFs temáticos lançados pela gestora neste ano. Para novembro, já está programada a chegada de outros quatro papéis, mas estes não serão temáticos. “Devemos fechar 2022 com até 35 BDRs de ETFs no portfólio”, afirma Castro.

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No seu portfólio atual, a Global X já conta com BDRs de ETFs focados em urânio, cobre, prata, dividendos, energia, Reits (Real Estate Investment Trusts), cannabis, entre outros.

Leia também:

Cannabis, Reits com dividendos elevados e China: conheça os 3 novos BDRs de ETF que estreiam na B3

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Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, Reddy, da Global X, falou sobre as tendências que a gestora enxerga como oportunidades. Confira:

InfoMoney: A Global X tem identificado novas tendências de investimento que vão ganhar força em 2023, apesar da recessão?

Rohan Keshav: Energia renovável, commodities de transição energética, segurança cibernética, automação e robôs são indústrias com ventos favoráveis a longo prazo.

A energia limpa ajudará a melhorar a independência energética europeia. A tecnologia limpa é inovadora e a distribuição de energia renovável beneficia os serviços de utilidade pública. Além disso, a mudança para a energia renovável depende também das tecnologias de lítio e bateria, uma outra tendência que ganha destaque.

A digitalização global também aumenta as preocupações em relação à segurança cibernética, trazendo oportunidades de receita recorrente ou aumento desta nas empresas do setor.

No Brasil e na América do Sul, vemos como grande tendência a expansão da produção de lítio juntamente com a aceleração da matriz energética limpa.

O Brasil tomou a iniciativa de expandir a produção de lítio, especialmente no vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, que espera investimentos de mais de R$ 15 bilhões de reais até 2030. Atualmente, o Brasil produz apenas 1,5% da produção global total, e a expectativa é que o país aumente a participação para 5% nos próximos dez anos.

Já em relação à energia limpa, vemos uma grande mudança em direção à energia renovável também no Brasil. Por exemplo, a capacidade de geração de energia renovável corresponde a 84%, bem superior à média mundial de 38%.

IM: O ETF de Urânio (URA), negociado na B3 como BURA39, deve ser afetado com uma possível queda no preço das commodities, diante da recessão global?

Keshav: Embora haja riscos de que a incerteza chinesa prejudique as commodities focadas no crescimento, o dólar forte e as condições financeiras mais apertadas fazem com que as matérias-primas continuem em um cenário positivo à medida que as pressões inflacionárias crescem.

Nós gostamos do urânio como investimento neste momento, porque além de ser uma oportunidade para o longo prazo, ele é menos afetado pelas pressões de curto prazo da China.

O urânio é uma categoria de mercado com bons fornecedores e boa demanda, fundamental para mudar a narrativa sobre a energia nuclear. Muitos países adicionaram a energia nuclear aos seus planos de energia ou adiaram a eliminação da energia nuclear, o que aumentou a necessidade de urânio.

As pressões sobre os governos para atingir metas de transição verde estão se intensificando, e a energia nuclear está ganhando um papel importante na matriz energética global, por ser limpa, confiável e eficiente.

Apesar da volatilidade atual do mercado, agora é definitivamente um bom ponto de entrada para urânio e energia nuclear. Entre as preocupações de segurança energética, muitas foram o início de uma mudança nuclear. O mais emblemático é a notícia do Japão voltando para a energia nuclear mais de uma década após o desastre de Fukushima. O Japão está tentando reiniciar muitos reatores ociosos e criar novas instalações usando tecnologias de última geração.

Países como Reino Unido, Brasil e China, e inclusive Alemanha e Suíça, que são tipicamente contra a energia nuclear, também se encontram reconsiderando esta jornada.

O BURA39 investe em mineradoras e exploradoras de urânio e fabricantes de componentes nucleares, oferecendo ao investidor exposição à toda a cadeia de suprimentos de mineração de urânio. Quando os preços das commodities estão acima do ponto de equilíbrio, as mineradoras conseguem superar as commodities. O BDR de ETF pode ser considerado um sólido diversificador de portfólio.

IM: A gestora já tem seis BDRs de ETFs na B3 focados na geração de dividendos. Acredita que os rendimentos podem ser afetados diante de uma recessão global em 2023?

Keshav: Os pagamentos de dividendos têm sido muito menos voláteis do que os preços das ações ao longo da história. Os dividendos são compromissos assumidos pela equipe de gestão de uma empresa com seus acionistas. Cortar o dividendo é uma das últimas coisas que uma empresa quer fazer, porque muitas vezes sinaliza estresse financeiro e reduz a confiança nos negócios.

Em três recessões desde 1946, os dividendos pagos aos investidores aumentaram, incluindo um salto de 46% durante a primeira recessão após a Segunda Guerra Mundial.

Apesar do lucro por ação ter caído 2,82% no acumulado de 2022, entre os ativos que integram os índices amplos dos Estados Unidos, este dobrou desde dezembro de 2020. Além disso, empresas de energia continuam superando expectativas nos lucros, tornando o Global X MLP & Energy Infrastructure ETF (BLPX39) e o Global X MLP ETF (BLPA39) potenciais paraísos de dividendos se a produção de gás natural e petróleo continuarem em alta.

Outra estratégia que enxergamos como bem posicionada neste cenário é a do ETF Nasdaq 100 Covered Call (BQYL39), que tem como base do seu portfólio ações do índice Nasdaq 100, que investe nas 100 maiores empresas listadas na Nasdaq. Ele compra as ações do índice e faz lançamentos de call (opções de compra) cobertas dos papéis mensalmente.

Quando as calls são vendidas, o prêmio recebido pela venda é distribuído aos cotistas, o que faz com que o ETF alvo do BDR (QYLD) tenha distribuído um rendimento anualizado de 12,30% de dividendos. [Essa estratégia é a que os BDRs de ETFs Global X S&P 500 Covered Call ETF e Global X Russell 2000 Covered Call ETF adotam.]

Historicamente, em períodos de mercado instável, esta estratégia superou os índices subjacentes. Por exemplo, na década perdida das ações, de dezembro de 1999 até dezembro de 2009, o S&P 500 teve um retorno anualizado de 0,95% na década. Contudo, o índice BXM que seguia uma estratégia semelhante com opções, obteve um retorno total de 29,21% e anualizado de 2,59%, superando o S&P em 38,29% no período.

Se o mercado permanecer instável, o retorno total do o BQYL39 deve aumentar em relação ao índice subjacente. A possibilidade de que o Federal Reserve [Fed, banco central americano] não corte as taxas de juros no curto prazo, assim como as decisões monetárias das duas últimas décadas, devem tornar o ETF um forte candidato a superar o índice amplo.

IM: A Global X tem ainda três ETFs de renda no exterior (S&P 500 Quality Dividend ETF, MSCI SuperDividend® Emerging Markets ETF e MSCI SuperDividend® EAFE ETF), além dos BDRs de ETF já listados na B3. Eles virão para o Brasil? Como funcionam?

Keshav: As estratégias destes três ETFs têm em comum o objetivo de investir nas maiores empresas pagadoras de dividendos. Porém, cada estratégia atua em uma região geográfica específica.

O Global X S&P 500 Quality Dividend ETF investe em 200 empresas do índice S&P 500 nos fatores de qualidade e dividendos. O Global X MSCI SuperDividend® Emerging Markets ETF investe nas 50 maiores companhias pagadoras de dividendos em mercados emergentes incluídas no índice MSCI Emerging Markets Top 50 Dividend Index.

E o Global X MSCI SuperDividend® EAFE ETF investe nas 50 maiores empresas pagadoras de dividendos em mercados desenvolvidos internacionais na Europa, Australásia e Extremo Oriente, presentes no índice MSCI EAFE.

Estes ETFs não devem ser trazidos ao Brasil agora, mas estamos negociando a possibilidade de lançar em novembro ou em 2023.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.