Deu para trás? Gensler, da SEC, ressalta perigo de criptos antes de decisão sobre ETF de Bitcoin

O mercado não entendeu a declaração como ameaça; nos momentos seguintes à fala, o BTC passou dos US$ 46 mil pela primeira vez em quase 2 anos

Lucas Gabriel Marins

Presidente da SEC, Gary Gensler (Evelyn Hockstein-Pool/Getty Images)

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Na semana em que a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) precisa decidir se libera ou não o tão aguardado ETF (fundo de índice) à vista de Bitcoin (BTC) no país, o presidente da agência federal recorreu ao X (antigo Twitter) para alertar sobre os perigos do setor.

“Aqueles que oferecem investimentos/serviços em criptoativos podem não estar cumprindo a lei aplicável, incluindo as leis federais de valores mobiliários. Os investidores em criptos devem compreender que podem ser privados de informações importantes e outras proteções importantes relacionadas ao seu investimento”, escreveu Gary Gensler na tarde desta segunda-feira (8).

O mercado, no entanto, não entendeu a declaração como ameaça. Nos momentos seguintes à fala, o preço do Bitcoin avançou e superou os US$ 46 mil pela primeira vez desde março de 2022. Na semana, o ativo digital entrega ganhos de 7%.

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Apontado como inimigo dos ativos digitais por causa de multas e ações regulatórias contra players do setor nos últimos anos, Gensler também disse que os fraudadores continuam a explorar a crescente popularidade das criptomoedas para atrair investidores de varejo para fraudes.

“Esses investimentos continuam estar repletos de ofertas fraudulentas de moedas, esquemas Ponzi, pirâmides e de roubo total, em que o promotor do projeto desaparece com o dinheiro dos investidores”, falou.

Semana decisiva

Há mais de uma dezena de pedidos de ETFs para análise na mesa da SEC. A autarquia federal tem até a quarta-feira (10) para aprovar ou não a primeira solicitação, feita pela Ark Invest, da gestora veterana Cathie Wood. Especialistas acreditam, no entanto, que um lote de solicitações pode ser liberado ao mesmo tempo pelo regulador.

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A Ark Invest e outros emissores de ETFs, como BlackRock e Invesco, enviaram diversos documentos para o xerife do mercado de capitais nesta semana, algo visto pelos analistas como um impulso final para oferecer os produtos de investimento.

Além disso, alguns emissores também nomearam participantes autorizados – corretoras responsáveis por lidar com a criação e resgate de cestas de cotas para ETFs. Entre eles estão a Jane Street Capital e o JPMorgan.

“A entrada de players como a BlackRock, maior gestora de recursos do mundo com US$ 14 trilhões sob administração, pode elevar o fluxo para Bitcoin em algo entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões nas primeiras 4 semanas após a aprovação”, disseram analistas do Mercado Bitcoin em nota.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney