Davi x Golias: 3 small caps que pagam dividendos tão bons ou melhores que a Vale

Analistas estimam dividend yield de 11% para a Vale neste ano – mas números como esse não são exclusividade da mineradora

Monique Lima

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Depois de passar por cortes nos dividendos em 2023, a Vale (VALE3) abriu 2024 com um anúncio de US$ 11 bilhões em distribuição, equivalente a um dividend yield (DY, retorno apenas com proventos) de 4%. Para o acumulado do ano, os analistas estimam um DY de 11%, em média. Trata-se de um indicador alto, porém não exclusivo da mineradora.  

Algumas empresas de menor capitalização (small caps) estão com boas perspectivas de pagamentos neste ano. Segundo os analistas consultados pelo InfoMoney, três nomes se destacam. São eles: BrasilAgro (AGRO3), Lavvi (LAVV3) e Mitre (MTRE3).  

Nos últimos anos, a BrasilAgro manteve um DY acima de 10% e, neste ano, poderá chegar a 14%, estimam analistas do BTG Pactual. Para Max Bohm, analista da Nomos, a empresa fortalece o caixa com a venda de terras e parte desse lucro se converte em dividendos aos acionistas. Em relatório, a XP afirma que a empresa tem uma grande oportunidade de reciclagem de portfólio em 2024, que permitirá gerar valor para o longo prazo.  

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Já Lavvi e Mitre são incorporadoras. Ambas as empresas trabalham com foco na alta renda e os analistas afirmam que estão em posição de gerar bons caixas. A estimativa de DY para a Lavvi em 2024 é de 11%.  

Já a Mitre anunciou que irá distribuir a maior parte do seu lucro neste ano. Seu dividend yield, no entato, deverá cair dos atuais 15% para 11% nos próximos 12 meses, na avaliação de Charo Alves, da Valor Investimentos – ainda assim, um valor considerável. Em sua prévia operacional, a Mitre reportou recorde de R$ 1,9 bilhão em vendas brutas em 2023, alta de 20,9% em relação a 2022. 

Diferença no bolso  

O valor pago por ação das empresas diverge bastante. Os 4% anunciados pela Vale são equivalentes a R$ 2,74 por ação, enquanto os 15% da Mitre ao longo de todo 2023 somam R$ 0,76 por ação. A explicação é simples: como as small caps valem menos, precisam distribuir pouco para que o investidor seja bem remunerado, proporcionalmente ao aporte realizado.

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Os dividendos da Vale são considerados por muitos analistas como o principal atrativo para investir na empresa. O volume de pagamentos é tão alto que já figurou entre os maiores proventos do mundo em 2022 e 2021.

Para 2024, o JPMorgan espera um volume substancial de pagamentos se o minério de ferro se mantiver no preço de US$ 120 a tonelada. Segundo o banco, o prêmio pela commodity “se converterá em dividendos e/ou recompra de ações elevadas”. As estimativas dos analistas se dividem entre um DY de no mínimo 8% e no máximo 15%.

No caso das small caps, no entanto, uma distribuição tão farta deve ser encarada pelo investidor como ponto de atenção. Segundo Bohm, da Nomos, é difícil trabalhar com um retorno tão alto, já que uma parte do valor deveria ser reinvestida na própria empresa. “Não são empresas maduras que podem distribuir seu capital aos acionistas sem prejuízo operacional”, diz o analista.