Criptomoedas, transição energética, ESG: as tendências da década para economia e investimentos na visão da Julius Baer

Já entre os principais riscos a serem monitorados, o banco suíço chama atenção para as mudanças climáticas e os problemas de cibersegurança

Mariana Zonta d'Ávila

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Transição energética, disrupções científicas e Web 3.0. Esses são os principais temas monitorados pela Julius Baer nos próximos anos. Com cerca de US$ 530 bilhões em recursos sob gestão, o banco suíço divulgou nesta semana o relatório “Secular Outlook”, com suas principais diretrizes para a década.

Enquanto algumas tendências se intensificaram em meio à pandemia de Covid-19, seja por conta da busca por soluções de saúde como de tecnologia, de forma geral, ainda há espaço, segundo a Julius Baer, para aprimoração e os temas devem continuar ganhando espaço na carteira de investidores ao redor do mundo.

No relatório, o banco chama atenção para a corrida dos mercados em reduzir o consumo de combustíveis fósseis, com países como a China, um dos maiores exportadores nos últimos anos, investindo de forma mais intensa em energia limpa.

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O banco destaca que essa mudança não será tranquila e que os primeiros “desafios” já foram vistos neste ano, juntamente com os efeitos da reabertura econômica, levando a interrupções na cadeia de suprimentos, escassez de energia e preços crescentes.

“Isso mostra que o mundo está lutando para mudar para as energias renováveis em um ritmo acelerado e que a rápida transição energética pode atuar como uma força inflacionária no curto prazo”, escreve a gestora.

Ainda que traga maior turbulência para o mercado em um horizonte mais curto, o banco reconhece que é uma fonte que tende a crescer nos próximos anos e que será bem-sucedida no futuro, atuando como uma medida desinflacionária no longo prazo.

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Web 3.0

Outro tema de grande relevância para o período analisado, segundo a Julius Baer, recai sobre a Web 3.0, baseada principalmente no avanço de ativos digitais.

Para o banco suíço, as criptomoedas e os sistemas descentralizados nos quais são construídos (com base na tecnologia blockchain) serão as bases para a próxima revolução digital e da internet.

“Os possíveis ganhos de custo e eficiência de contratos digitais ‘inteligentes’ podem revolucionar a conduta dos negócios como os conhecemos. Isso terá consequências tremendas nos mercados financeiros, com protocolos de Finanças Descentralizadas (DeFi) permitindo transações financeiras, empréstimos e negociações sem a intervenção de um player centralizado”, diz o relatório.

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Segundo o banco, neste cenário o espaço de investimento privado poderia ser substancialmente transformado, à medida que os investimentos privados se tornassem mais líquidos e a linha entre os mercados privado e público, mais tênue.

“De uma perspectiva de portfólio, prever como os ativos digitais afetarão o perfil de risco e retorno não é simples – o histórico de retorno e volatilidade é provavelmente muito curto para formar uma estimativa bem informada”, destaca.

Mesmo assim, o banco reconhece que faz sentido hoje ganhar exposição a moedas e tokens digitais que sustentam o funcionamento de aplicativos descentralizados e a empresas que estão participando da construção do ecossistema de blockchain.

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Os investidores devem ficar atentos, contudo, a questões como regulação e segurança.

ESG segue no radar

Ainda no mercado financeiro, o banco suíço destaca a grande importância de melhores práticas sociais, ambientais e de governança (ESG, na sigla em inglês) na década.

Segundo a casa, a noção de que a incorporação de critérios ESG no processo de investimento torna as aplicações menos lucrativas está desaparecendo – o que apoia a mudança em direção a uma economia de partes interessadas ecologicamente correta.

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Ainda não há, contudo, um padrão de critérios a serem considerados – mas, para a Julius Baer, eles não devem seguir uma abordagem única, devendo estar sujeitos às preferências pessoais do investidor por meio de carteiras personalizadas.

Já entre os principais riscos a serem monitorados na década, a Julius Baer cita as mudanças climáticas em meio ao aquecimento global, resultando em problemas de infraestrutura, ligados, por exemplo, ao aumento dos níveis do mar, tempestades mais intensas, entre outros.

Há ainda o aumento dos riscos de cibersegurança diante do maior uso e do avanço das tecnologias.

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Tecnologia também na ciência

A pandemia de coronavírus que segue chacoalhando as economias globais mostrou as fraquezas dos sistemas de saúde ao redor do mundo e, ao mesmo tempo, contribuiu para uma aceleração da tecnologia no setor.

Mudanças demográficas, surgimentos de doenças crônicas associadas ao envelhecimento e o aumento dos custos médicos são ventos que devem impulsionar, segundo a Julius Baer, áreas ligadas à saúde digital, genômica e extensão da longevidade.

Indo além da saúde digital, as ciências da vida se tornarão cada vez mais semelhantes à tecnologia da informação, destaca o relatório, à medida que moléculas e compostos são criados artificialmente e personalizados usando inteligência artificial, robótica e nanotecnologia.

“Essa tendência é parte do tema ‘tudo em tecnologia’ que estamos vendo surgir, já que cada indústria, de biotecnologia à manufatura e energia, está se movendo para se tornar um negócio de tecnologia”, escreve a instituição financeira.

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