Criptomoeda do Nubank desaba 40% após disparar 2.000%; o que explica — e vale a pena comprar?

Por um breve momento, criptomoeda do Nubank chegou a ser uma das mais valiosas do mundo

Paulo Barros

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A Nucoin, criptomoeda do banco digital Nubank, vive uma gangorra nos últimos dias. No último fim de semana, quando o movimento se intensificou, o ativo digital chegou a registrar alta de cerca de 2.000%, atingindo um valor de mercado de R$ 20 bilhões (US$ 4 bilhões) – um dos 20 maiores do do mundo, à frente da criptomoeda Avalanche (AVAX).

Mas a disparada durou pouco. Nesta quarta-feira (16), a Nucoin atingiu 40% de desvalorização em relação à máxima de três dias atrás. Às 15h, era negociada a R$ 0,12 — nas últimas 24 horas, a queda é de 17,7%.

Por que, afinal, o token do Nubank viveu essa montanha-russa? Pelo que se sabe até aqui, podem estar por trás pessoas tentando especular sobre a criptomoeda.

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Em grupos nas redes sociais, há registros de usuários comentando sobre supostas compras de Nucoin na última sexta-feira (11), com a esperança de navegar uma esperada valorização. Muitos afirmam ter adquirido a moeda por R$ 0,01 — no domingo (13), ela bateu R$ 0,20.

No entanto, são vários os relatos de quem não conseguiu vender o ativo após o salto de 20 vezes. Isso porque, com o aumento repentino de preço, veio também uma instabilidade na funcionalidade de compra e venda da criptomoeda.

Segundo o Nubank, o problema foi ocasionado justamente pela alta procura. “Devido à alta demanda no último fim de semana (12 e 13 de agosto), o app do Nubank apresentou uma breve instabilidade restrita à área do Nucoin, prontamente resolvida”, disse a companhia em nota.

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As queixas nas redes sociais, porém, permaneceram, concentradas em uma suposta falha nas ordens de compra e venda, que estariam sendo canceladas automaticamente. Os cancelamentos, explica o Nubank, são parte uma trava de segurança para impedir perdas com variações de preço entre o tempo de solicitação e execução de compra ou venda.

“De maneira a protegê-los de uma execução fora do preço estimado, ordens são canceladas automaticamente se a variação de preço (venda) ou quantidade (compra) for desfavorável para o cliente em mais de 5%. Esta comunicação é feita ao cliente durante o fluxo de solicitações de compra ou venda no app”, esclarece o Nubank.

Embora vise a segurança do cliente, há quem considere o recurso problemático. “O Nubank diz que pode controlar a negociação da moeda e pausá-la a qualquer momento para controlar o preço. Imagina você ter um criptoativo que valorizou e não poder vender. Foi o que aconteceu nesse último fim de semana. Quando as negociações voltaram, a moeda oscilou”, opina Vinícius Bazan, analista de criptoativos da Empiricus Research, mencionando a queda da moeda, motivada por vendedores que haviam adquirido o token na baixa.

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Nucoin é investimento?

Os comentários de supostos compradores de Nucoin nas redes sociais coincidem com a liberação mais ampla da criptomoeda, que foi lançada em março, mas começou a ser disponibilizada para a base de clientes apenas no início de agosto.

A fintech ressalta que o foco da Nucoin é ser um programa de fidelidade por meio da tecnologia blockchain e tokenização, sendo um ativo voltado para resgatar benefícios associados aos produtos e serviços do Nubank. Por isso, destaca, não tem propósito de investimento.

Apesar disso, algumas pessoas estão apostando na Nucoin como meio de ganhar dinheiro. Bazan, da Empiricus, aponta perigos na prática.

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“Segundo a Lightpaper [guia do projeto], cerca de 16,4 milhões de tokens podem ser distribuídos por dia como recompensa, o que é quase R$ 100 milhões por mês de inflação”, conta.

“Não dá para saber para onde o preço da moeda vai, mas no patamar atual não é um negócio sustentável. Em suma, a ideia da Nucoin é legal para o programa de recompensas, especialmente porque há muita oferta, mas não é um bom investimento”, completa o especialista.

Paulo Barros

Editor de Investimentos