Cripto encarada como “Nvidia descentralizada” dispara 500% no ano impulsionada por IA; vale a pena investir?

Render Token (RNDR) conecta poder computacional a projetos que precisam de placas de vídeo — como os de inteligência artificial

Lucas Gabriel Marins

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Enquanto o Bitcoin (BTC) engrenava no começo do ano, mas começava a patinar em maio diante de ameaça de juros altos por mais tempo e problemas de liquidez, uma criptomoeda que normalmente não aparece nos holofotes deu um salto de 530% no mesmo período. O nome do “foguete” é Render Token (RNDR).

A Render Network, uma espécie de “Nvidia descentralizada”, foi projetada para conectar usuários ao redor do mundo que têm poder computacional ocioso a pessoas ou empresas que desejam executar trabalhos de renderização (transformar vídeos, fotos e outros materiais em produtos digitais).

Na prática, quem quer rodar um filme e não tem uma placa de vídeo potente, por exemplo, na teoria poderia se conectar à Render e pegar “emprestado” as placas de vídeo de uma lan house no interior de São Paulo. Pelo serviço, o usuário pagaria usando o token RNDR.

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Na manhã desta quinta-feira (1º), o RNDR era negociado a US$ 2,50, em estabilidade nas últimas 24 horas e com queda semanal de 9%, em meio a uma correção no mercado cripto como um todo após uma dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) defender o aumento da taxa de juros, o que repercutiria de forma negativa em ativos de risco como as criptos.

Na perspectiva deste ano, porém, o recuo é baixo: no final de 2022, o RNDR valia apenas US$ 0,40. No mês de maio, por exemplo, o criptoativo ficou com um dos melhores desempenhos, registrando alta de 12,5%.

Por que o RNDR está subindo?

O “boom” da inteligência artificial (IA), somado ao crescimento dos jogos, filmes de alta resolução, projetos 3D e metaversos, está associado à valorização do projeto, disse Alexandre Adoglio, CEO da Sonica.

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“À medida que os aplicativos baseados em IA se tornam mais prevalentes, espera-se que a demanda por serviços de renderização 3D cresça exponencialmente, e o Render Token está perfeitamente posicionado para capitalizar esse crescimento”, disse ele.

O caso da fabricante de chips Nvidia, que chegou a atingir US$ 1 trilhão de valor de mercado por um momento na terça-feira (30), ilustra bem esse cenário.  A empresa previu US$ 11 bilhões em vendas para o segundo trimestre fiscal de 2024, em um sinal de como a inteligência artificial está mudando o setor de tecnologia.

Já segundo o COO da Ribus, Bruno Faria, a alta do RNDR também tem a ver com o desenrolar do projeto. “Eles (Render) estão seguindo o white paper (guia) deles, colocando em prática todo processo de atualização: para que fique com mais força computacional, incluíram projeto 3D”, disse.

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O token, criado em 2009 e lançado em 2017 pela empresa OTOY. Comandada pelo empresário Jules Urbach, a companhia tem histórico de parcerias com empresas de Hollywood para criação de ambientes imersivos em holografia 3D.

Vale a pena investir?

No primeiro trimestre de 2023, segundo dados divulgado no blog da Render Network, um total de 2.119.813 quadros foram renderizados no ecossistema do projeto, número apenas 2% maior que o total registrado no quarto trimestre de 2022.

Para André Franco, head do Research do MB, apesar de quantidade de uso não ser tão alta, a Render Network parece promissora.

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“Vimos bastante inovação na ferramenta deles, o que mostra que o time não ficou parado. Quando a gente está procurando bons projetos, a gente está procurando bons times, que entregam, e essas entregas têm sido satisfatórias. É, portanto, um bom projeto para ficar olho”.

Para Franco, no entanto, o projeto ainda precisa se firmar na área de renderização descentralizada. Isso porque, apesar de a Render afirmar que qualquer pessoa do mundo pode teoricamente emprestar suas placas de vídeo, não é exatamente isso o que ocorre.

“O protocolo ainda é o que a gente chama de permissionado, [pois] precisa da permissão de um órgão centralizado para que determinada placa seja integrada dentro do ecossistema, para que, aí sim, possa renderizar e aceitar alguns trabalhos de renderização dentro da rede”, explica o especialista. “Portanto, ainda mas não é todo mundo que consegue”.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney