Cresce investimento em ouro no Brasil

Brasileiro não tem a cultura de aplicar na modalidade, mas tem olhado com mais atenção para ela, o que faz, inclusive, surgirem novos produtos

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Apesar de ainda não estar enraizado na cultura brasileira, o investimento em ouro tem crescido no País.

De acordo com dados da BM&F Bovespa, o mercado disponível de ouro (250 gramas) negociou, em janeiro, 1.972 contratos, ante 1.592 um mês antes. Desta forma, o volume financeiro passou de R$ 32,6 milhões para R$ 38 milhões.

“Investir direto em commodity não é comum no Brasil. Primeiro, o investidor está aprendendo a entrar na bolsa”, afirmou o diretor de Investimento e Previdência para Pessoa Física do Itaú, Claudio Sanches, sobre o caminho que o brasileiro segue para a diversificação, após a renda fixa. “Mas esse investimento em ouro está começando a crescer”, completou.

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Este crescimento, de acordo com o sócio operador da OM DTVM, Mauri Cavalcante, está relacionado ao “maior investimento em propaganda, à alta nas cotações do ouro nos últimos anos e, consequentemente, à maior lucratividade em relação a outros investimentos, principalmente frente à poupança”.

Modalidade
Existem duas formas de comprar ouro: na BM&F ou no mercado de balcão. Na bolsa, o investidor precisa ter uma conta em uma corretora de valores e os contratos são negociados em lotes-padrão de 250 gramas de ouro ou fracionados, com lotes de 10g. No mercado balcão, por outro lado, o cliente pode investir em barras de 1g até 1kg.

Em todo o ano passado, o Banco do Brasil registrou volume de negociações superiores a R$ 38 milhões em ouro, resultado impulsionado pela expressiva procura pelo metal por parte de seus clientes nos meses de novembro e dezembro, quando o volume de operações mais que dobrou (alta de 176%).

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O banco sugere que a alta foi devido à grande preocupação dos investidores em proteger seu patrimônio, com investimento em ativos de menor risco. Diante deste cenário, as aplicações na modalidade atingiram volumes expressivos no mercado e sua valorização durante 2010 foi de 32,26%.

Novos produtos
Com o investidor olhando para o ouro com mais cuidado, o mercado passa a oferecer novos produtos. O Itaú, por exemplo, disponibilizou, na semana passada, para seus clientes Personnalité, um fundo de capital protegido que investe em ouro.

Esses fundos de estratégia protegida começaram a criar corpo por volta de 2008 e, de acordo com Sanches, são mais procurados por quem tem perfil mais conservador, mas quer dar um passo rumo à diversificação. “O momento é bom, com boa rentabilidade para o ouro”, destacou.

Na modalidade, o investidor ganha na subida da cotação do ouro: se subir até 45%, ele leva essa valorização, e se subir acima disso, leva 165% do CDI. Mas também ganha na queda: se cair 25%, ele leva isso de valorização e, se cair mais do que isso, fica somente com seu capital protegido. A taxa de administração é de 1%.

De acordo com Sanches, o produto só é oferecido para clientes Personnalité porque é destinado aos investidores qualificados – aqueles que, de acordo com a Instrução CVM 409, possuem investimentos financeiros em valor superior a R$ 300 mil e que, adicionalmente, atestam por escrito sua condição de investidor qualificado.

Para Cavalcante, qualquer modalidade relacionada a ouro é uma boa opção, tendo em vista o retorno que ela proporcionou nos últimos anos. Em dez anos, ele aponta que a rentabilidade do ouro foi de 550%.