Corrida por incentivados faz pessoa física investir mais em renda fixa no 1º semestre

Possível fim da isenção de LCIs, CRIs e debêntures incentivadas acelerou investimentos nos primeiros seis meses de 2025, mostra Anbima

Leonardo Guimarães

(Foto: Freepik)
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Com a Selic alta e o possível fim da isenção fiscal em títulos incentivados, os produtos de renda fixa se tornaram ainda mais relevantes na carteira do investidor brasileiro no primeiro semestre. No fechamento de junho, 58,3% dos recursos das pessoas físicas estavam em CDBs, LCAs, títulos do Tesouro Direto e outros, ante 58,1% no fim de 2024.

Ao mesmo tempo, a participação da renda variável caiu de 13,4% para 13,1%, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (11) pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Os CDBs seguem em destaque como os favoritos dos investidores: no fim de junho, o volume investido nos títulos bancários ultrapassou a marca de R$ 1,1 trilhão, o que representa alta de 9,9% na comparação com o fim do semestre anterior, em dezembro de 2024. 

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O crescimento relevante dos títulos incentivados também chama atenção e mostra uma corrida para a alocação antes do possível fim da isenção fiscal, no fim deste ano. O investimento em LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) subiu 17,7%, para R$ 426,5 bilhões. No semestre anterior, a alta foi mais tímida, de 8,9%. Já o volume em debêntures incentivadas cresceu 16,8%, para R$ 93,4 bilhões, ante alta de 6,5% no segundo semestre de 2024.

As aplicações em LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) avançaram 13,2%, para R$ 536,7 bilhões, e em CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), o crescimento foi de 10,7%, para R$94,9 bilhões. 

“A possibilidade de uma grande mudança tributária nos leva a crer que o próximo semestre é mais um em que a renda fixa deve ser o grande atrativo, com investidores garantindo o investimento em produtos incentivados até o fim do ano”, diz Luciane Effting, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima.

Com a evolução no primeiro semestre, as LCAs se consolidaram como o principal produto incentivado, seguidas pelas LCIs. Os produtos bancários, portanto, dominam o mercado incentivado e não incentivado em volume investido por pessoas físicas, já que os CDBs são os mais relevantes para esse público. 

Ações

Apesar da queda de participação da renda variável na carteira do investidor brasileiro, o volume alocado em ações subiu neste primeiro semestre. O avanço foi de 4,2%, para R$ 767,3 bilhões, o que faz do instrumento o segundo mais relevante em volume nos portfólios das pessoas físicas.

Só no varejo tradicional — que tem investidores com patrimônio abaixo do varejo alta renda e private — o investimento em ações cresceu 19,5%. Effting diz que o público “não tinha tanta familiaridade com a pauta da diversificação”, mas vem aprendendo a alocar em diversos instrumentos disponíveis. 

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R$ 7,9 trilhões em investimentos

No total, o volume investido pelos brasileiros chegou a R$ 7,94 trilhões, alta de 6,8% na comparação com o fechamento de dezembro. O varejo tradicional é responsável por 33,5% desse volume, enquanto o de alta renda detém 36% e o private, 30,5%. 

As 88 instituições de distribuição que enviaram dados para o levantamento da Anbima têm, no total, 189,9 milhões de contas de clientes de varejo, o que não representa o número de CPFs, já que uma pessoa pode ter contas em várias instituições. Já as 13 que atendem o segmento private têm 161,7 mil clientes. 

Fundos de investimento 

Nas aplicações das pessoas físicas em fundos, o destaque também é a renda fixa, que concentra R$ 855,7 bilhões investidos após crescimento de 8,2% nos primeiros seis meses deste ano. Logo atrás, estão os multimercados, que perderam 2,5% do volume registrado em dezembro e agora custodiam R$ 532,8 bilhões investidos por pessoas físicas. 

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O volume investido em fundos de ações voltou a crescer (4,4%) após queda no fechamento do semestre anterior. No fim de junho, eram R$ 235,9 bilhões alocados no segmento. Os FIIs (Fundos Imobiliários) aparecem na quarta posição entre os fundos, com R$ 112,1 bilhões e alta de 9,7% ante o fechamento de dezembro. 

Por último, estão os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios). O volume de R$ 35,2 bilhões é o menor entre os segmentos, mas o crescimento é, de longe, o maior: 51%. Com a abertura para o varejo, os fundos de recebíveis vêm crescendo de maneira relevante. Segundo a Anbima, o varejo tradicional é responsável por 71,4% da alta do volume investidor em FIDCs, o que mostra interesse do público geral pelo produto que já vinha ganhando destaque entre os gestores de fundos de crédito privado.