Correção em ações de tecnologia é oportunidade, diz BlackRock

Gestora americana cita indefinições da corrida eleitoral, além de atenção de investidores com balanço da Nvidia como possíveis fontes de incremento da flutuação de preços

Bruna Furlani

Operadores na bolsa de Nova York 12/06/2024. Foto: REUTERS/Brendan McDermid
Operadores na bolsa de Nova York 12/06/2024. Foto: REUTERS/Brendan McDermid

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Depois de meses de recorde após recorde, ações de tecnologia americanas passaram por uma forte reprecificação nas últimas semanas, o que trouxe dúvidas para uma legião de investidores que lucraram e muito com os papéis neste ano. Para a BlackRock, gestora americana com quase US$ 11 trilhões sob gestão, o momento de correção deve ser visto como uma “oportunidade” para investir nos papéis.

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Em comentário semanal enviado a clientes na última segunda-feira (22), a gestora afirmou que está com uma posição acima da média de mercado no setor de inteligência artificial (IA) e destacou que as grandes empresas de tecnologia provocaram mudanças estruturais no mercado, ao contrário de movimentos mais momentâneos vistos em outros casos.

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Na visão da BlackRock, a correção recente nos preços de ações de tecnologia foi fruto de um movimento macroeconômico que favoreceu papéis de empresas de menor valor de mercado e mais sensíveis às taxas de juros americanas. A casa lembra que a alta desses papéis em detrimento das techs ocorreu após dados melhores de inflação que reforçaram as expectativas de que o corte de juros nos Estados Unidos possa estar mais próximo.

“Esperamos que essa recuperação [das ações de menor valor de mercado] seja de curta duração, uma vez os bancos centrais provavelmente irão manter as taxas elevadas por mais tempo, diante da persistência das pressões inflacionárias”, afirmou a BlackRock, que não vê essas companhias expostas à transformação gerada pela IA.

Na avaliação da gestora, agentes financeiros colocaram recentemente uma “barra alta” em relação ao que esperam para o lucro das empresas de tecnologia nos próximos meses. Apesar disso, a casa disse ver chance de que as maiores companhias consigam bater as expectativas e entregar bons resultados.

O consenso LSEG de analistas, por exemplo, prevê que o lucro das empresas de tech americanas cresça 18% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado — percentual que está bem acima do esperado para as demais empresas do S&P500 em que a projeção é de um aumento de 2% na mesma base.

Na visão da gestora, as grandes expectativas para os lucros das grandes empresas de tecnologia devem diminuir ao longo do ano, à medida em que as projeções para esse indicador devem melhorar para outros setores que podem se beneficiar da AI, como indústria, energia, saúde e materiais.

Mais volatilidade e incertezas na mesa

Embora otimista, a BlackRock afirmou ainda que os próximos meses podem ser de volatilidade nos mercados e citou alguns fatores que devem ser monitorados. A alta expectativa de investidores pelos resultados da Nvidia (NVDC34), que são esperados para o fim de agosto, e um possível aumento dos temores de que o crescimento de lucro entregue pelas empresas de tech não “justifique” a grande quantidade de capital investida são alguns dos exemplos.

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A gestora também disse que a redução dos negócios com a aproximação do verão no hemisfério norte poderá intensificar a flutuação de preços no período, assim como as indefinições em torno da corrida eleitoral nos Estados Unidos.

“O anúncio no fim de semana de que Joe Biden [atual presidente dos EUA] abandonará a corrida presidencial pode aumentar a volatilidade, embora a pressão pela sua renúncia tenha sido construída ao longo das últimas semanas”, destacou a casa.

A BlackRock também ponderou que qualquer novo acordo comercial ou eventual mudança nas políticas regulatórias que busque restringir o desenvolvimento da IA após novembro poderá prejudicar as ações e provocar novas correções nos papéis de tech.