Comprar títulos públicos ainda vale a pena? Gestores da Mauá e da Pacífico respondem

Com a Selic na mínima histórica, melhores retornos em títulos públicos só deverão ser encontrados em vencimentos mais longos

Mariana Zonta d'Ávila

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Em meio ao processo de flexibilização monetária em curso pelo Banco Central, que já promoveu três cortes da taxa Selic este ano, quem investiu no Tesouro IPCA+ 2045 (papel antigamente conhecido como NTN-B) em janeiro poderia embolsar lucro da ordem de 70%, caso optasse por vender os papéis no fim de outubro. Esse ganho gigantesco, que se replicou para outros títulos públicos e ficou acima do desempenho do Ibovespa no período, de 22%, pode estar, contudo, com os dias contados.

Com as taxas em níveis historicamente baixos, as oportunidades de ganho, tanto de capital quanto para o carrego dos papéis, têm se mostrado cada vez menores. Na avaliação de Luiz Fernando Figueiredo, sócio-fundador da Mauá Capital e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, não é mais confortável ficar comprado em NTN-B, dado que os títulos não estão pagando taxas acima da meta atuarial, utilizada para medir a menor rentabilidade que um investimento deve ter.

“Pode até ser que haja espaço para mais fechamento da curva de juros [queda das taxas e consequente aumento dos preços], mas o grosso já se foi”, afirmou Figueiredo, durante evento da TAG Investimentos realizado ontem (7), em São Paulo.

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Questionado se o investidor deveria manter suas posições, Figueiredo respondeu negativamente: “A palavra risco subiu em cima da mesa, então todo mundo vai ter que correr risco”.

Eduardo Moreira, sócio fundador da Pacífico Gestão de Recursos, que também participou do painel, afirmou que hoje é possível pensar em prêmio nos títulos públicos apenas quando olhamos para papéis com vencimentos mais longos. “Mas tem que lembrar que prêmio é risco, e nesses papéis está embutido o risco fiscal de Brasil, como as reformas e a retomada do crescimento”, disse.

Segundo ele, o movimento visto até o momento foi de “beta”, com todo mundo ganhando dinheiro ao emprestar para o governo. No contexto atual, contudo, começa o ciclo de “alfa”. “Até agora, grande parte do ganho estava ligada a uma ativo. Deu muito retorno, mas um fundo de gestão ativa de renda fixa vai muito além da NTN-B”, afirma.

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Na curva mais longa dos juros, Figueiredo também disse que ainda pode ter prêmio, mas que o investidor não deve apostar todas suas fichas nesse cenário. “Tanto em juro real como nominal, o investidor vai ter que olhar para ativos ligados à economia real, como crédito, imóveis e ações”, observou.

Bolsa é a nova NTN-B?

Para os gestores mencionados, a resposta à pergunta é afirmativa. Com juros na mínima histórica, o investidor que quiser retorno vai ter que se mexer, e isso inclui aumentar a exposição a ativos de renda variável. Neste ano, o número de investidores pessoa física na Bolsa ultrapassou o primeiro milhão e o Ibovespa superou a máxima histórica dos 109 mil pontos, o que começa a levantar dúvidas se os preços dos ativos já não estão salgados.

Na visão de Figueiredo, o índice não está caro, e há espaço para a Bolsa brasileira subir ainda mais: “Este não é nem o começo”.

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O CEO da Mauá destacou que, nos últimos cinco anos, por conta da recessão, as empresas reduziram muito o custo de capital e o volume de endividamento. “Com tudo isso e com um volume de ociosidade muito grande, qualquer melhora na demanda é margem e produtividade na veia.”

Com relação à volta do fluxo estrangeiro para o mercado de capitais, Moreira, da Pacífico, disse que a confirmação da expectativa pode se resumir em uma única palavra: crescimento, o que ainda precisa ser visto tanto pelos investidores locais quanto pelos internacionais.

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