Comprar imóvel na planta virou coisa de maluco? Especialistas respondem

O cenário atual não é dos mais fáceis para as construtoras e incorporadoras no Brasil

Leonardo Pires Uller

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SÃO PAUO – Comprar imóveis já pareceu ser um negócio da China para muitos brasileiros. Afinal, as promessas sempre foram de pagar um preço abaixo do valor do mercado e prestações mais baixas enquanto os preços subiam vertiginosamente. No entanto, atualmente, o cenário é completamente diferente: a crise econômica e a alta de juros desaqueceram a demanda no mercado imobiliário, levando a uma queda de preços e a fazer com que muitas incorporadoras e construtoras, algumas delas até ligadas a grupos investigados na operação Lava Jato, entrassem em situação financeira extremamente delicada. Ainda faz sentido comprar imóveis na planta tendo em vista esse cenário?

“Imóvel na planta nunca foi uma ideia sensacional. Parecia que era bom no passado porque o preço dos imóveis subia, mas na realidade, quando você compra um imóvel na planta, não está comprando nada. Apenas uma promessa de que a obra ficará pronta”, crava Marcelo Tapai, advogado especialista em direito imobiliário do escritório Tapai Advogados.

Bruno Ponciano, assessor de investimentos e sócio da Aequilibrium Investimentos segue a mesma linha de raciocínio. “Parece que não é o momento e sinceramente acho que vai demorar um bom tempo para voltar a ser um bom negócio”, comenta. O assessor destaca a falta de confiança dos consumidores no momento atual, que deverá melhorar apenas com uma melhora na economia.

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“Em segundo lugar temos a questão do crédito bancário, os bancos estão bem mais criteriosos na concessão devido ao grande percentual de atrasos e para piorar temos uma taxa básica de juros (Selic) ainda na casa dos 14% ao ano que deixam os juros do crédito imobiliário muito altos”, explica Bruno.

Tapai ainda comenta que, apesar de existirem mecanismos que garantem alguma segurança ao investidor no caso de a construtora que está construindo um empreendimento falir, o processo será uma verdadeira dor de cabeça para os compradores. “Ninguém vai sair ileso de um problema desses”, aponta.

“Some-se a tudo isso a taxa de retorno dos investimentos de baixo risco e também a correção do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) durante o período de construção até a entrega. Para termos uma ideia hoje é possível investir em títulos prefixados do Tesouro Nacional com taxa Bruta de 12,20% ao ano, isso dá cerca de 30% líquido ao final de 3 anos com total liquidez durante todo esse período e sem surpresas. Quem arrisca que um imóvel vai valorizar dessa mesma forma e que após os 3 anos será fácil e rápido vende-lo com este ganho líquido?”, questiona Bruno Ponciano.

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“Ontem mesmo tivemos um pedido de recuperação da Construtora e Incorporadora Viver. Sabemos que a medida não é sinônimo de falência da empresa mas sem dúvida é um alerta de que as coisas não estão muito bem. E não é estranho também uma vez que as construtoras precisam da entrada de recursos em seus caixas e os lançamentos estão parados, temos um grande estoque em todo o Brasil. Isso pode significar demora na entrega das chaves de diversas obras e consequente dor de cabeça para o proprietário. A hora é de pechinchar e buscar boas alternativas”, finaliza o assessor de investimentos.