Como os melhores gestores de fundos de renda fixa ganham dinheiro

Os premiados na categoria renda fixa crédito privado na primeira edição do ranking InfoMoney-Ibmec contam sua estratégia – e suas apostas para o ano.

Giuliana Napolitano

Com a queda dos juros, os investidores que querem continuar aplicando na renda fixa passaram a buscar alternativas mais rentáveis. Uma das preferidas foram os fundos de crédito privado, que aplicam em papéis emitidos por empresas e bancos para financiar suas atividades, como debêntures e Letras Financeiras.

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A emissão desses papéis aumentou nos últimos três anos – em parte, porque as companhias deixaram de contar com o viés expansionista dos bancos públicos –, o que ampliou o leque de produtos à disposição do investidor. Mas os desempenhos dos fundos foram desiguais.

Os gestores que entregaram os melhores resultados a seus investidores foram BTG Pactual, JGP e CA Indosuez. É isso que mostra a primeira edição do ranking de Melhores Fundos de Investimentos do InfoMoney-Ibmec.

Elaborado com uma metodologia desenvolvida pelo Ibmec, uma das principais escolas de negócios e finanças do país, o ranking foi baseado em critérios de risco e retorno, em três categorias – ações, multimercado, renda fixa crédito privado e imobiliário. Foi analisada a performance dos fundos num período de três anos, e não apenas no último ano, pois o objetivo é premiar a consistência de retornos.

Confira abaixo os vencedores na categoria Crédito Privado. Dois deles – o JGP Corporate FIC e o CA Indosuez Vitesse – estão disponíveis na plataforma da XP Investimentos. Abra sua conta, é de graça!

Fundos de Crédito Privado
Retorno em 12 meses Retorno em 36 meses
1º – BTG Pactual Crédito Corporativo I FICFI RF CP 7,6% (117,8% do CDI) 39,2% (117,6% do CDI)
2º – JGP Corporate FIC FI RF CP LP 7,4% (115,4% do CDI) 39,5% (118,5% do CDI)
3º – CA Indosuez Vitesse FI RF CP 7,6% (117,7% do CDI) 38,1% (114,3% do CDI)

Um dos grandes desafios de investir no mercado de crédito privado é que um problema financeiro numa empresa pode levá-la a renegociar suas dívidas – ou mesmo deixar de pagá-las –, o que significa prejuízo para os fundos que aplicam nos papéis que ela emitiu.

Por isso, gestores premiados dizem ser obcecados por analisar os fundamentos das empresas em que investem, seu fluxo de caixa, o perfil das dívidas e as garantias dadas aos credores. “Uma parte importante do nosso trabalho é evitar problemas”, diz Andre Fadul, portfolio manager do CA Indosuez.

Para reduzir o risco, os gestores diversificam – e no fundo JGP Corporate, por exemplo, há 70 papéis de 50 empresas diferentes – e fazem uma administração ativa dos investimentos.

“Um evento como uma renegociação de dívidas ou um calote não acontece da noite para o dia. Só se for uma fraude. Nos demais casos, é possível perceber a deterioração da situação financeira da empresa fazendo um bom acompanhamento, e vender antes de perder dinheiro”, diz Guilherme Lima Bragança, sócio da JGP.

Essa gestão ativa se tornou factível nos últimos anos, com o aumento da liquidez no mercado secundário. “Houve uma mudança de paradigma nesse segmento: o gestor não precisa mais carregar os papéis até o vencimento. Pode vender antes se achar que terá problemas, ou que há oportunidades melhores no mercado”, diz Allan Hadid, vice-presidente operacional da gestora do BTG.

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A dificuldade atualmente é encontrar papeis ainda rentáveis – como a demanda é alta, a rentabilidade dos títulos tem diminuído. Hadid diz que a equipe do BTG faz isso analisando praticamente tudo que é emitido. “Alguns investidores têm medo de complexidade. Nós gostamos disso. É quando conseguimos nos diferenciar”, afirma.

A JGP tem a preocupação de limitar o tamanho do fundo, para não ser obrigada a comprar o que não parece tão interessante. “Se crescemos demais, precisamos baixar a régua da rentabilidade ou da qualidade dos ativos”, diz Bragança. O JGP Corporate tem um patrimônio de R$ 950 milhões e está fechado para captação.

No CA Indosuez, o lema é seguir os processos e controles já estabelecidos pela equipe e não correr riscos desnecessários. “Alguns gestores estão comprando papéis de prazo mais longo para conseguir retornos maiores. Mas, se houver qualquer problema, o tombo pode ser grande”, diz Fabio Passos, chief investment officer do CA Indosuez.

Investimento em infraestrutura

Ainda que as perspectivas para o país sejam positivas, a gestão dos três fundos é conservadora. Papéis ligados ao setor de infraestrutura estão entre os vistos como mais promissores por BTG e CA Indosuez agora.

Motivos principais: geração de caixa previsível, o que diminui o risco de elas deixarem de pagar o que devem, e expectativa de crescimento da economia, o que deve elevar a necessidade de financiamento desse setor, aumentando a oferta de papéis.

O Indosuez é mais específico e diz estar otimista com o setor de saneamento. “Além da previsibilidade de fluxo caixa, existe a expectativa de aprovação de um novo marco regulatório para o setor, que seria um divisor de águas, com perdão do trocadilho. É o risco de uma surpresa positiva, mas, mesmo sem isso, a perspectiva de retorno é interessante”, diz Fadul.

Os gestores esperam que o volume de emissões de títulos de dívida aumente neste ano. “Hoje, muitas emissões são para reorganizar o perfil da dívida, alongando o prazo ou reduzindo o custo, ou para fazer investimentos para compensar a depreciação. Ainda não vimos investimento para aumentar a produção, mas isso deve acontecer se a confiança voltar”, diz Lima Bragança, da JGP. Para isso, claro, é necessário que a reforma da Previdência seja aprovada.

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.