Como o planejamento e os investimentos certos podem mudar sua vida

A grande maioria das famílias trata a poupança como a última linha do orçamento familiar, quando na verdade, deveria ser primeira, diz planejador financeiro

Equipe InfoMoney

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Texto de Guilherme Kolberg, planejador financeiro pessoal com certificação CFP®(Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros. 

Imagine que você quer fazer uma viagem do Rio de Janeiro até Fortaleza. Você conseguiria fazer essa viagem de bicicleta? Para os amantes do esporte, com uma boa dose de preparação e tempo, isso até seria possível. No entanto, é inegável que uma viagem dessas teria que ser feita com um carro ou um avião para a maioria das pessoas. Isso é exatamente o que acontece no Brasil no que diz respeito ao planejamento financeiro. Temos pessoas com objetivos definidos (como ir até Fortaleza), usando veículos inadequados. É o típico caso do investidor que sonha em se aposentar antes dos 60 com uma renda elevada, mas jura de pés juntos que é conservador e que investir em CDB é o maior risco que ele aceita tomar. Ao final da história: ele não consegue chegar ao seu destino final.

Segundo um estudo feito pelo HSBC seguros, chamado “O Futuro da Aposentadoria”, disponível em: http://www2.hsbc.com.br/hs/campanhas/for4/, os brasileiros acumulam somente metade do que precisariam para se aposentar de maneira confortável. Isso se deve a falta de planejamento no que diz respeito a 3 pontos importantes

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• Poupar de forma recorrente

– A grande maioria das famílias trata a poupança como a última linha do orçamento familiar, quando na verdade, deveria ser primeira. O famoso “se sobra alguma coisa, eu guardo”.

• Não se sabe quanto se precisa acumular

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– Já ouvi coisas do tipo “o máximo possível”. Se não sabe aonde se quer chegar, impossível se traçar um plano.

• Má alocação dos recursos

– “eu coloco tudo na poupança porque é seguro”. Essa é a escolha da bicicleta quando se quer viajar até Fortaleza, conforme o exemplo acima. Muitas pessoas, por falta de conhecimento, não percebem que os veículos escolhidos não vão levar até os objetivos que querem atingir, pelo fato de terem rentabilidades limitadas.

Definindo objetivos financeiros

Para ajudar o leitor na prática, vamos nos concentrar a como definir objetivos de acumulo de capital. Para fazer isso, temos que ter em mente dois pontos importantes:

Dito isso, vamos imaginar que a nossa vida financeira é como uma prova de faculdade, onde você precisa tirar no mínimo nota 7 para passar. Sendo assim, o que vamos fazer agora, é definir qual o valor de capital que precisamos ter para atingir uma nota 10 e a nota 7.

Atingindo a nota 10

Ter nota 10 na vida financeira significa acumular um montante de recursos que o permita viver de renda, isso é, somente a rentabilidade do capital que você possui já paga todas as suas despesas anuais. Aqui, a matemática é simples, e com uma calculadora normal você pode fazer essa conta.

Capital para viver de renda = despesas anuais/taxa de rentabilidade real anual

Vamos imaginar um personagem fictício, chamado Victor. Victor hoje tem 30 anos e pretende se aposentar aos 60. Ele mantém seu padrão de vida gastando 10 mil reais mensais e, pretende manter o mesmo padrão quando aposentado. Sua carteira de investimentos rende em torno de 9% a.a, já descontado o imposto de renda. A inflação anual fica em torno de 6%. Qual o valor que ele precisaria acumular para viver de renda?

120.000/3% ao ano = 4 milhões

Acumulando esse valor e essas premissas se mantendo, Victor conseguirá viver com 10 mil reais a valores atuais por toda sua vida, deixando esse capital ainda de legado para seus filhos e netos.

Atingindo a nota 7

Não são todos os alunos que atingem a nota 10, mas 7 já é suficiente para passar por média. Imagine agora que Victor acredita que seus filhos foram muito bem criados e ele não julga necessário deixar nenhum legado para as gerações posteriores. Ele não precisa necessariamente atingir os 4 milhões de patrimônio, mas sim um capital que o permita viver com a qualidade que ele deseja até o dia que não estiver mais aqui. Vamos supor então que Victor irá viver até seus 90 anos.

Para realizar essa conta, recomenda-se usar uma calculadora financeira. Basta apertar os botões conforme mencionado abaixo:

n = número de anos que Victor irá viver entre sua aposentadoria e o seu falecimento? = 30

i = taxa de rentabilidade real dos investimentos de Victor? = 3% a.a

PMT = quanto Victor irá gastar por ano na sua aposentadoria? = 120.000

FV = Quanto Victor terá aos 90 anos? = 0

PV = é o valor que queremos descobrir, ele representa quanto Victor precisará ter para viver consumindo seu patrimônio até os 90 anos = ?

A resposta é R$ 2.352.052.

Esse é o valor que Victor precisa acumular para poder gastar 120 mil reais por ano a partir dos seus 60 anos. Menos que isso, nos indicaria que ele terá problemas em manter o seu padrão de vida na aposentadoria, o que é a realidade para maioria dos brasileiros.

Conclusão

Obviamente existem inúmeros outros fatores importantes e também variáveis que devem ser levadas em consideração, como alterações nos cenários, possíveis heranças, mudanças no padrão de vida e outros. No entanto, o simples fato de saber o montante que se deve acumular já deixa o caminho muito mais claro.

Planejamento

A brincadeira para Victor agora é simples. Ele se posicionando em qualquer lugar entre a nota 7 e 10 seu objetivo financeiro será atingido, que é conseguir manter o padrão de vida. Infelizmente, quando realizamos esse mesmo estudo com diversas pessoas, poucas delas conseguem sequer se aproximar da nota 7.

É o preço que pagamos pela falta de educação financeira de base.

Bons investimentos,

 O texto reflete as opiniões do autor. O Infomoney não se responsabiliza pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.