Começou o corte de estímulos nos EUA; 2014 será o ano das exportadoras?

De acordo com Adriano Moreno, analista da Futura Investimentos, um dos setores que mais pode se beneficiar da alta do dólar é o de Papel & Celulose

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – Na última quarta-feira (18), o Fed (Federal Reserve – banco central dos EUA), após a reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), decidiu começar o temido tempering, que consiste no corte gradual do programa de estímulos à economia norte-americana, conhecido como QE3 (Quantitative Easing).

O programa, que injetava US$ 85 bilhões por mês na economia do país – por meio de compra de títulos – para aumentar sua liquidez, agora passou a injetar US$ 75 bilhões, sinalizando que os cortes devem continuar no ano que vem. Isso deve diminuir a liquidez nos mercados mundiais, fazendo o dólar ficar supervalorizado ante outras moedas, principalmente dos países emergentes.

Com essa depreciação de nossa moeda local frente o dólar, empresas exportadoras tendem a performar melhor, afinal, elas compram suas matérias-primas em real e vendem seus produtos em dólar, o que ocasiona em um lucro maior e reflete em seus resultados no fim do trimestre.

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De acordo com Adriano Moreno, analista da Futura Investimentos, essa tese faz todo o sentido, mas por já estar precificado, talvez não venha na intensidade que estão imaginando. “Empresas que se beneficiam de um real mais fraco faz todo sentido, mas essa historia não é nova. As siderúrgicas dobraram de preço nos últimos anos, então isso já está precificado”, afirmou. “Claro que um câmbio acima de R$ 2,50 em um momento de aversão a risco vai beneficiar essas empresas, mas o que o Fed fez ontem não foi uma novidade e nem impressionou ninguém. É só olhar para a bolsa hoje (19)”, completou.

Sobe no boato, cai no fato
Ainda de acordo com o especialista, o mercado sempre a famosa regra: “sobe no boato e cai no fato”. A piora de fundamentos do Brasil e a volatilidade trazida pelas eleições vão prejudicar a bolsa no ano que vem, mas quando todo mundo está falando que vai acontecer alguma coisa, aquilo já fica no preço. “Nós temos uma tragédia anunciada no ano que vem, então talvez não caia tanto assim. Eu, pelo menos, nunca vi mercado cair com tragédia anunciada”, disse Moreno.

Para ele, só acontece um desastre quando ele não está precificado, pois sempre tem elementos novos que fazem os mercados terem um movimento forte. “O dólar está precificado a R$ 2,40 ou R$ 2,50 no ano que vem, então se ficar nisso, mesmo sendo alto, o reflexo nas empresas não será tão grande, mas se for maior ou menor que isso, sai da curva, então ai o resultado pode ser expressivo, para cima ou para baixo”, completou.

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Os melhores setores e empresas
De acordo com o analista, os setores (e as respectivas empresas) que mais podem se beneficiar de um dólar acima de R$ 2,50 são os: de Papel & Celulose (Suzano [SUZB5], Klabin [KLBN4] e Fibria [FIBR3]), de Alimentos (Minerva [BEEF3], Marfrig [MRFG3], BRF [BRFS3]), as Siderúrgicas (Gerdau [GGBR4], Usiminas [USIM5] e CSN [CSNA3]), as de Autopeças (Randon [RAPT4], Iochp-Maxion [MYPK3], Weg [WEGE3] e Marcopolo [POMO4]), Aeronáutica (Embraer [EMBR3]) e Comércio internacional (Dufry [DAGB33]).