Com retorno de até IPCA mais 7%, setor elétrico domina debêntures recomendadas em maio; veja lista completa

XP Investimentos, Ativa e Santander montaram carteiras incentivadas que indicam boas opções para quem quer segurança

Neide Martingo

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O apetite dos investidores pelas debêntures acompanha a rentabilidade oferecida por esses papéis: cada vez maior, por conta da taxa Selic, mantida em 13,75% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). E há mais um detalhe importante: as debêntures incentivadas são isentas de Imposto de Renda.

“A taxa Selic está num alto patamar, assim como a curva de juros. Desta forma, os títulos de renda fixa estão bastante atrativos. Isso vale principalmente para os títulos prefixados e para os indexados à inflação”, diz Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.

Segundo ele, as debêntures incentivadas são indexadas à inflação e devem se beneficiar de um um fechamento (queda) da curva de juros. “Isso deve acontecer no momento em que o Banco Central começar a perceber que os dados inflacionários estão arrefecendo, e mostrar no comunicado que já pode começar a pensar em cortar juros”.

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Outro fator que estimula o investimento em debêntures vem do spread de crédito. “Há sempre um risco de quem está emitindo a dívida não pagar ao investidor. Desde que aconteceu o problema da Americanas, e depois o da Light e de outras varejistas, o mercado de crédito  ‘secou’ – e os investidores estão mais criteriosos”, detalha o especialista. Isso faz com que o spread de crédito fique mais alto. Muitas empresas enfrentam dificuldade financeira por conta dos juros altos. E têm que enfrentar a necessidade de rolar a dívida. Com o mercado fechado, o jeito é aumentar o prêmio para atrair interessados nos papéis.

Para quem já tinha debêntures na carteira, a elevação dos juros ao longo de 2022 pesou sobre os preços dos papéis, devido aos efeitos da marcação a mercado (entenda do que se trata aqui).

Mas para quem tem dinheiro novo para investir, a visão é outra. Não são raras as debêntures emitidas por empresas com as mais altas notas de qualidade de crédito – que indicam um risco baixo de calote – pagando remuneração elevada. A vontade é de aproveitar a chance de assegurar um retorno atrativo por um período razoável.

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Quais papéis escolher?

Não basta focar nas debêntures. É preciso saber quais são os ativos que podem oferecer a melhor remuneração, além de segurança. Os setores que concentram o maior número de empresas com os papéis mais atraentes são petróleo, energia, telecom e infraestrutura e logística, dizem os analistas.

De acordo com a XP, a debênture triple AAA da Eneva (ENEV19), com retorno de IPCA+6,50% e vencimento em setembro de 2032, é uma boa opção.  A Eneva é o maior grupo privado de geração térmica no país. Por conta de seu sistema verticalizado de produção, o custo de despacho é o mais baixo entre os pares e, portanto, é chamada a operar com frequência. A maior parte da sua receita é fixa, reajustada anualmente pelo IPCA, o que garante relativa previsibilidade de resultados.

Os papéis da companhia são também destaque na carteira recomendada do Santander, com outra taxa (IPCA+7,08%) e vencimento (julho de 2032).

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Além da Eneva, o Santander incluiu na carteira de maio as debêntures da PetroRio (PEJA11), com IPCA+7,73% e vencimento em agosto de 2032, e da Jales Machado (JALL13), com IPCA+6,96% e prazo final em setembro de 2032.

A Rumo (RUMOA3) também está nas indicações do banco, com IPCA+6,35% e vencimento em outubro de 2029, assim como a ISA CTEEP (CTEE18), com IPCA+6,25% e prazo final em dezembro de 2029.

A Ativa Investimentos mantém uma visão cautelosa com relação ao cenário econômico. A casa entende que ainda há grandes incertezas a respeito do movimento da Selic para este ano e com relação aos rumos do novo arcabouço fiscal.

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A carteira recomendada de debêntures da Ativa está composta por papéis da Brisanet (BRST11), com IPCA+8,20% e vencimento em março de 2028, Companhia Estadual de Distribuição de Energia (CEED2), que paga IPCA+7,06% e tem prazo final em agosto de 2029; Holding do Araguaia (HARG11), com IPCA+8,16% e vencimento em outubro de 2036; Itapoá (ITPO14), IPCA+8,8% e vencimento em novembro de 2036; e a PetroRio (PEJA11), que também está na carteira do Santander, com retorno de IPCA+7,88% e vencimento em agosto de 2027.

Detalhe: a Ativa colocou a Companhia Estadual de Distribuição de Energia na carteira, no lugar de Eneva (ENEV19), por apresentar uma taxa mais atrativa, e com um risco  mais baixo, segundo o relatório da casa, que detalha: “Trata-se de um risco da Equatorial, empresa que adquiriu a CEEE-D, com a intenção de reestruturá-la, além da controladora possuir bom rating no mercado. Com isso, aumentamos a taxa média da carteira, sem aumentar o risco e mantendo uma posição no setor elétrico”.

Debêntures incentivadas

As debêntures incentivadas servem para captar recursos para projetos específicos, voltados ao desenvolvimento da infraestrutura do país. Foram regulamentadas pela lei 12.431, de 2011, e também são chamadas de debêntures de infraestrutura. Entre os setores prioritários para a emissão dos papéis estão logística, transporte, saneamento básico, energia e muitos outros.

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O incentivo oferecido nessas debêntures para despertar o interesse dos investidores é a isenção de Imposto de Renda sobre o rendimento. Essa é a principal vantagem do produto.

Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney