SÃO PAULO – A mudança na remuneração do Tesouro Selic (LFT) promovida pelo Tesouro Nacional faz com que o retorno do título público passe a superar o da poupança na grande maioria das vezes, inclusive no curto prazo, com uma vantagem definitiva a partir do sexto mês da aplicação.
É o que revela um levantamento feito pela XP Investimentos, que mostrou grande diferença de rendimento a partir da redução do spread (diferença entre taxa de compra e de venda) do Tesouro Selic.
No pior dos cenários, o título público só teria retorno inferior ao da caderneta em quatro dias úteis de um mês. Até então, o spread de 0,04% garantia uma vantagem à poupança em 12 dias, no máximo.
Segundo o estudo da XP, nos primeiros 30 dias da aplicação (chamado de mês zero), o retorno líquido da caderneta passou a superar o do Tesouro Selic em apenas quatro dias úteis, ante os 11 de quando o spread era de 0,04%; no mês 1, o número de dias da vantagem da poupança caiu de 12 para quatro; no mês 2, de dez para três; e no mês 3 de dez para dois dias úteis.
Depois de cinco meses do investimento, se o investidor tiver permanecido com o papel e decidir resgatá-lo, ele terá um retorno superior ao da poupança a qualquer momento, como é possível observar na tabela a seguir.
Tempo de aplicação | Spread de 0,01% | Spread de 0,04% |
Mês 0 | 4 dias | 11 dias |
Mês 1 | 4 dias | 12 dias |
Mês 2 | 3 dias | 10 dias |
Mês 3 | 2 dias | 10 dias |
Mês 4 | 1 dia | 9 dias |
Mês 5 | 0 dias | 6 dias |
Mês 6 | 0 dias | 1 dia |
Fonte: XP Investimentos
Elaborado pela equipe de renda fixa da XP Investimentos a pedido do InfoMoney, o levantamento mostra em quantos dias de cada mês a poupança tem rentabilidade superior à do Tesouro Selic, com spreads de 0,04% e 0,01%.
Vale lembrar que a remuneração da caderneta de poupança está atrelada à sua data de aniversário, ou seja, ao dia de abertura da conta. Se for o dia 20, por exemplo, e o investidor sacar os recursos no dia 18, ele não terá direito aos rendimentos do mês.
Com a Selic abaixo de 8,50% ao ano, a poupança tem rendido apenas 70% da Selic anualizada mais TR (atualmente equivalente a zero), mas não sofre a incidência de Imposto de Renda nem de outros custos operacionais.
Já o Tesouro Selic tem como desvantagens a tributação, com uma alíquota decrescente que varia de 22,5% a 15%, a cobrança de IOF no caso de resgate no primeiro mês e a taxa de custódia de 0,25% ao ano da B3.
Na prática, ainda que a poupança possa ser mais vantajosa que o Tesouro Selic em alguns momentos no curto prazo, é missão impossível ao investidor acertar as datas exatas dos rendimentos mais expressivos.
No médio e no longo prazo, a diferença de retorno com a mudança no spread fica ainda mais visível.
“Ao reduzir esse deságio [de 0,04% para 0,01%], o desconto no preço do papel ficou menor. Dessa forma, se o investidor fizer o resgate antecipado agora, ele terá uma rentabilidade mais próxima à da Selic”, diz o economista e professor do InfoMoney Alan Ghani.
Em comunicado, o Tesouro afirmou que o spread é necessário para evitar que as oscilações dos preços praticados no mercado secundário resultem em perdas para o investidor ou para o Tesouro Nacional.
O “queridinho” do investidor
Indexado à taxa básica de juros, o Tesouro Selic é um dos papéis mais demandados pelos investidores por conta de sua alta liquidez e do perfil mais conservador. Além de ter a recompra diária garantida pelo Tesouro, como os demais títulos públicos, o papel apresenta baixa volatilidade, o que justifica sua indicação especialmente para a chamada “reserva de emergência”. Atualmente, o Tesouro Selic à venda no Tesouro Direto tem vencimento em 1º de março de 2025.
Como escolher em qual título investir?
Ghani ressalta que não existe o “melhor título” do Tesouro Direto, mas aquele que se adequa ao seu perfil de investidor.
Enquanto investidores tendem a procurar ganhos de curto prazo com papéis com retorno prefixado, de perfil mais arriscado, aqueles de olho na aposentadoria podem se beneficiar da aplicação em papéis indexados à inflação com vencimentos mais longos.
Já para complementar a renda, títulos que pagam juros semestrais podem ser interessantes. Ghani explica que o Tesouro Selic deve compor a carteira do investidor quando o objetivo é baixa volatilidade e liquidez imediata sem risco de mercado.
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