Com foco em minimizar riscos, Xavier, da SPX, recomenda cautela: “não dá para ser incisivo em nenhuma posição agora”

Fundador da gestora cobrou ainda ação grande e incisiva do governo brasileiro para conter a crise

Beatriz Cutait

SÃO PAULO – Com um tom cauteloso e deixando claro que o cenário segue incerto para as economias e o mercado financeiro, Rogério Xavier, fundador da gestora SPX, recomendou aos investidores tomarem cuidado, terem pouco risco, e sinalizou que o melhor, por ora, é aguardar.

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“Temos evitado ter posições direcionais muito expressivas, porque achamos que o mais importante neste momento é cruzar o rio. Achamos que, se chegarmos vivos do outro lado da margem, as oportunidades que vão surgir após uma estabilização do mercado vão continuar lá e vão nos dar muito mais segurança para entrar no mercado e tentar ganhar dinheiro, do que entrar agora sem saber se ele chegou ao fundo do poço ou não”, disse Xavier, em live feita na noite desta quinta-feira com Beny Podlubny, head da XP Private.

Segundo Xavier, o portfólio da SPX está tentando evitar riscos, com foco na preservação de capital. Dessa forma, a gestora não tem posições direcionais em Bolsa ou em juros, o que não quer dizer que os preços não possam estar convidativos.

O fundador da gestora chamou a atenção para as taxas de dois dígitos de títulos prefixados de cinco ou dez anos, assim como para o juro real de 4,5% visto recentemente nos papéis indexados à inflação. Para aqueles com caixa, Xavier assinalou que estaria olhando mais para a parte de renda fixa do que de renda variável neste momento.

“Embora a alavancagem da renda variável seja maior, hoje o mundo oferece retornos muito atrativos na renda fixa”, observou o gestor, ressaltando que enxerga muita coisa boa no mercado de crédito privado.

O ponto é que, com tamanha incerteza no horizonte, Xavier acredita que não dá para ser incisivo em nenhuma posição neste momento. E enxerga como um aspecto potencialmente positivo o processo de aprendizado na crise, que pode ajudar a conter um pouco da euforia nos mercados.

Hora de ação grande e incisiva

Na transmissão, Xavier também comentou sobre a atuação dos governos e disse ser precipitado traçar qualquer cenário para a economia brasileira, cuja situação vai depender do tamanho da ajuda federal, assim como seu alcance e sua velocidade.

“É prematuro dizer qualquer coisa, porque, se não acontecer nada, a economia brasileira tem um risco grande de colapsar”, afirmou. “Acho que é hora de ação, e uma ação grande e incisiva.”

Em sua avaliação, o Banco Central brasileiro precisa atuar em quatro blocos: crédito, liquidez, capital dos bancos e preços de mercado.

Para Xavier, o sistema está irrigado em termos de liquidez, mas, na parte de crédito, é preciso aliviar o risco que as instituições financeiras carregam.

“Minha sugestão ao BC é que ele ou o Tesouro Nacional criem um fundo em que compartilhem risco, porque, de alguma maneira, você vai ter que aliviar o setor financeiro”, comentou o gestor, indicando que ações como essa têm sido adotadas nos pacotes anunciados nos Estados Unidos e na Alemanha.

Xavier ainda defendeu que o governo, via Tesouro, faça intervenções no mercado de taxa de juros de longo prazo para que os prêmios caiam, com o objetivo de reduzir o custo do crédito, e que o BNDES também seja um instrumento utilizado neste momento.

“Acho que há um estigma de que os bancos públicos foram usados no governo passado irresponsavelmente e de maneira indevida. Acho que esse é justamente o momento de usar esses bancos”, defendeu Xavier.

Com relação ao pacote de estímulo trilionário americano, o fundador da SPX também ponderou que é preciso avaliar ainda a extensão da crise para julgar sua eficácia.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.