SÃO PAULO – Os habitués da ponte aérea São Paulo/Rio de Janeiro nas décadas de 70 e 80 certamente se lembram do avião Electra, da Varig, e das fortes emoções que as turbulências da aeronave causavam, embora sempre fazendo o translado dos viajantes com segurança no fim das contas.
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Durante live da XP na noite de quinta-feira, Paulo Leme, chairman do comitê global de alocação da XP Private, comparou a situação atual da economia mundial com o voo em um Electra.
A visão do especialista é a de que haverá ainda muita volatilidade nos mercados pela frente, mas aqueles que tiverem paciência para aguentá-la poderão auferir resultados satisfatórios mais à frente.
“Em épocas de epidemias, guerras, devastação, a capacidade de reinvenção do ser humano é notável”, disse Leme, parafraseando John Stuart Mill, economista britânico do século XIX.
“Sou mais otimista em relação a vislumbrar uma saída”, afirmou o ex-presidente do Goldman Sachs no Brasil. “Estamos viajando em um Electra, não muito confortável, mas vamos chegar lá.”
Entre as turbulências que espera no caminho, o experiente gestor disse que, no câmbio, em um horizonte de 12 meses, a tendência é que o real siga depreciado em relação ao dólar, tendo em vista o patamar dos juros do país, que deve dificultar a atração do capital estrangeiro.
“O super ciclo das commodities acabou, o grande driver da taxa de câmbio agora vai contra”, afirmou Leme.
Coração de mãe
De toda forma, a liquidez despejada pelos bancos centrais no mercado global é tão abundante – estimada pelo executivo em cerca de US$ 8 trilhões – que mesmo os emergentes podem ser beneficiados.
“A liquidez é como um tsunami, que vai de um mercado para outro, e eventualmente pode chegar nos emergentes”, afirmou Leme, lembrando que, em um cenário de juros negativos na Europa, tudo é possível.
Sobre uma eventual valorização exagerada dos mercados provocada por essa liquidez, muito à frente da economia real, Leme contemporizou, lembrando que os preços estão refletindo as expectativas dos agentes para 2021.
“Talvez não exista realmente um descasamento completo”, disse o especialista, lembrando dos sinais de retomada que começam a ser observados nas economias em processo de reabertura e da expectativa de crescimento acelerado a partir do ano que vem.
Na avaliação do especialista, um risco no radar é a alternância política que pode ocorrer nas próximas eleições americanas, com uma plataforma democrata mais pró-Estado, prevendo taxar grandes fortunas, dividendos e ganhos de capital.
“É muito raro, quase impensável um presidente em exercício perder a eleição, mas essa pode ser uma das exceções”, disse Leme, lembrando que as pesquisas preliminares estão indicando o favoritismo do candidato democrata Joe Biden.
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