Colunista InfoMoney: Resoluções de ano novo

Antes de tentar antecipar tendências de investimentos, planeje o seu ano. O que eu quero em 2008?

José Eduardo Brazuna

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Janeiro é o mês das resoluções de ano novo. É natural do ser humano tentar organizar a vida em ciclos, renovar metas e fazer promessas: parar de fumar, emagrecer, pagar dívidas, e, economizar. É nesta época também que proliferam reportagens com o balanço dos investimentos no ano anterior e as “dicas de investimento para 2008”.

Quanto a parar de fumar e emagrecer, muitas vezes o ânimo dura pouco, e a mente se ocupa com a preocupação com férias, carnaval, contas de início de ano, logo estamos em março e voltamos à rotina diária, sem muita novidade. Com as finanças pessoais, a dinâmica costuma ser a mesma, ou seja, se você não tomar cuidado, lá por junho você ainda vai estar gordinho, fumando e sem muita convicção em relação aos investimentos.

Como fazer então para não perder o ânimo e começar com o “pé direito” ao menos em relação aos investimentos? A reação costumeira é sempre a mesma: não sou especialista, então vou procurar saber o que eles estão recomendando, qual é o cenário econômico, e, de preferência, saber “qual é a boa”, no que devo “apostar”: renda fixa, bolsa, dólar, imóveis?

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“Sugiro que você confronte o que os economistas recomendam com o que o seu estômago agüenta”

Pois bem, buscando no Google pela frase “dicas de investimento para 2008” – restringindo apenas a sites nacionais que tenham usado a expressão nos últimos 2 meses -, encontrei 59.900 páginas. Acredito que, mesmo que o investidor se dedique a ler as 5 ou 10 mais conceituadas, não vai sentir muita convicção sobre o tal do “cenário 2008”, e provavelmente, vai deixar tudo como está.

Acho que se começar o processo desta forma é inevitável acabar no imobilismo, pois não é assim que devemos proceder: não somos assim tão flexíveis. Não pretendo ensinar ninguém a fazer um bom planejamento financeiro, mas, apenas dar sugestão simples, que funcionam a qualquer momento.

Antes de tentar antecipar tendências, planeje o seu ano. O que eu quero em 2008? Quais são os meus projetos? É neste ano que vou comprar um imóvel, trocar de carro, ou fazer aquela viagem? A vida profissional, como anda?

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Estes questionamentos elementares geram os big numbers: qual é a previsibilidade de inflow e outflow, e qual vai ser meu cash flow (acesse www.comoinvestir.com.br para mais informações). Tente ao menos responder estes questionamentos em janeiro (e respeitar ao longo do ano), pois lhe ajudarão a dividir seu dinheiro entre a fatia de Curto e Longo Prazo (primeiro critério essencial para a alocação).

Pode parecer um método simplista, mas irá ajudar muito na alocação. Consolide este orçamento doméstico grosseiro com o saldo de investimentos que você tem atualmente. Com certeza ficará mais fácil definir os montantes disponíveis para cada prazo.

Só agora sugiro que você confronte o que os economistas recomendam com o que o seu estômago agüenta. Agora tais informações vão lhe ser úteis, principalmente para investimentos de curto e médio prazo. Isso porque tais cenários invariavelmente tenderão a ser mais detalhados no curto prazo – e provavelmente mais pessimistas – e mais genéricos e otimistas no longo prazo.

Para a parcela de Longo Prazo, sugiro que você combine suas convicções com o que lê, e acredite, se você teve capacidade de acumular recursos, será assim bastante capaz de analisar e concordar ou não com tais projeções econômicas, aloque, e vire a página. Em relação à parcela de Médio e Curto Prazo, não tente “antecipar os movimentos”, provavelmente você será menos eficiente do que os traders que são bem pagos para fazer isto o dia inteiro.

Encerrado este processo, esqueça um pouco do seu saldo bancário, e passe a acompanhar os investimentos em prazos cada vez mais longos: trimestre, semestre, ano. Pensando no Longo Prazo, você não muda do dia para noite em função do que vê no Jornal Nacional, ou de acordo com o que os economistas prevêem – se bonança ou calamidade.

José Brazuna é gerente de Fundos de Investimento da Anbid e escreve mensalmente na InfoMoney, às quartas-feiras.