Colunista InfoMoney: O cenário político e as políticas monetária e fiscal

Temos dois candidatos principais que apresentam, num primeiro momento, diferentes formas de pensar as políticas econômicas

Tomás Fonseca Goulart

Aos poucos, o cenário político vai voltando a dominar as discussões econômicas com a iminência do início do debate eleitoral para 2010. Até agora, temos dois candidatos principais que apresentam, num primeiro momento, diferentes formas de pensar as políticas econômicas.

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De um lado, temos o possível candidato José Serra, que em seu histórico tem a defesa de pontos de vista mais intervencionistas no câmbio e nos juros. Imaginamos que em um eventual governo de Serra haja a tentativa de fixar a taxa cambial em um patamar mais elevado (o que é ruim, pois o regime de câmbio flutuante com intervenções mínimas se mostrou muito eficiente para equilibrar o balanço de pagamentos) e uma taxa de juros mais baixa.

Em contrapartida a esses pontos, o cenário desenhado é de muita responsabilidade na condução da política fiscal, com o governo alcançando superávits primários elevados, que, na visão do candidato, seriam suficientes para garantir um câmbio mais depreciado e juros mais baixos, sem gerar pressões inflacionárias. A grande dúvida é saber se a poupança gerada por uma política fiscal mais firme seria suficiente para compensar todo o aumento de consumo proporcionado pelos juros mais baixos e pelo câmbio mais elevado. Na minha opinião, não é.

“Vê-se claramente uma vantagem da candidata do atual governo”

Do outro lado temos a candidata do atual governo, que, apesar de não se pronunciar sobre o assunto, acredita-se que dará continuidade às políticas econômicas praticadas atualmente. A grande dúvida em relação a esse aspecto reside no quesito de política fiscal. O atual governo se caracterizou pela implementação de políticas fiscais firmes até a eclosão da crise atual. A maioria dos países ao redor do globo começou a praticar políticas fiscais mais agressivas, a fim de reverter o ciclo econômico mais desfavorável, assim como o Brasil. Temos que diferenciar dois pontos aqui.

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A realização de políticas fiscais mais agressivas ao redor do mundo se deu muito mais em gastos não permanentes, que com o fim do ciclo econômico de baixa são mais fáceis de serem retirados. O caso do Brasil, até o momento, se caracteriza por aumento de gastos permanentes, o que não significa uma política fiscal cíclica que pode ser alterada no momento de mudança das condições econômicas mundiais. Esse aspecto é negativo para os próximos passos da política econômica e para a estratégia da possível candidata da situação, Dilma Rousseff.

Na comparação entre as propostas econômicas dos dois possíveis candidatos, vê-se claramente uma vantagem da candidata do atual governo, com poucas alterações com relação ao curso corrente que se mostrou ser a melhor opção para o Brasil.

Tomás Goulart é economista da Modal Asset Management e escreve mensalmente na InfoMoney, às quintas-feiras.
tomas.goulart@infomoney.com.br