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Mais do que nunca, todas as atenções estão voltadas para os indicadores de produção, dada a aguda crise financeira internacional e seus impactos sobre a economia brasileira.
De acordo com os dados do Instituto, o PIB (Produto Interno Bruto) apresentou crescimento de 6,8%, no terceiro trimestre de 2008, quando comparado com o mesmo período de 2007 (vide tabela 1).
Tabela 1 | ||||
PIB – Taxa real de crescimento trimestral em relação ao mesmo período do ano anterior (%) | ||||
2008 | ||||
– | I* | II* | III | |
PIB a preços de mercado | 6,1 | 6,2 | 6,8 | |
Agropecuária | 3,8 | 9,3 | 6,4 | |
Indústria | 6,9 | 5,7 | 7,1 | |
Serviços | 5,2 | 5,4 | 5,9 | |
Consumo das Famílias | 6,3 | 5,9 | 7,3 | |
Consumo do Governo | 6,5 | 4,3 | 6,4 | |
FBKF | 15,4 | 16,6 | 19,7 | |
Exportações | -2,3 | 4,9 | 2,0 | |
Importações (-) | 18,8 | 26,0 | 22,8 | |
Fonte: IBGE – SCN *Dados revistos e atualizados pelo IBGE |
Pelo lado da oferta, a expansão agropecuária (6,4%) pode ser explicada pelo desempenho de produtos como trigo, café e cana-de-açúcar, cuja safra relevante ocorre no trimestre. Na indústria, cuja expansão foi de 7,1%, destacaram-se os segmentos ligados à construção civil (11,7%), beneficiados por obras públicas e pelo aumento das operações de crédito direcionado à habitação.
Vale ressaltar também a participação da Indústria Extrativa (7,8%), que aumentou sua participação devido à elevação da produção de petróleo e gás, em 6,2%, e à produção de minério de ferro, em 10,6%. Já no setor de serviços (5,9%), o resultado mais significativo ficou atrelado à expansão dos serviços de informação (10%) e do comércio atacadista e varejista (9,8%).
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“A produção industrial de outubro recuou em 15 dos 27 ramos pesquisados” |
No lado da demanda, o destaque foi para o consumo das famílias (7,3%), decorrente do aumento dos níveis de emprego e renda e da elevação da massa salarial real em 10,6%.
Apesar da elevação da média da taxa de juros Selic, que tem repercussões negativas sobre o nível de atividade econômica, as operações de crédito apresentaram crescimento nominal, devido às operações do BNDES, que contribuiu para o aumento da capacidade produtiva da economia, através da formação bruta de capital fixo (19,7%).
As importações cresceram pelo vigésimo período consecutivo, destacando-se a importação de bens de capital e bens de consumo duráveis. As exportações, por sua vez, apesar de crescerem, mostraram sinais de desaceleração.
Todavia, como nem tudo que reluz é ouro, ressalta-se que os indicadores positivos apresentados no terceiro trimestre de 2008 refletem decisões passadas dos empresários. Quando se faz uma análise mensal, observa-se que a indústria já apresenta sinais de inflexão, com recuo da produção industrial em 1,7%, no mês de outubro, atingindo todas as categorias de uso (ver tabela 2).
Tabela 2 | ||||
Indicadores Conjunturais da Indústria Segundo Categoria de Uso – Outubro/2008 | ||||
Categorias de Uso | Variação (%) | |||
Mês/Mês* | Mensal | Acumulado | ||
No Ano | 12 meses | |||
Bens de Capital | -0,5 | 15,8 | 18,4 | 19 |
Bens Intermediários | -3 | -2,4 | 4,4 | 4,6 |
Bens de Consumo | -2,8 | 0,1 | 4,1 | 4,2 |
Duráveis | -4,7 | -1,5 | 10,5 | 10,6 |
Semiduráveis e não Duráveis | -2,2 | 0,6 | 2,1 | 2,3 |
Indústria Geral | -1,7 | 0,8 | 5,8 | 5,9 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria *Série com ajuste sazonal |
A produção industrial de outubro recuou em 15 dos 27 ramos pesquisados, com queda mais acentuada no setor de bens de consumo duráveis (-4,7%), influenciado pelo desempenho negativo de automóveis (-3,4%), motocicletas (-15%) e produtos da “linha branca” (-3,1%). Os bens intermediários tiveram como vilões os itens dos ramos de outros produtos químicos (-16,3%), particularmente adubos e fertilizantes.
Dados esses elementos, observa-se que se até o terceiro trimestre do ano a crise parecia não afetar significativamente a economia brasileira, o mesmo não se pode dizer a partir de agora. Ainda que o PIB deste ano não apresente inflexões tão bruscas, o mesmo não se espera dos períodos vindouros. Provavelmente teremos mais um vôo de galinha.
Doutorando em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp, Cid Olival Feitosa escreve mensalmente na InfoMoney, às quintas-feiras.
cid.olival@infomoney.com.br