CFA: 900 horas de estudo e até US$ 4,5 mil; conheça o certificado mais cobiçado do mercado financeiro

Conhecida por seu elevado grau de dificuldade, certificação é considerada um selo para atuação em cargos como analista ou gestor de investimentos

Mariana Zonta d'Ávila

(Divulgação CFA Society)

SÃO PAULO – Entre as profissões mais demandadas no mercado de trabalho – e com as maiores remunerações – estão aquelas ligadas ao setor financeiro. De acordo com a consultoria Robert Half, os salários de analistas de investimentos e gerentes de risco, por exemplo, podem chegar a R$ 39 mil em 2020.

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As altas recompensas, no entanto, geram uma forte competição e, para se destacar, os profissionais precisam de cada vez mais qualificação.

Para isso, muitos cobiçam o Chartered Financial Analyst (CFA), certificado de prestígio e validade internacional e conhecido por seu elevado grau de dificuldade. Embora não seja uma exigência como o CNPI, no caso de análise de ações, a certificação é tida pelo mercado como uma distinção.

Metade dos profissionais certificados é composta por analistas e gestores de investimento – para a aprovação nos exames, é exigido que o candidato tenha ao menos quatro anos de experiência profissional ligada a investimentos ou finanças.

Designação criada em 1963 com o objetivo de aumentar os padrões do mercado de gestão de investimentos, a obtenção do CFA passa pela execução de três provas, cada uma com até seis horas de duração, em um processo que costuma durar, em média, quatro anos.

Alguns números destacados pela CFA Society Brazil, associação que reúne os detentores de certificação CFA no país, dão a dimensão do desafio: uma média de estudo de 300 horas por exame, 18 horas de prova e 9 mil páginas de conteúdo. Além disso, o preço das provas chama a atenção, já que os três níveis podem custar ao todo até US$ 4,5 mil, o equivalente mais de R$ 18 mil. O valor varia de acordo com cada prova e tempo de inscrição.

Uma das principais características das provas é a consistência. “Se você fizer o exame em São Francisco (EUA), em Singapura ou em São Paulo, você será submetido aos mesmos critérios e fará a mesma prova que outros candidatos ao redor do mundo”, contou Stephen Horan, diretor do CFA das Américas, em entrevista por telefone ao InfoMoney.

No Brasil pela primeira vez, Horan participou da graduação de novos membros do CFA e do evento “Promovendo o Futuro do Mercado de Capitais”, no Rio de Janeiro, que comemorou os 43 anos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Atualmente, há 1.101 CFA Charteholders afiliados à CFA Society no Brasil – o último exame, realizado neste mês, contou com 753 candidatos. O número vem crescendo, mas ainda é pequeno em relação ao dos Estados Unidos, país com maior número de membros, de 95 mil dos cerca de 170 mil ao redor do mundo.

“Com o desenvolvimento do mercado de capitais e o crescimento da economia, o Brasil, que já está entre os países com maior aumento no número de candidatos nas Américas, tende a ficar ainda mais relevante”, diz Horan.

Entre os que buscam a certificação, a maior parte trabalha na área de análise ou gestão de portfólio. As mulheres ainda são minoria, representando 30% do total de candidatos e apenas 18% dos membros. Na China, contudo, 50% dos candidatos são mulheres.

“Para muitas pessoas, [tirar o CFA] muda completamente a trajetória de suas vidas e, em algumas famílias, elas podem ser as primeiras a se formarem na faculdade e a ter uma credencial profissional”, afirma o diretor do CFA das Américas.

As provas

Com um prazo tão longo para a conclusão das três provas, poucos são os que obtêm o certificado: apenas um em cada cinco candidatos que começam o processo. Os exames são ministrados duas vezes por ano – em junho e em dezembro.

Na primeira etapa, formada por cerca de 360 questões de múltipla escolha, são abordadas temáticas voltadas às finanças corporativas, que testam o conhecimento e a compreensão de ferramentas de investimento.

Uma vez aprovado no primeiro nível, o candidato pode prestar a segunda prova, utilizando os conhecimentos adquiridos ao longo do nível 1 e aplicando-os à valorização de ativos.

Nesse segundo nível, a prova é constituída por diversos estudos de caso, seguidos por quatro a seis perguntas relacionadas. Ao todo, são cerca de 240 questões. “Essa prova nos permite ter uma abordagem mais sofisticada dos conhecimentos do candidato”, destaca Horan.

O último estágio, por sua vez, é dividido em duas partes: questões de múltipla escolha e uma espécie de redação, com respostas dissertativas.

“Nesta fase, o candidato utiliza seu conhecimento para aplicá-lo em situações que não viu antes, desenhar conexões e fazer julgamentos mais sofisticados, no contexto de um gerenciamento de portfólio de investimentos, análise de valuation e de risco”, diz. O executivo conta que esta etapa é corrigida manualmente por mais de 650 avaliadores.

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