Cenário de consumo e concorrência forma case da Redecard

Bancarização e boas perspectivas para a economia brasileira favorecem cenário para as ações, mas concorrência pesa contra

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SÃO PAULO – Com a expectativa de acelerado crescimento da economia brasileira este ano e também aumento do consumo por parte dos brasileiros, as ações da Redecard (RDCD3) se tornam um player interessante para captar esses dois movimentos.

Ao recomendar compra para os papéis da operadora de cartões, o grupo de analistas do Citi destaca que sua visão baseia-se na atratividade da indústria brasileira de pagamento e processamento de cartões, setor em que a Redecard detém uma posição dominante.

“A Redecard possui uma rentabilidade constante e provável valorização de suas ações, com características comparáveis tanto no mercado doméstico como no internacional, embora enfrente um alto risco de interferências regulatórias e crescimento da concorrência”, apontam.

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Para a equipe, o mercado brasileiro de cartões ainda possui espaço para crescer, uma vez que a taxa de penetração ainda é baixa na comparação com outros país. Eles acreditam os próximos anos serão de avanço na área, com a própria Redecard se beneficiando deste crescimento. “Como principal player dessa indústria, e a despeito do fato de um cenário de maior concorrência, a Redecard está unicamente posicionada para se beneficiar deste crescimento”.

O Citi projeta um preço-alvo de R$ 33,50 para os papéis da Redecard em 12 meses, com potencial de valorização de 23,38% ante a cotação do último fechamento (R$ 27,15).

Melhoras
Eles explicam que a empresa tem ótimos fundamentos ao mesmo tempo em que exibe margens impressionantes de rentabilidade e projeções de crescimento. “A companhia tem conseguido se manter forte diante das altas e baixas do ciclo econômico brasileiro”, adicionam. Eles esperam um lucro por ação de R$ 2,03 este ano.

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Ao comentar o resultado do quarto trimestre da companhia, o time de research do Citi reitera que o lucro por ação do papel no período (R$ 0,60) veio aproximadamente 10% acima das projeções de mercado, e pouco abaixo da estimativa do banco (R$ 0,61).

“O lucro líquido recorrente foi 20,9% a mais que o trimestre anterior e 17,3% acima do resultado do mesmo período de um ano atrás. Para todo o ano de 2009, a Redecard reportou um impressionante crescimento dos ganhos de 26,5%, um marco memorável considerando o cenário econômico difícil”, avaliam.

No relatório operacional, o time de analistas do Citi também reitera as receitas com cartões de crédito e débito como “sólidas e robustas”. Ambas apresentaram crescimento de 15,7% no quarto trimestre em relação a 2008.

“O volume total das transações com crédito e débito subiu 21,3% e 16,6%, respectivamente, no período, na comparação anual. Já a taxa líquida de desconto [net MDR] de cartão de crédito caiu mais que o esperado atingindo 1,44% no quarto trimestre, enquanto a de cartão de débito permaneceu relativamente estável em torno de 0,79%”, destacam.

Incertezas e riscos
Apesar de concordar com as perspectivas favoráveis para a indústria de cartão de crédito do Brasil, a analista Kelly Trentin, da corretora Spinelli, reitera que a empresa vive um momento de incertezas a longo prazo devido a dois principais fatores: concorrência e questões regulatórias.

“Em junho deste ano acaba a exclusividade da Cielo com a bandeira Visa, sendo que a partir daí, a Redecard vai poder explorar essa bandeira, o que seria um ganho para a empresa”, conta a analista.

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Contudo, ela fala que, por outro lado, a Cielo também vai poder explorar a bandeira Mastercard, que atualmente é uma das principais operações da Redecard, juntamente com a bandeira Dinners.

“O que prejudica um cenário a longo prazo para a empresa é o fato do aumento da concorrência e todas as mudanças regulamentares que estão para acontecer, que vão implicar em mudanças no resultado das companhias”, destaca.

Aliado a isso, Kelly explica que o governo brasileiro também está começando a implementar mudanças na regulação do setor, que devem permitir outros players atuarem.

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“O próprio Santander já anunciou uma associação com uma empresa chamada JetNet para processar cartões. Essa concorrência vai trazer uma diminuição de preços, e quando a gente fala de preços nesse setor é de taxa de administração, e diminuir assim a rentabilidade das companhias”, conta.

Concorrência
Ao comentar o assunto, o Barclays fala que em um novo cenário em que a Redecard e a Cielo (CIEL3) e os novos concorrentes potenciais se tornam multibandeiras, isso poderia desafiar o modo como os negócios de pagamento funcionem.

“Isso poderia alterar significativamente a segurança do sistema, melhorar o risco de crédito, permitir a mobilidade de clientes e eliminar acordos atuais entre bancos e bandeiras”, avaliam os analistas.

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O Barclays tem recomendação de neutra para os papéis da Redecard, com preço-teórico de R$ 28,00 (potencial de valorização de 3,13%).

“São fatos iminentes, mas que não conseguimos precificar ainda. Acredito que o mercado vai ter uma visão melhor disso no segundo semestre e eu avalio que, ainda que o presente da companhia seja bastante bom, o futuro tem algumas incertezas, então isso traz um risco maior para o papel”, conclui Kelly da corretora Spinelli.

A Spinelli tem uma recomendação “neutra” para as ações da Redecard, justificada pelos pontos positivos e negativos fortes. O preço-alvo é de R$ 33,50 – potencial de alta de 23,38%.

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Múltiplos
A equipe de research do Citi afirma ainda que a Redecard é uma atrativa oportunidade de investimento devido a seu dividend yield ser acima da média do mercado, ao mesmo tempo em que apresenta uma significativa margem de crescimento de seu preço/lucro.

Para os analistas do banco, os múltiplos (relação entre preço da ação da companhia e estimativa de lucro por ação – P/L), de 16,5x da empresa – para os próximos doze meses – são vistos como atrativos. “Acreditamos que o P/E dela aumentará 27% no próximo ano”, prevê. Para os dividendos, a expectativa é de dividend yield de 7,8% em doze meses.

“Nossa análise revela que a Redecard opera com um substancial desconto para a maior rede de cartões, em linha com os processadores de pagamentos dos Estados Unidos e a um prêmio moderado em relação à grande parte das empresas comparáveis no Brasil”, explicam os analistas.