CDB hoje: títulos atrelados à inflação secam e pagam menos; ainda vale investir? 

Após ultrapassarem os prefixados em volume de emissões, os bancários atrelados à inflação voltaram a secar, com apenas 16 papéis emitidos na última quinzena

Leonardo Guimarães

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O tempo em que os CDBs prefixados pagavam mais de 13,50% ao ano e os de inflação remuneravam até 7% acima do IPCA já passou. Hoje, as taxas de prefixados já estão, na média, abaixo dos 10%, enquanto os CDBs de inflação passaram por queda nas emissões nas últimas semanas, e as taxas também recuaram.

É o que mostra levantamento feito pela Quantum Finance a pedido do InfoMoney. A empresa analisou os CDBs emitidos entre 20 de março e 3 de abril. A partir do estudo, foi possível comparar as taxas com as emissões da quinzena anterior, entre 5 e 19 de março. 

CDBs pós-fixados

Nos CDBs pós-fixados – que remuneram um percentual do CDI e são os mais relevantes em número de emissões  –, as taxas trilharam caminhos mistos conforme o vencimento.

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Nos de curto prazo, houve alta das taxas. Os CDBs pós-fixados de três meses pagaram, em média, 99,59% do CDI até 3 abril, contra 99,41% no levantamento anterior, que mediu as taxas de 5 a 19 de março. Já o juro médio entregue nos papéis com vencimento em seis meses subiu de 102,21% para 103,64%. O Banco Master emitiu a maior taxa: 120% do CDI. 

Já nos vencimentos mais longos, o movimento foi de queda, com a taxa média dos CDBs de 36 meses recuando de 101,88% do CDI para 101,48%, e a de papéis de 12 meses caindo de 100,56% para 99,95%. 

Fabrício Silvestre, analista de renda fixa da Levante, explica que a relação entre necessidade de financiamento dos bancos e demanda do mercado vem sendo positiva para os bancos, o que permite que as taxas oferecidas caiam. Além disso, essas empresas “têm suas próprias plataformas de distribuição de produtos de investimentos e, por isto, conseguem se beneficiar do relacionamento próximo com os clientes”. 

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Entre 20 de março e 3 de abril, foram emitidos 207 CDBs pós-fixados, uma leve alta ante os 192 emitidos na quinzena terminada em 19 de março.

Retornos de CDBs indexados ao CDI de 20 de março a 3 de abril
Prazo (meses)Taxa mínimaTaxa médiaTaxa máximaNúmero de títulosEmissor da maior taxa
396,50%99,59%110,00%50Banco Seguro
697,50%103,64%120,00%14Banco Master de Investimento
1290,00%99,95%109,00%48Banco Industrial do Brasil
2498,00%100,58%119,50%55C6 Bank
36100,00%101,48%108,00%40Haitong Brasil
Fonte: Quantum Finance

CDBs de inflação 

Após ultrapassarem os prefixados em volume de emissões, os bancários atrelados à inflação voltaram a secar, com apenas 16 papéis emitidos na última quinzena analisada. 

A remuneração também foi menor. A taxa média dos títulos de 24 meses foi IPCA + 5,63% contra 5,92% até 19 de março. Nos títulos de 36 meses, a taxa média caiu de 6,14% além do IPCA para 5,99%. 

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Mesmo assim, esses CDBs seguem atrativos, na visão de Silvestre, que pondera: “é preciso respeitar o perfil de risco do investidor, mas o risco adicional aos títulos públicos tende a ser pequeno se olharmos para instituições financeiras saudáveis”. 

Retornos de CDBs indexados à inflação (IPCA) de 20 de março a 3 de abril
Prazo (meses)Taxa mínimaTaxa médiaTaxa máximaNúmero de títulosEmissor da maior taxa
245,05%5,63%6,10%9Haitong Brasil
365,75%5,99%6,25%7Haitong Brasil
Fonte: Quantum Finance

CDBs prefixados

Nos títulos bancários com remuneração predefinida, também houve movimento misto nas taxas médias. Os prefixados com vencimento em 36 meses pagaram 10,73% ao ano contra 10,56% no levantamento anterior. Já a taxa média dos papéis de 24 meses caiu de 10,09% para 9,81%. 

O número de emissões recuou de 46 para 39 no período e o banco emissor da maior taxa foi o Santander. 

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Para o especialista da Levante, esses títulos estão pouco atrativos na comparação com o Tesouro Prefixado – hoje o Tesouro Prefixado 2027 paga 10,46% ao ano –, “mas a simplicidade para o aporte e monitoramento do papel gera certa atratividade para o investidor de varejo”. 

Retornos de CDBs prefixados de 20 de março a 3 de abril
Prazo (meses)Taxa mínimaTaxa médiaTaxa máximaNúmero de títulosEmissor da maior taxa
310,03%10,40%11,92%8Banco Santander
69,97%10,04%10,13%6Banco Daycoval
129,35%9,74%10,08%11Banco Daycoval
249,45%9,81%10,05%5Haitong Brasil
3610,20%10,73%11,30%9Sianossera Financeira
Fonte: Quantum Finance