CDB hoje: ajuste na curva de juros faz o retorno cair; exceção são os prefixados, que pagam até 14,3%

Na semana passada, mercado passou a refletir expectativa de queda das taxas devido à persistência de temores com setor bancário e recessão

Mariana Segala

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As mudanças recentes na curva de juros futura provocaram alguns ajustes na rentabilidade oferecida pelos bancos nos CDBs durante a última quinzena. De modo geral, as taxas máximas e médias praticadas pelas instituições tiveram recuo entre 14 de março e a última segunda-feira (27) – com algumas exceções, a depender dos indexadores e dos prazos de vencimento.

Na semana passada, a curva de juros futura passou a refletir uma expectativa de queda das taxas pelo mercado, devido à persistência de temores em relação ao setor bancário e de recessão, além da reação às decisões de política monetária. Na “Super Quarta” (22), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a Selic em 13,75% mais uma vez, enquanto o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) optou por elevar os juros americanos em 0,25 ponto percentual – até dez dias antes, acreditava-se que a alta seria de 0,50 ponto percentual.

Nesta terça-feira (28), após a divulgação da ata da última reunião do Copom, as taxas se mantiveram sem sobressaltos. O Comitê enfatizou que não há relação automática entre a convergência de inflação e a apresentação pelo governo federal de uma proposta de novo arcabouço fiscal. Porém, a materialização de uma proposta sólida e crível pode levar a um processo de retrocesso da inflação mais benigno por meio dos efeitos nas expectativas de inflação – que, quando recuam, reduzem a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos.

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Entre os CDBs pós-fixados, que oferecem como remuneração um percentual da taxa do CDI (indicador de referência da renda fixa), as taxas mais altas identificadas em levantamento da Quantum Finance para o InfoMoney foram de 116% do CDI, para papéis com vencimento em 12 meses – na quinzena anterior, entre 28 de fevereiro e 13 de março, a remuneração para esse prazo chegava a 121% do CDI.

Também houve um ajuste, para baixo, na remuneração mínima dos CDBs mapeados, o que contribuiu para uma redução das taxas médias dos papéis (soma dos retornos dos títulos para um determinado prazo dividida pelo número de papéis disponíveis para aquele vencimento).

A taxa média mais elevada foi encontrada nos CDBs com vencimento em 36 meses, de 103,79% do CDI. Na quinzena anterior, era de 103,98%, nos mesmos papéis. No caso dos CDBs curtos, com vencimento em três meses, a taxa média caiu de 101,15% para 99,29% de uma quinzena para outra. O movimento foi puxado pelas taxas mínimas oferecidas pelos papéis, que caiu de 97,5% para 83% no levantamento atual.

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Retornos brutos dos CDBs indexados ao CDI (entre 14/03 e 27/03):

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos considerados Emissor do CDB com maior taxa
3 % do CDI 83% 99,29% 105% 32 Fidis
6 % do CDI 97,50% 101,11% 106% 75 BMG, BTG Pactual
12 % do CDI 90% 101,81% 116% 81 Banco Mercantil do Brasil
24 % do CDI 92% 101,46% 110% 89 Haitong
36 % do CDI 100% 103,79% 112% 63 Haitong

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs atrelados à inflação

Entre os CDBs atrelados à inflação – que remuneram os investidores com uma taxa de juros prefixada mais a variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – os ajustes foram maiores.

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Para prazos de 12 meses, a taxa máxima encontrada nesta quinzena foi de 5,70% ao ano. Tanto a taxa mínima quanto a média diminuíram consideravelmente nesse vencimento: para 5,20% e 5,54% ao ano, respectivamente. No levantamento anterior, apenas um papel foi encontrado para esse vencimento, oferecendo 6,24% ao ano.

A mudança também foi grande entre os CDBs com 36 meses de prazo, que passaram a apresentar taxa máxima de 6,90% ao ano (contra 7,10% na quinzena anterior), mínima de 5% (contra 5,15%) e média de 6,42% (contra 6,61%).

Retornos brutos dos CDBs indexados à inflação (entre 14/03 e 27/03):

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Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos considerados Emissor do CDB com maior taxa
12 IPCA 5,30% 5,50% 5,70% 2 ABC Brasil
24 IPCA 4,90% 6,17% 6,70% 38 Haitong
36 IPCA 5,00% 6,42% 6,90% 67 Haitong

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs prefixados

Um comportamento diferente foi verificado entre os CDBs prefixados, que oferecem uma taxa pré-acordada desde o momento do investimento. As taxas máximas e médias aumentaram para todos os vencimentos até 12 meses. As mínimas, no entanto, reduziram em alguns casos – o que dá a entender que alguns bancos começam a “ver se cola” a emissão de papéis com remuneração ligeiramente menor.

A taxa máxima mais alta encontrada nesta quinzena foi de 14,33% ao ano, nos CDBs com vencimento em seis meses – na quinzena anterior, os papéis com esse prazo ofereciam no máximo 13,88% ao ano.

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A taxa média mais elevada no levantamento atual é de 13,82% ao ano, dos CDBs de três meses, contra os 13,41% verificados para esse vencimento no levantamento anterior.

Retornos brutos dos CDBs prefixados (entre 14/03 e 27/03):

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos considerados Emissor do CDB com maior taxa
3 Prefixado 13,25% 13,82% 14,18% 19 Daycoval
6 Prefixado 12,95% 13,76% 14,33% 66 Daycoval
12 Prefixado 12,50% 13,33% 13,95% 33 Daycoval
24 Prefixado 12,15% 12,85% 13,40% 16 Daycoval, Haitong
36 Prefixado 12,30% 13,49% 14,03% 31 Daycoval

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney