Brasileiros, mas globais: como a Upon Capital lucra ao investir no exterior apesar da volatilidade dos mercados

Outliers ouve Pedro Silveira, sócio-fundador, e Antônio Andrade, gestor, sobre desafios dos multimercados diante de incertezas nos países desenvolvidos

Clara Sodré

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Completando um ano de existência em novembro, a gestora Upon Global lançou seu primeiro fundo em um momento desafiador para o mercado global. Ainda assim, a estratégia acumulava retorno de 17,96% no ano, até o fim de outubro. Pedro Silveira, sócio-fundador e Chief Strategy Officer (CSO), e Antônio Andrade, gestor, foram os convidados do último episódio do Outliers, podcast apresentado por Carol Oliveira, coordenadora de análise de fundos da XP, e Nathalia de Sá, analista de alocação e fundos no Research da XP.

Com uma média de 80% do patrimônio alocado no exterior e 20% localmente, Silveira conta que a iniciativa de lançar uma gestora brasileira que opera globalmente visa promover a descorrelação com os fundos multimercados locais e uma expertise diferente do que já existe por aqui.

Na visão de Silveira, existe uma tendência de globalização nos fundos multimercados que está alinhada ao crescimento da estratégia e ao tamanho de mercado brasileiro. Nesse sentido, a ideia de criar uma gestora com um time experiente no mercado global procura oferecer novas fontes de retornos para o investidor brasileiro.

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“A ideia é olhar o mundo como um todo, e o Brasil, como mais um país”, diz Andrade. Sendo um dos responsáveis pela gestão do portfolio da Upon, ele conta que a vantagem de uma estratégia que opera globalmente é poder alocar uma parcela menor da carteira no Brasil, explorando outras oportunidades. Outro benefício está no fato de que Thiago Melzer, CIO da Upon, residir em Nova York. Segundo o gestor, Melzer, dessa forma, “não se contamina com as notícias no Brasil”.

Grande parte das operações realizadas pelo Upon ocorre via derivativos, o que, segundo Andrade, pode gerar apreensão entre os investidores iniciantes. Por outro lado, o gestor conta que existem diversas formas de fazer esses negócios, e que no portfolio da Upon as opções são usadas para proteger, rentabilizar e trazer diversificação para o portfólio. A experiência, segundo ele, é um fator relevante para o sucesso nesse tipo de operação.

Em sua visão, mesmo com as quedas recentes nas bolsas americanas, os retornos esperados estão ruins. A visão do gestor, compartilhada no fim de outubro, refletia a reação dos mercados diante do tom do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que indicava novas altas de juros. Andrade acredita que ainda há espaço para novas quedas nos mercados lá fora.

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Em relação ao Brasil, com a passagem das eleições, o gestor acredita que a boa condição econômica e a experiência para lidar com a inflação colocam o País em uma posição de destaque em relação aos pares emergentes. “Obviamente, o Brasil não é uma ilha. Se vem uma recessão econômica, o Brasil sofre também”, diz.

Silveira avalia que o Brasil se mostra bem em termos relativos, mesmo com os desafios relacionados à economia global. Andrade acredita que o Brasil vive “excelente momento” e tem visão positiva para a Bolsa local.

Em relação à visão por região, o gestor acredita que a Europa está em uma situação especialmente delicada, se comparada aos Estados Unidos, que têm maior probabilidade de superar a inflação alta utilizando a política monetária. A visão sobre o Japão também é negativa, visto a política de juros baixos frente ao ambiente inflacionário. Por fim, o gestor acredita que existe uma assimetria grande e que há oportunidades para se posicionar.

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A entrevista completa e os episódios anteriores podem ser conferidos por SpotifyDeezerSpreakerApple e demais agregadores de podcasts. O podcast também está disponível no formato de vídeo no canal da XP no Youtube. Além disso, o relatório Indo a Fundo na Estrutura Agro da Upon Global apresenta uma análise completa elaborada pelo time de Research da XP.