Brasil deve ver forte movimento de venda de ativos de estrangeiros até eleições de 2022, dizem Franklin Templeton e Sycamore Capital

Riscos mais elevados colocam Brasil como alocação apenas para curto prazo, com viés tático

Bruna Furlani

(Getty Images)

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SÃO PAULO – A aproximação de um cenário binário para as eleições brasileiras, com uma disputa focada em dois candidatos – o atual e o ex-presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) –, deve provocar um forte movimento de venda de ativos por parte de investidores estrangeiros até as eleições de 2022.

A afirmação é de Kim Catechis, chefe de mercados emergentes da gestora Franklin Templeton, que participou de live nesta terça-feira (13) promovida pela Ohmresearch ao lado de Jean Van de Walle, executivo-chefe de investimentos (CIO) da Sycamore Capital e professor adjunto de finanças voltadas para mercados emergentes da Stern Business School, de Nova Iorque.

Catechis diz que, como “amigo do Brasil”, está “desapontado” com os candidatos que se mostraram mais atraentes aos brasileiros e que ficaria “surpreso” se não houvesse esse forte movimento de venda. Em sua avaliação, é bastante difícil para o investidor de fora ter uma ideia sobre como será o próximo governo e se o ex-presidente Lula, que está à frente nas pesquisas eleitorais, adotaria a mesma postura de mandatos anteriores.

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O cenário de eleições é inclusive o que reforça a ideia de Catechis de que o Brasil deve ser visto como uma posição tática de curtíssimo prazo, e não como estratégica de médio e longo prazo, diante do maior número de riscos no radar, como a chegada das eleições e a necessidade de investimentos cada vez maiores em tecnologia, o que depende de maior estímulo externo.

A opinião é compartilhada por Jean Van de Walle, para quem os gestores de fundos globais deixaram de prestar muita atenção no país por conta das elevadas incertezas, pela falta de capacidade para reformas e diante das perspectivas de crescimento baixas, por não haver inovação tecnológica.

O descontrole de gastos também é apontado como ponto negativo pelo gestor da Sycamore Capital, além da falta de investimentos em infraestrutura. “O país está acumulando débitos e não há investimentos. Isso pra mim é bastante problemático.”

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Walle também não se mostra muito otimista com o cenário político que se desenha para 2022, que só reforça que o país não deve ser pensado como um mercado de “buy and hold“, isto é, com foco em longo prazo.

“Penso que o Brasil é um caso para se posicionar com foco rápido de uns seis meses. Vejo mais como um caso interessante [com possibilidade de lucrar] com a reabertura da economia”, destacou o gestor, sem citar nomes de companhias que poderiam se beneficiar da retomada econômica.

Apostas na China

Para ambos, o grande caso de sucesso ainda é a China. Walle destaca que o país deve ser inclusive visto de forma separada do resto dos emergentes. Segundo ele, o gigante asiático deve continuar a apresentar um crescimento interessante, embora menor do que o visto no passado, e há algumas companhias que estão baratas e com valuation atrativo na bolsa comparada às ações americanas como a Alibaba.

Catechis também tem boas apostas na China e diz que olha com atenção o crescimento populacional do país. Segundo ele, há um montante significativo de novos consumidores, que pode chegar a 1 bilhão de pessoas, e que é bastante difícil outras nações conseguirem competir com um país com um mercado consumidor desse tamanho.

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