Boom de títulos de alto risco abre EUA e Europa para emergentes

Emissores de dívida de emergentes com notas de crédito abaixo do grau de investimento levantaram cerca de US$ 81,2 bilhões nesses mercados no ano até ontem

Bloomberg

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(Bloomberg) — Algumas das empresas e governos do mundo em desenvolvimento mais afetados pelas paralisações da pandemia começaram a retornar aos mercados de dívida nos Estados Unidos e na Europa, aproveitando a demanda crescente que levou os rendimentos dos títulos de alto risco a mínimas históricas.

Entre essas empresas está a Pegasus Hava Tasimaciligi, companhia aérea turca de baixo custo que teve perdas acima do esperado já que o número de passageiros caiu mais da metade no ano passado.

Na terça-feira, a operadora deu início à emissão dos chamados junk bonds no valor de US$ 300 milhões para ajudar a refinanciar empréstimos bancários, segundo uma pessoa a par do assunto.

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Uma companhia aérea colombiana atingida pelo colapso do setor de viagens pode seguir o exemplo. E o Quênia, que o Fundo Monetário Internacional considera em alto risco de mergulhar em uma crise financeira, planeja captar US$ 12,4 bilhões no exterior até junho próximo.

O fluxo de emissões de dívida marca uma grande mudança em relação ao ano passado, quando muitos emissores de países em desenvolvimento foram deixados de lado enquanto outros captavam recursos para enfrentar a desaceleração econômica.

Isso mudou, e agora investidores estão dispostos a assumir mais riscos com a aceleração do crescimento nos EUA e na Europa, com o aumento dos preços das commodities que ajuda exportadores e vacinação constante – embora desigual – ao redor do mundo.

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“Alguns emissores de maior risco que tiveram que adiar ofertas no terceiro e quarto trimestres estão voltando e agora podem executar as emissões”, disse Alexei Remizov, chefe de mercado de capitais de dívida para América Latina no HSBC.

Emissores de dívida de mercados emergentes com notas de crédito abaixo do grau de investimento levantaram cerca de US$ 81,2 bilhões nos mercados dos EUA e da Europa neste ano até terça-feira, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O valor está próximo do recorde de US$ 88,7 bilhões captados no mesmo período em 2018, segundo dados da Bloomberg.

“Nada me diz que estamos esfriando neste momento”, disse Remizov. “Os emissores percebem que essas janelas normalmente não duram muito.”

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É provável que mais emissores aproveitem a onda diante da queda dos custos de financiamento.

Os rendimentos dos títulos com grau especulativo classificados como CCC, o nível mais arriscado, caíram para 5,88% na segunda-feira, o nível mais baixo já registrado. Isso encolheu a diferença entre esses yields e a dívida de referência – uma medida-chave do risco percebido – para menos de 5 pontos percentuais, nível que não era visto desde antes da crise de crédito de 2008.

O acúmulo de dívida pode aumentar o risco para alguns emissores, já que os títulos precisarão ser pagos em euros ou dólares, o que seria oneroso se suas moedas ou ganhos no exterior caírem.

Mas Atsi Sheth, chefe global de pesquisa de crédito de mercados emergentes da Moody’s Investors Service, disse que depende muito de certos emissores e se estão refinanciando ou acumulando mais dívidas.

“Os setores mais afetados pela pandemia provavelmente terão uma recuperação mais lenta, e alguns governos soberanos e empresas que dependem desses setores podem ter que contrair mais dívidas para resolver seus problemas relacionados à pandemia”, disse Sheth. “Isso é um risco para os investidores.”

A companhia aérea colombiana Avianca pode buscar financiamento no mercado internacional. A empresa quer captar US$ 1,8 bilhão para pagar dívidas e fornecer financiamento novo depois de pedir recuperação judicial devido ao colapso das viagens.