Bolsa pesa e retorno de multimercados da Verde e Legacy termina abaixo do CDI em agosto

Apesar do resultado, Verde afirmou que aproveitou piora recente para expandir alocação em risco local; no geral, multimercados macro registram mês pior

Bruna Furlani

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A forte queda da Bolsa de 5% em agosto teve reflexos também nos fundos que estavam com posições compradas (que se beneficiam da valorização) em Bolsa local, casos da Verde e da Legacy.

Os efeitos podem ser vistos nos retornos, que terminaram respectivamente em 0,00% e 0,02% – ambos abaixo do CDI (taxa de referência da classe) em agosto, que avançou 1,14% no período.

Apesar do resultado obtido no mês passado, a Verde afirmou que aproveitou a piora recente para expandir sua alocação em risco local.

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Em entrevista feita ao InfoMoney no começo deste mês, a casa disse que estava com uma visão otimista para a Bolsa brasileira, mas não de forma “exagerada”.

Em sua justificativa, Luiz Parreiras, gestor na casa, mostrou-se surpreso com dados mais fortes de atividade econômica, como o Produto Interno Bruto (PIB), e com a volta de um fluxo mais intenso para o risco impulsionado pela queda dos juros.

Algumas das principais apostas da Verde atualmente estão em Suzano (SUZB3), Rumo (RAIL3), Vibra (VBBR3) e Equatorial (EQTL3).

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Perdas em câmbio e juros

O resultado ruim em agosto, porém, não ficou restrito a uma alocação em Bolsa local. Na carta do fundo Verde deste mês, a gestora destacou que posições compradas em ouro e real também pesaram de forma negativa no fundo.

Já a Legacy afirma que uma exposição aplicada (que se beneficia da queda) em juros, além de posições compradas e vendidas em Bolsa internacional, atuaram como detratoras do Legacy Capital B em agosto.

Apesar de parte da perda ter sido puxada por aplicações em juros no mês passado, a carta da Legacy trouxe que a casa aumentou a posição aplicada em juros e tomada (que se beneficia da alta) em inclinação da curva em agosto.

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Segundo a gestora, a perspectiva de encerramento do ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) trará implicações para economias emergentes, como Brasil e México – dada a sincronia entre os ciclos econômicos americano e de demais países.

“No México, aumenta a probabilidade de início do ciclo de cortes ainda em 2023. No Brasil, o término do ciclo do Fed ajuda a construir condições para acelerar o ritmo da queda de juros”, avalia a Legacy.

Há efeitos também em economias de países desenvolvidos. A Legacy explica que um possível fim do aumento de juros nos Estados Unidos faz com que pausas ou encerramentos nos ciclos de aperto no Canadá, Europa, Austrália e Reino Unido sejam “mais prováveis”.

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A Verde também é outra casa que optou por manter posições aplicadas em juro americano, especificamente em juros reais. Segundo a gestora, os dados de mercado de trabalho já mostram uma desaceleração da atividade econômica no país, mas não capazes de causar uma recessão.

“Historicamente, dados de emprego são atrasados em relação ao ciclo econômico e não antecedentes”, destacou a gestora.

Impacto nos multimercados macro

Apesar dos números, os resultados abaixo do índice de referência da classe não foram uma exclusividade da Verde e da Legacy em agosto.

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Dados da Associação Brasileira das Entidades de Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) apontam que a média de ganho dos multimercados macro em agosto ficou negativa em 0,20%.

O retorno menor do que o CDI vem na sequência de um mês positivo para essa classe de produto, que registrou, em média, uma alta de 1,37% em julho, no primeiro mês de ganhos acima da taxa de referência desde o início de 2023.

No acumulado do ano, a rentabilidade dos multimercados macro também tem sido mais complicada, com avanço de 5,04%, contra 8,86% do CDI.