BofA: gestores esperam crescimento mais modesto do PIB em 2021 e ajustam previsões para a Bolsa

Entre os principais riscos no horizonte, deterioração fiscal aparece em primeiro lugar, com cerca de 60% das menções, seguida por ruídos políticos (19%)

Mariana Zonta d'Ávila

(Divulgação)

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SÃO PAULO – Com uma pandemia que ainda perdura no Brasil, com avanço diário no número de casos e mortes pela Covid-19, investidores têm revisado suas projeções para o Ibovespa e para o crescimento da economia doméstica, assumindo novos riscos para monitorar no horizonte.

Pesquisa do Bank of America (BofA) com gestores de recursos mostra que, para 59%, as ações devem apresentar um desempenho melhor do que agora nos próximos seis meses, um percentual que supera os 44% de março. As expectativas recaem sobre um avanço no calendário de vacinação, sobre uma futura reabertura econômica e menores gastos fiscais.

A parcela dos que veem o Ibovespa encerrando 2021 acima de 120 mil pontos cresceu de 52%, em março, para 84%, em abril. O patamar em si implicaria potencial de valorização de apenas 1% em relação ao fechamento do dia 12 de abril.

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Pouco mais de 25% dos consultados esperam que o Ibovespa supere os 130 mil pontos em dezembro.

Em meio a um cenário de bastante incerteza, mais de 60% dos gestores veem um crescimento mais modesto do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, entre 2% e 3%. Na pesquisa anterior, quase metade dos participantes estimavam expansão de 3% a 4% da atividade brasileira. No BofA, a previsão é de 3,5%.

Entre os principais riscos no horizonte, uma deterioração fiscal incontrolável aparece em primeiro lugar, com cerca de 60% das menções, seguida por ruídos políticos (19%). Por volta de metade dos entrevistados estimam que a reforma tributária só deverá ser aprovada depois de 2021.

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Com relação à taxa Selic, 60% dos entrevistados veem a taxa básica de juros encerrando dezembro entre 5,00% e 5,75% ao ano. Para metade do grupo, uma Selic no patamar entre 5,00% e 6,75% poderia prevenir uma maior depreciação do real.

Já juros acima de 7% ao ano poderiam ser negativos para o mercado, diminuindo o fluxo de recursos para ativos de risco no país, segundo os participantes.

América Latina

Na carteira de gestores da América Latina, as maiores posições overweight (acima da média do mercado, equivalente à compra) estão em materiais básicos, consumo discricionário e financeiras. Já nas posições underweight (abaixo da média do mercado, ou venda), aparecem ações de serviços de comunicação, seguidas por bens de consumo.

Uma retomada para os níveis pré-pandemia só deve ocorrer entre o quarto trimestre deste ano e a primeira metade de 2022, de acordo com a pesquisa.

Neste cenário, apenas 28% dos investidores planejam ampliar as alocações em ações nos próximos seis meses, em linha com o mês anterior e abaixo da média histórica, de 35%.

Na avaliação dos gestores, os maiores riscos para os mercados da região são uma vacinação lenta, erros de política monetária do Federal Reserve (o banco central americano), além do cenário na China, de recuperação da economia, e para as commodities.

O estudo “LatAm Fund Manager Survey”, conduzido pelo Bank of America, foi realizado entre os dias 5 e 8 de abril e contou com a participação de 32 gestores, com cerca de US$ 89 bilhões sob gestão.