BlackRock: ativos de crédito na Europa representam a melhor oportunidade do mercado global

Para gestora americana, processo de "desglobalização" deve gerar pressões inflacionárias no médio prazo

Lucas Bombana

SÃO PAULO – Em um ambiente de juros próximos de zero, ou até negativos, os investidores acostumados a alocar parte do capital em títulos soberanos de renda fixa se veem obrigados a partir em busca de novas opções.

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Um primeiro passo nesse caminho pode ser dado ainda dentro da própria renda fixa, por meio de títulos de crédito privado emitidos por grandes empresas.

Para a BlackRock, a maior gestora de recursos do mercado global, com cerca de US$ 6,5 trilhões em ativos sob gestão, a grande oportunidade na renda fixa nos próximos meses está justamente no segmento de dívida privada.

“Estamos ‘overweight’ [com uma posição acima da média refletida pelos índices de referência] em crédito”, afirmou Mike Pyle, chefe das estratégias de investimento da BlackRock Investment Institute (BII), braço da gestora responsável pela produção de pesquisas proprietárias para embasar as tomadas de decisões dos gestores.

Segundo Pyle, que participou nesta segunda-feira do evento virtual “BlackRock Investment Institute Midyear Outlook”, para quem se interessar em investir em títulos corporativos de renda fixa, a Europa é a melhor pedida do momento entre as principais geografias.

As tensões provocadas pela guerra comercial, bem como a eleição presidencial americana em novembro, são pontos de atenção que tendem a aumentar a volatilidade dos ativos nos Estados Unidos no curto prazo, afirmou Pyle, acrescentando que a política fiscal adotada pela União Europeia é acompanhada com bons olhos pela BlackRock.

Fim da globalização e alta dos preços

Segundo a responsável pela área de pesquisas macroeconômicas da BII, Elga Bartsch, um dos efeitos da pandemia será a reversão do processo de globalização que marcou a sociedade na última década.

“A ‘desglobalização’ tende a aumentar os custos de produção”, afirmou Scott Thiel, chefe das estratégias de renda fixa da BII. Na avaliação do especialista, a menor interlocução entre países deve resultar, no médio prazo, em um aumento nos níveis de inflação frente aos patamares atuais.

Por essa percepção, a gestora entende que os títulos de renda fixa indexados à inflação são o mais indicados para o investidor que quer proteger o portfólio contra um risco de aumento de preços mais à frente, disse Thiel.

Preferência pela Ásia

Ao comentar sobre os mercados emergentes, os especialistas da BlackRock sinalizaram uma visão bastante cautelosa, principalmente em relação à América Latina.

O menor poder de fogo em termos de política fiscal foi lembrado por Pyle, para justificar o menor apetite da BlackRock por emergentes.

Entre os países em desenvolvimento, os do leste asiático, como China, Coreia e Taiwan, são hoje os mais preparados para enfrentar o cenário pós-pandemia da melhor maneira na comparação com os demais emergentes, afirmou o chefe de investimento da BII.

Thiel lembrou ainda que os emergentes devem seguir com as taxas de juros bem abaixo dos padrões históricos, na tentativa de facilitar a retomada econômica, o que tende a manter as divisas locais sob pressão. “Vemos potencial para as moedas de emergentes se desvalorizarem frente ao dólar, mesmo com a divisa americana mais fraca ante os pares desenvolvidos.”

Invista na carreira mais promissora dos próximos 10 anos: aprenda a trabalhar no mercado financeiro em um curso gratuito do InfoMoney!