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BDRs, ETF ou ações globais: qual a melhor opção para diversificar seus investimentos no exterior?

Brasileiro está cada vez mais interessado em ativos globais; confira as vantagens e riscos de cada produto

Wellington Carvalho

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Com o interesse do investidor brasileiro por ativos globais cada vez mais acentuado, a escolha do melhor investimento para a diversificação geográfica do portfólio pode gerar dúvidas entre os investidores.

Pesquisa recente realizada pela XP aponta que a maioria dos investidores locais que já aportam recursos no exterior deseja ampliar sua exposição internacional em 2023. De cada dez entrevistados, sete manifestaram a vontade, sinaliza o estudo.

O dilema sobre a melhor opção de investimento tende a ganhar ainda mais força dados a oferta de produtos negociados no Brasil – com lastro em ativos globais – e o acesso direto do investidor às ações de empresas internacionais, que a cada dia está mais simplificado. Diante das alternativas, qual escolher?

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Entre as opções, estão os ETFs (Exchange Traded Funds), também conhecidos como fundos de índice. Essa classe de ativo replica o desempenho de indicadores de mercados acionários, de renda fixa e de ativos internacionais – que ajudariam na diversificação regional da carteira.

Também negociado na B3, os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) são recibos de ações listadas em Bolsas fora do País. Com eles, por exemplo, é possível investir indiretamente nas gigantes da tecnologia, como Google, Facebook, Amazon e Microsoft.

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Também há opção para quem deseja alocar recursos diretamente nas ações das principais empresas do mundo. Nos últimos anos, a possibilidade ficou cada vez mais acessível ao pequeno investidor com o surgimento das contas globais no Brasil, que permitem a negociação destes ativos.

Especialistas ouvidos pelo InfoMoney sinalizam que a melhor opção para investir no exterior dependerá do perfil de cada investidor. Independentemente da escolha, a decisão pela diversificação geográfica do portfólio é vista com bons olhos, especialmente diante das incertezas atuais em torno da economia nacional.

“A diversificação geográfica permite que o investidor reduza o risco exclusivo de uma localização ou de uma jurisdição”, confirma Daniel Alberini, sócio da CTM Investimentos. [“Para isso, é preciso] diversificar seus investimentos em outros países e em outras estruturas”, recomenda.

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Onde diversificar nos investimentos no exterior?

Frank Magalhães, professor de economia do Ibmec, aponta o investimento em BDRs e ETFs indicado principalmente para investidores mais iniciantes e que estão realizando os primeiros aportes.

“Pois a operacionalização e o acompanhamento dos investimentos são substancialmente mais fáceis [com estes produtos]”, chama a atenção. “Caso haja um volume financeiro expressivo e o desejo de investir diretamente no exterior, o investidor menos experiente deveria procurar um consultor ou assessor de investimentos”, sugere.

Para o investidor que já tem conhecimento do mercado financeiro, o investimento direto no exterior pode ser a melhor opção, dado o acesso mais simplificado a esta opção atualmente e diante da diversidade de produtos que pode encontrar.

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“O mercado de capitais brasileiro tem se desenvolvido bastante nos últimos anos, mas ainda é pequeno em relação a outros países”, pontua Diego Correia, gestor da área de investimentos internacionais da XP. “Investidores que aportam somente no Brasil não aproveitam a chance de exposição a grandes empresas de tecnologia, por exemplo, já que o nosso mercado é muito concentrado em commodities e setor financeiro”, afirma.

Criada em maio de 2022, a conta global da corretora registrou a negociação de mais de 600 ativos nos primeiros quatro meses de operação. Para efeito de comparação, pouco mais de 400 empresas estão listadas na B3 – a Bolsa brasileira.

“A diversidade de opções [disponíveis atualmente no mercado internacional] permite a construção patrimonial muito mais sólida e, por consequência, com uma relação custo versus benefício significativamente melhor”, afirma Magalhães.

Entre os pontos de atenção para quem investe diretamente em ativos globais, estão as operações de câmbio – nas remessas feitas para as contas globais –, eventuais taxas e custos, além do processo de declaração do Imposto de Renda destes ativos.

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BDRs e ETFs também sofrem a influência do câmbio

BDRs e ETFs são ativos de renda variável e, por isso, o recurso investido nos produtos pode naturalmente oscilar ao longo do tempo, alertam os especialistas. No entanto, esses produtos embutem um risco a mais, lembra Magalhães.

Como exemplo, ele cita uma situação em que o preço de uma ação que serve de referência para o BDR fecha o dia estável, mas o dólar se valoriza 2% em relação ao real. Neste cenário, o BDR tenderá a encerrar o pregão com alta devido à valorização cambial – e ignorando a estabilidade da ação estrangeira.

Em caso de valorização – ou mesmo desvalorização – tanto do câmbio como da ação de referência, o comportamento do BDR também será influenciado, positivo ou negativamente.

“Portanto, podemos perceber que há dois fatores agindo conjuntamente que influenciam no preço e, por consequência, na volatilidade (risco) de ativos como BDRs”, alerta Magalhães.

Apesar dos riscos e de eventuais custos no investimento em BDRs ou ETFs e mesmo na alocação direta de recursos em ativos globais, os especialistas afirmam que a diversificação deve fazer parte da estratégia de todos os investidores.

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Diversificar é preciso

Para justificar a importância da diversificação, Magalhães recorre a Harry Max Markowitz, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia demonstrando matematicamente os benefícios da estratégia por meio da construção de portfólios que sejam descorrelacionados.

“Ou seja, portfólios compostos por ativos que se comportem de forma diferente”, explica. “Isto permite que se melhore substancialmente a relação retorno versus risco da carteira”, completa.

Em resumo, ele cita o famoso ditado que sugere “não colocar todos os ovos na mesma cesta”. E uma das formas de colocar a estratégia em prática, sinaliza, pode ser a inclusão de ativos globais no portfólio.

“Por razões distintas, turcos e argentinos viram seus investimentos perderem muito valor em relação às outras moedas e a outros ativos globais”, compara. “Se tivessem exposição geográfica, seguramente teriam preservado seu patrimônio durante este período em que passam por profunda crise econômica”, analisa.

O que explica o aumento do interesse do brasileiro no exterior

De acordo com os especialistas, o aumento expressivo na demanda pela internacionalização dos investimentos aqui no Brasil ocorreu principalmente após o fim do pleito eleitoral em 2022.

O sentimento, segundo eles, ganhou força ainda mais nas últimas semanas com as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros integrantes do governo sobre revisão de metas de inflação e do atual patamar da taxa básica de juros da economia, a Selic.

A discussão embute um risco a mais para o investidor, que teme entre outras coisas, aumento da carga tributária e o desequilíbrio fiscal do País, confirma Alberini.

“Ainda mais em um ambiente [político e econômico] polarizado como o atual, a diversificação geográfica sempre se torna uma alternativa de gestão de portfólio”, diz.

Ele lembra que, se a taxa de juros no Brasil sobe, por exemplo, influenciará todos os ativos de um investidor cujo patrimônio está concentrado apenas em Brasil.

“Se você tem apenas ações e títulos públicos atrelados à inflação, você vai ter todos os seus ativos correndo o mesmo nível de risco de taxa de juros”, detalha. “Se o real tem valorização ou desvalorização, você acaba pegando somente um único movimento de um único país”, finaliza.

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.