Banco Inter: patrocinador do SPFC impressiona na bolsa enquanto time lidera o Brasileirão

"Feliz coincidência", liderança do clube no campeonato também auxilia na exposição da marca e gera valor

Paula Zogbi

(Divulgação)

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SÃO PAULO – Primeira fintech a abrir capital na bolsa de valores brasileira, o Banco Inter e sua ação BIDI4 vêm apresentando alta consistente neste mês – mantendo-se entre as maiores valorizações da bolsa de valores desde o final de julho. Só em agosto, a alta acumulada é de 47,24%. Coincidentemente, agosto também foi o mês em que o São Paulo Futebol Clube, patrocinado pelo banco, assumiu a liderança da tabela do Campeonato Brasileiro, o mais assistido do país.

Segundo Alexandre Riccio de Oliveira, vice-presidente e diretor de Relações com Investidores do banco, essa exposição na televisão não tem relação direta com a alta da ação, mas definitivamente é boa para a empresa. “Achamos super positivo [o patrocínio], traz uma credibilidade diferenciada e é uma das nossas principais campanhas de marketing agora”, comenta o executivo.

Mas o otimismo dos investidores tem outros motivos. Parte deles relacionados à própria natureza de uma fintech. “Somos um negócio que ainda apresenta padrão de crescimento exponencial”, opina Riccio. “A maioria das empresas da bolsa brasileira são tradicionais, com pouco potencial de ampliação rápida”. Por isso, ele observa, sem divulgar números, que muitos investidores institucionais buscam a ação pensando em longo prazo.

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Também entre pessoas físicas a fintech já chama atenção. Passaram de 9.300 os investidores individuais que movimentam os papéis na bolsa de valores.  

O crescimento é sustentável?

Para um gestor que detém ações do fundo e preferiu não se identificar, a movimentação da ação tem razão de ser. Ele diz que tanto o resultado trimestral como a atuação da empresa dão sustentação à tese de que a fintech tem potencial para continuar crescendo no longo prazo e ainda há espaço para valorização do papel na bolsa. Ainda assim, a impressionante alta da ação nos últimos meses pode ser um alerta de cautela: é pouquíssimo provável que o ritmo diminua nos próximos meses.

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E não há blindagem. Na semana passada, mercado e clientes do banco se assustaram com a notícia de um vazamento de dados (como nome e CPF) de cerca de 13 mil clientes do Inter – que veio à tona na sexta-feira anterior (17). Nos cinco pregões seguintes (entre 20 e 24 de agosto), a ação viu 4 dias de queda e apenas um de alta. Mas a recuperação foi rápida: nesta semana, a ação já sobe 15,61% até quarta-feira (29).

Quanto a esse vazamento, o banco garante que foi algo pontual e não teve relação com ataques de hackers. “Acredita-se que pessoa autorizada a atuar em nossos sistemas tenha quebrado o seu dever de sigilo, sua ética profissional e as regras do nosso Código de Conduta e, após tentativa frustrada de nos extorquir, divulgou, sem autorização, algumas informações relativas a pequena parcela de nossos clientes à época”, escreveu o banco em comunicado oficial.

Para Alexandre, os investidores estão cientes da capacidade do banco de se proteger deste tipo de ameaça. “O negócio de segurança da informação é uma preocupação constante de todas as empresas de tecnologia. Estávamos preocupados [com segurança] antes, estamos hoje e estaremos no futuro”, diz o executivo. “Vamos trabalhar para que o banco seja cada vez mais robusto, porque a gente sabe que essas pessoas [hackers] também se capacitam todos os dias”, garantiu.

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Operação enxuta x acionistas felizes

Está no DNA de qualquer fintech o foco em crescimento sem cobrar mais dos clientes por isso, o que normalmente significa abrir mão do lucro nos primeiros anos de atividades. No caso do Inter, o maior diferencial é justamente oferecer serviços bancários sem cobrar tarifa alguma de seus correntistas.

Para uma empresa que precisa prestar contas a acionistas, investir tudo o que ganha em prol de crescimento poderia ser um problema. “Nos EUA é tolerado rodar alguns anos como empresa de capital aberto no vermelho”, compara Alexandre. “No Brasil, nem tanto”. Ainda assim, o resultado mais recente da empresa mostrou que fintechs podem, sim, apresentar resultados financeiros positivos.

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No segundo trimestre, o banco registrou lucro líquido de R$ 28,4 milhões, crescimento de 28% na comparação anual e 10% acima da expectativa média dos analistas que acompanham a empresa. Também neste período o S&P elevou o rating do banco em duas ocasiões, passando de brBBB- para brAA-, o que também barateou o custo do financiamento para o banco digital.

O gestor que cobre o papel também destacou como positivo o fato de o banco estar conseguindo diminuir, cada vez mais, o custo de aquisição de novos clientes. Além disso, a receita vem crescendo graças à criação de novos produtos, como a recém-lançada Poupança e o crescimento da carteira de crédito.

Em entrevista ao Valor na última segunda-feira (27), o presidente do Inter antecipou que, nos próximos dias, o banco anunciará redução na taxa de crédito imobiliário – de 10,5% para 9,5% ao ano mais TR. Isso aumentará a competitividade frente aos maiores bancos e, idealmente, ainda garantirá boa margem de lucro, graças ao financiamento barato que a empresa vem garantindo. “Queremos agora nos consolidarmos como principal banco digital no brasil – e o restante acho que vai ser consequência disso”, conclui Alexandre.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney